A visita indesejada

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Os olhos de Annabelle se abriram, e ela percebeu que estava deitada em uma maca, em um quarto completamente branco que ela conhecia muito bem. Ela estava na enfermaria.
Annabelle ainda sentia a fraqueza em seu corpo, e uma dor latejante em sua cabeça, pois provavelmente havia a machucado quando desmaiou. Mas ela não tinha mais tempo de esperar. Não aguentaria mais dois segundos naquele pequenos quarto claustrofóbico.
Levantou rapidamente, e sentiu uma tontura, porém isso não a impediu de continuar a andar até a escadaria. Sentia que sua dor piorava à cada passo, mas não parou de subir desajeitadamente a escada.
Logo, alcançou seu quarto. Entrou em silêncio, e ela pode ver Jeanny do lado de cima do seu beliche, roncando. Um sorriso surgiu no rosto pálido de Annabelle. Ela olhou ao redor, procurando alguma coisa ou alguém, ainda com medo de seu sonho, mas não havia nada. Annabelle deitou na cama, e decidiu tentar esquecer, afinal era apenas um sonho. Logo, acabou caindo no sono, e dessa vez, sem sonhos ou pesadelos.
Então, ela sentiu uma mão em seu ombro, e acordou gritando. Logo, a mão se soltou de seu ombro e se alojou em sua boca, abafando o grito e deixando-a sem ar por um instante. Quando ela parou de tentar morder, o dono da mão apareceu. Era um adolescente, provavelmente tinha uns 14 anos. Era um garoto sorridente, sendo que Annabelle conseguiu ver seu sorriso de dentes brancos perfeitos no meio da escuridão.Tinha a pele bronzeada, e grandes olhos azuis, como safiras. Seu cabelo era loiro como trigo, e curto, muito liso. Era alto, Annabele percebia isso mesmo tonta e sem ar em sua cama, e muito lindo.
Ela o olhava confusa... Seria um ladrão? Ou algo pior, talvez. Ele a encarava. Parecia estar encantado, olhava para ela com fascínio. Então, ele fez o sinal para que ela o seguisse para fora do quarto. Annabelle continuou imóvel, sendo que o garoto praticamente a arrastou para conseguir que ela se movesse. O medo corria nas veias de Annabele, estava pronta para dar outro grito, se fosse necessário. O garoto continuou a arrastando, e então Annabelle percebeu que estavam do lado de fora do orfanato.
Tinha um carro estacionado na rua. Era um Ford Anglia, disso Annabelle tinha certeza. Bom, pelo menos, havia sido um Ford Anglia algum dia. O carro estava completamente destruído. Era azul, quase um ciano, mas agora, o que sobrara da pintura eram apenas vestígios. Os vidros estavam quebrados, e haviam trepadeiras presas em duas de suas rodas. Em cima de um dos faróis, havia uma substância gelatinosa que Annabelle não tinha o mínimo interesse em saber o que era.
O garoto continuava andando na direção do carro, e entrou no banco do motorista. Annabelle ficou parada sem entender, até que o garoto a chamou e disse para ela entrar no carro. Annabelle estava atônita, e entrou no banco do passageiro, mesmo sendo a última coisa racional a se fazer. O menino a encarou, e finalmente disse alguma coisa.
-Olha, eu sei que você deve estar com muitas dúvidas, mas não tenho tempo de explicar agora. Você trouxe todas as suas coisas, como o mestre pediu?
Annabelle havia ignorado complemente o aviso lhe dado em seu sonho, afinal, ela não achava que aquilo seria real. Mas então pensou se havia algo que precisaria levar. Bom, Annabele não tinha nada que lhe importasse alguma coisa, a não ser a pulseira que Jeanny havia lhe dado, mas que já estava em seu pulso, pois sua amiga provavelmente havia colocado nela enquanto Annabelle estava na enfermaria. Então, respondendo à pergunta do garoto, ela apenas balançou a cabeça, afirmando.
O garoto deu um suspiro de alívio, e colocou a chave na ignição. Annabelle puxou a mão do garoto, e ele pulou de susto.
-Você está me sequestrando?
-Não, meu mestre lhe avisou que eu viria, então acho que isso não é um sequestro. -disse o garoto, ironicamente.
-Você não pode me levar embora sem nem mesmo me avisar sobre o que estamos fazendo... Eu posso denúncia-lo! - disse Annabelle, tentando parecer confiante em meio ao medo.
-Ok, me desculpe, mas acho que se eu lhe explicar agora, você ficaria completamente chocada e nós não temos tempo para lidar com acessos de loucura. -disse o garoto, olhando para a rua, pelo visto procurando alguém.
-Então como espera que eu confie em você? Nem sei seu nome!
-Bom, o meu nome é Nathan. E infelizmente, princesa, não tenho tempo para conquistar sua confiança nesse momento...-Nathan disse, colocando ênfase na palavra princesa -Portanto, vou ter que utilizar meios mais rápidos.
-Como assim "meios mais rápidos"? -Annabelle perguntou, confusa.
Nathan não respondeu sua pergunta. Ao invés disso, ele pegou um pequeno frasco de vidro do casaco. Pegou um pedaço de pano de outro bolso e colocou um pouco da substância. Annabelle percebeu tarde demais o que ia acontecer, o que deu tempo suficiente para Nathan colocar o pano em seu rosto, mais especificamente em seu nariz, e quando Annabelle inspirou, sua dor de cabeça aumentou consideravelmente, e seu olhos se fecharam, fazendo sua cabeça pender. Ela só conseguiu ouvir o som da partida do carro antes de cair no mundo dos sonhos.

Annabelle Riddle e a descendência do malOnde histórias criam vida. Descubra agora