18 de junho de 1996
Era manhã de Primavera, a mamãe estava preparando o café da manhã, ovos, bacon e um suco de laranja peneirado do jeito que eu gostava de beber, papai estava vendo o jornal da manhã que falava sobre alguns acidentes que haviam ocorrido na noite passada, um deles falava sobre 2 homens que dirigiram bêbedos pela madrugada e isso teve como resultado o carro amassado e os dois presos por dirigirem embriagados, Ryan e Joe, os mais novos estavam correndo pela sala de jantar sem preocupações.
_Ryan, Joe, não corram pela sala, vão se machucar... Mel pode me ajudar por favor ? - Eu estava com os fones de ouvido e com a musica Last Night emergindo pela minha cabeça, olhei para cima e vi que Amanda, minha mãe, estava olhando para mim como se tivesse me pedido algo importante, imediatamente tirei os fones e a encarei tentando compreender sua expressão até que finalmente resolvi desistir, não tinha como saber o que aquela expressão significava
_ Okay desisto, o que você quer ?
_ O que eu quero ? Mel você é a irmã mais velha, poderia me ajudar pelo menos um pouco ? - Ela havia tirado a mão da frigideira com aquela expressão que parecia que queria jogar a frigideira na minha cabeça - Ryan e Joe estão correndo feito loucos na sala, poderia trazê-los aqui para a mesa por favor?
_ Eu posso fazer isso, mas só se você me der um bom motivo para te ajudar
_ Um bom motivo? Sério? Mel você não tem mais 2 aninhos de idade, já tem quase 14 anos o seu motivo eu vou dar nas suas partes traseiras daqui a pouco agora vá pegar seus irmãos
_ Okay, okay... você ganhou .... Mas olha só, seu café da manhã já era - Balanço a cabeça em direção a fumaça que saia da frigideira.
_ Melissa!! - Amanda gritou antes de jogar a frigideira rapidamente dentro da pia e ligar a torneira, ela estava com os ombros levantados até o momento em que se virou e me encarou com um olhar de fúria explícito nos olhos - Vá agora pegar os seus irmãos - Foi a única coisa que ela disse depois de virar novamente para a pia e começar a esfregar furiosamente a frigideira com uma esponja de aço.
Aproveitei aquele momento para sair ligeiramente de perto dela, arrisco um olhar para trás rápido esperando que ela esteja olhando para trás ainda com fúria, mas ela simplesmente estava colocando novos ovos na frigideira recém lavada como se nada tivesse acontecido.
Vou em direção a janela da sala, do lado de fora algo me chama a atenção, há um idoso parado no meio da rua, ele estava olhando para a nossa casa, especialmente para a janela onde ficava o quarto de mamãe. Me aproximo da janela lentamente deixando o sol clarear meu rosto, coloco uma de minhas mãos na janela e então a outra e a abro, coloco minha cabeça para fora e vejo que ele aponta para o quarto de Amanda, me afasto da janela e vou em direção ao quarto onde o homem apontava.
_ Onde vai Melissa?
_ Eu só vou checar uma coisa mãe, já coloco Ryan e Joe na mesa, um segundo....
Não consegui ouvir qual foi a resposta dela, parecia que naquele momento nada importava além de descobrir o que havia naquele quarto. A porta do quarto estava entreaberta revelando a luz do sol que adentrava no quarto, lentamente fui entrando, primeiro olhando em volta e então prosseguindo em direção a janela, olhei para fora e vi que aquele senhor ainda estava lá, ele estava desesperadamente apontando para mim, não entendia o porquê, mesmo assim olhei para trás para me certificar de que não havia ninguém ali, e estava certa, o quarto estava vazio porém algo estava errado, uma sensação de que havia alguém naquele quarto percorreu meu corpo, olhei para fora mais uma vez e vi que ele ainda continuava ali apontando para o quarto de minha mãe, afastei da janela e fui investigar o quarto, não havia ninguém lá, apenas uma porta trancada atrás do guarda roupa, aquilo me intrigada um pouco. Voltei a olhar para fora e fiz um sinal dizendo que não havia nada ali, a partir daí foi tudo muito rápido quase não deu tempo de processar... ele havia apontado para a janela novamente e havia começado a mudar sua expressão, agora parecia assustado e em choque, tinha a sensação de que ele queria gritar ou algo do tipo, mas antes que pudesse fazer algo a respeito um carro o atropelou fazendo-o cair bem longe de onde estava, fiquei paralisada, meus pés pareciam dois blocos enormes e eu não tinha força para fazê-Los sair dali, em vez disso eu gritei o mais alto que pude, sem parar, apenas gritei e gritei mais e mais, a partir daquele dia nossa vida nunca mais foi a mesma ....
