Colidindo Com o Desconhecido

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Jack

Olho todo cuidado possível, mesmo que, do topo dessa árvore, ele talvez não possa me ver... Me escondo entre os galhos em passos silenciosos, esperando os dragões se afastarem para que possa chegar mais perto dele. Pode ate ser que este não acredite em mim e acabe por nem me enxergar, mas não posso vacilar e ser pego espiando o garoto mais uma vez. Semana passada eu levei uma bronca do Noel pelo Banguela ter me visto... Isso mesmo, dragões podem nos ver... Bom, não nos ver, mas sentir a nossa presença.

-Prontinho garoto... Novo em folha. -Disse o garoto se levantando do chão. -Da próxima vez, tente não voar muito perto da lava ok? -O dragão tombou a cabeça para o lado. -Tudo bem, tudo bem, foi culpa minha. Haha. -Sorriu jogando os cabelos castanhos para trás.

Não sei o que eu tenho. Só de ver o sorriso lindo que ele tem, meu coração bate mais forte e me da uma vontade de sorrir junto que nem imaginam. Suspirei. Sem querer, coloquei muito peso sobre o galho onde estava sentado e ele estalou, ecoando por entre as arvores e fazendo Banguela olhar diretamente para mim com as orelhas levantadas em sinal de ameaça. Suor frio caia pela minha testa e o ar se esvaia pelos pulmões. Da ultima vez eu cheguei muito perto dele enquanto descansava e, quando o garoto se afastou, ele me atacou com uma bola de fogo, não foi muito legal -nada, pra falar a real. - e eu levei uma baita bronca dele...
Ele tinha os olhos serrados e dentes à mostra, dando um sinal de que tinha algo diferente ou errado. O dragão virou a cabeça para o lado que eu estava e rosnou, mas voltou a prestar atenção no Viking quando foi chamado.

-Uff... -Suspiro fechando os olhos. Viro mais uma vez para onde ele está e me acalmo ao ver que não me olhava mais.

Eu não posso ficar. -Repito na minha cabeça.

No segundo em que me movo um pouco, o domador de dragões vira o rosto e olha para onde eu estava sentado com olhos curiosos e até meio desconfiados. Juro, eu congelei... Sem piadinhas. Parecia que ele não podia me ver mas ainda sim olhava diretamente para meus olhos e se aproximava da árvore, até que tocou seu tronco.

-Olá? -Gritou. -Tem alguem aí? -Me escondi mais entre os galhos. -Não tenha medo, não irei te machucar. Fico silêncio.

Ele Sorri, desta vez mostrando os dentes e assobia para Banguela. Aí Droga, ele vai subir... Pego um pouco de impulso no galho e dou um salto, voando para o mais longe que podia, mas ele era persistente de mais e logo começou a me seguir.

Banguela, por ter o corpo pequeno e ágil, se esquiva pelas árvores com facilidade, o que me deixava preocupado pois, logo, ele poderia me alcançar. Comecei a voar quase encostado no chão tentando fazer com que eles parassem de me seguir mas acho que não vôo tão rápido quanto os dois. Tenho que tentar dar um jeito de sumir de vista, pelo menos até abrir o portal de volta para o pólo norte. Subi novamente até estar ainda em meio às árvores mas pouco mais longe do chão.

Com jeito, e muita paciência, consegui fazer com que Banguela colidisse contra uma árvore no nosso caminho e os dois caíram. Isso! Deu certo... Espera eu acabei de fazer um dragão e um garoto baterem em uma árvore... Aí meu deus do céu.

Parei e olhei para traz... Os dois caiam como pedras e, mesmo que não fosse a tanta distância do chão, poderia machuca-los. Voltei rápido, dando o tempo perfeito para segurar o corpo pequeno do domador nos braços antes que ele fosse ao chão. Claro que não quero machucar o Banguela também e sei que não pode voar sozinho, então fiz uma nuvem fofa de neve para que ele caia em algum lugar confortável... Como parece gay falando assim.

-Feliz agora grandão? -Ele se espalhou na nuvem e colocou a língua para fora. -Haha.

Soluço ainda tinha os olhos fechados -o que não era muito estranho para mim, já que sempre via as crianças dormindo quando acompanhava um dos guardiões em seus deveres. -e nao havia se machucado nem um pouco. Deve ter apenas desmaiado com a colisão com a árvore. Seu rosto demonstrava estar mais sereno que o normal, sem aquela expressão de estar sempre preocupado -ou triste sei la. -a respiração se assemelhava a uma leve brisa de verão... Ele estava tão lindo que cheguei a ficar hipnotizado por alguns segundos.

República de Garotos ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora