O desconhecido é tão sedutor. Hoje é meu primeiro dia de aula e estou animado, mas tal sentimento não deriva da escola. Muito pelo contrário, vou para a famosa Escola Padrão. Conhece? Escola Padrão, entra burro e sai ladrão. Estou animado pois não conheço a escola, e o desconhecido me seduz.
O dia se inicia com minha mãe acordando-me, porque, se depender de despertador, eu durmo o resto da vida. Já tentei usar, não consegui, aceitei tal condição. É a vida, cara. Coloco uma roupa boa, porque precisamos ir bem vestidos no primeiro dia de qualquer coisa, a primeira impressão é a que fica. Caminho até o banheiro, sentindo aquele choque do pé quente no chão frio, e consigo ficar parecendo alguém apresentável. Caso não saiba(é obvio que você não sabe, eu não disse), tenho uma altura comum, 1, 70 m, um corpo comum, nem tão gordo e nem tão magro, um cabelo comum, franja, nem tão grande, e preto, e olhos comuns, castanhos. Sou um cara comum e discreto.
Vou à escola no carro da minha mãe, seu nome é Cassandra(tenho muita inveja de nomes brasileiros, cara). Ela me diz o de sempre:
-Procure sentar-se na frente, Brendan. - nem ela pronuncia meu nome corretamente, caso tenham essa dúvida. Não tente entender a cabeça de Dona Cassandra.
-Mãe, como você pode ser tão legal e mente aberta, mas ter essa mania de achar que filho seu tem que sentar-se na frente?
-Filho meu não precisa sentar-se na frente, você precisa sentar-se na frente. Você é tão inteligente, filho, não pode ser influenciado pelas bagunças que ocorrem no fundão.
-Não existe má influência, mãe, cada um faz o que quer. Precisa ser muito cabeça fraca para ser moldado por alguém.
-Brendan, apenas sente-se na frente.
E o silêncio permaneceu o resto da viagem.
Entro na escola e não tenho nenhum amigo para ficar conversando, então apenas sento e fico esperando chegar a hora. Viajo em pensamentos.
"Devia ter colocado aquele livro na mochila... que tédio!"(Caso queira saber, estou lendo O Lado Bom da Vida de Matthew Quick).
"Será que sobrevivo até o fim do ano? Ha ha ha"
"O tempo é algo tão estranho e belo, passa de formas diferentes, mas, uniformemente..."
"MORRI!"
"..."
"..."
"PELO AMOR DE DARWIN! Quem é essa garota?!"
Tinha minha altura, cabelo pretos, ondulados e longos, pele branca como as páginas de Harry Potter e usava óculos de grau daquele modelo da moda(estilo Pe Lanza, sabe?). Era a coisa mais bela que meus olhos já absorveram a luz refletida... ESPERA! Aquilo é um crucifixo? Aquilo é uma camiseta escrita "All we need is love"? Uma cristã que acredita na poetização do amor... Nada é perfeito pelo jeito.
Ela se aproximou, e o jeito como se vestia me chamou a atenção, jeans de um número maior que o ideal, camiseta larga e all star, parecia não importar-se em como a veriam, não achei bonito, mas me agradou.
-Oi, sozinho e abandonado pela sociedade também?
ELA FALOU COMIGO! MEU NEWTON, QUE VOZ BELA E ENCANTADORA! E como ela se aproximou de maneira tão extrovertida, uma qualidade nunca tive nem terei. Calma Brendan, respira, basta ser legal e gentil.
-É... Pois é...
QUE MERDA DE RESPOSTA FOI ESSA? Oh, seu animal! Melhore na próxima!
-Posso sentar contigo? Sua áurea é tão linda.
ELA ME ELOGIOU! Espera... "Sua áurea é tão linda"... QUE?! Mas que papinho de pessoal que aplaude o pôr do Sol é esse? Calma, campeão, ela ainda é encantadora, vocês dois seriam uma ótima combinação química.
-Ahn... obrigado. Mas, o que seria uma áurea?
-Uma força espiritual que rodeia todo ser humano.
-Sim, entendo. Mas como podê ver a minha?
-Não vi, seu bobo, tais coisas não se veem, apenas se sentem, e nem se explicam, como o amor. Sua áurea me agradou, por isso vim falar contigo.
-Na realidade o amor se explica, é apenas o nosso instinto de preservar a espécie agindo. Constituir uma família e cuidar dela é uma das melhores maneiras de mantê-la, por isso nosso corpo produz e expele hormônios que nos fazem "amar".
-Esses humanos pensam que sabem das coisas. Somos razão, não deveríamos tentar entender e, muito menos, explicar a emoção.
-Interessante tal ponto de vista... - falei com a voz baixa e pensativa.
-Você será um bom amigo. - a garota disse sorrindo. - Mas, para começar, preciso saber seu nome.
NÃO. NÃO, NÃO, NÃO. Essa hora estava demorando tanto que eu tinha até esquecido que ela chega.
-Bren-den. - disse devagar e com o R inglês.
-Brendan... Brendan... - ela parecia absorver essa obra prima da nomenclatura. - Precisaremos de um apelido para você, gringo, pois não vou ficar falando "Brenden" a todo momento, ninguém merece palavras inglesas em nosso vocabulário, e muito menos falarei "Brendan", como esse povo "patriota" deve fazer. Escreve-se "Brendan", não?
-Sim. - Dei um risinho tímido. - Ninguém merece essa influência do inglês no português mesmo. Mas então, qual o seu nome e em qual apelido pensa?
-Daniela, mas prefiro meu apelido D-A-N-N-Y, - ela soletrou - Danny. - disse concluindo. - E tenha muita calma nessa hora, lord. É necessário uma amizade maior que um diálogo para definir isso. Não sabia que tais coisas vêm do coração?
-Do coração vêm e vão muitos litros de sangue, que eu saiba. Apelido vir do músculo cardíaco? Primeira vez que ouço falar sobre isso.
-Você não tem jeito mesmo, Stephen Hawking. - Ela disse aquilo como aquelas pessoas que não vivem sem a chatice do outro reclamam do mesmo. E isso gerou uma bela de uma explosão química em meu interior.
Éramos como dois polos de um imã. Carga positiva e carga negativa. Totalmente opostos. Mas com um poder de atração enorme.
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Crescente - Fases Lunares
RomantikComo pode uma pessoa mudar tanto? Como alguém pode ser tão manipulado? Mudamos a partir de outras pessoas ou pode ser uma atitude só nossa? Brendan vê sua vida, sua rotina e sua visão mudada a partir de uma garota. Ele precisa se integrar ao seu mun...