Centro psiquiatrico

797 41 2
                                    

|Jennifer|
-você ficará bem querida.-minha mãe disse forçando um sorriso,que eu não retribui. Sabia que ela estava segurando o choro,e não queria vê-la triste. Por isso só disse:
-espero que sim.
Quando chegamos no centro psiquiátrico,um conjunto de prédios altos e bem formados,minha mãe pegou minha mala e abraçou-me mais uma vez.
-prometo que venho te buscar o mais rápido possível. Fica bem tá?-seu rosto já estava encharcado de lágrimas,que eu sabia que uma hora iram vir. Peguei minha mala e dei um abraço forte de despedida nela,caminhando em direção ao "inferno".Por dentro o lugar parecia mais confortável:tinha dois sofás de veludo vermelho,com duas crianças sentadas,lustres por todo o teto,e bem no centro uma recepcionista.
-bom dia,qual seu nome?-a mulher perguntou
-Jennifer Hale.
-siga-me querida. Gostaria de conhecer o lugar antes de ir para o se quarto?
"Seu quarto" soava horrível. Essa não é minha casa,nem nunca será!
-quero ir direto para o quarto.-falei,e ela sorriu educadamente,enquanto me levava por um corredor cheio de portas com números.
-130...125...121!é esse.-a moça abriu a porta,revelando um cômodo pequeno,com uma cama de solteiro,um armário todo sujo e algumas prateleiras desgastadas,além de uma escrivaninha cheia de coisas escritas na mesa.
-o enfermeiro já está chegando para falar com você tudo bem?-antes que eu pudesse responder a mulher bateu à porta. Ótimo,sozinha num quarto sombrio e ainda tendo que esperar um enfermeiro estranho. Realmente,é tudo que sonhei. Me joguei na cama sentindo-me desabar por dentro,e pela primeira em vez,em três semanas,me permiti chorar. Chorei por tudo,pela minha mãe,por mim,até pelo idiota do meu pai eu chorei,mesmo que ele não merecesse......
Lá pelas tantas peguei no sono,e acordei com alguém batendo na porta:
-bom dia,posso entrar?-um garoto com roupa de médico entrou no quarto com uma prancheta na mão.
-já entrou,né.-resmunguei sentando na cama
-você é Jennifer Hale,não é?eu sou Daniel,um dos enfermeiros,e vim aqui para conversar com você.
Hein?!
-então Jennifer...-ele sentou-se do meu lado e abriu numa folha em branco na prancheta-me conte como veio para cá.
Fiquei calada,deixando claro para aquele estranho que nós não éramos amigos e eu não iria m abrir com ele,mas o garoto pareceu nem se importar. Só continuou me olhando,com olhos azuis claros maravilhosos.
-hum...vejo que você é tímida. Não tem problema,pode falar quando se sentir segura.
Virei a cara e comecei a admirar a paisagem que se via da pequena janelinha do quarto.
-quer saber?esquece a prancheta.-Daniel colocou tudo que segurava do seu lado,e olhou para mim novamente.-os outros não precisam saber sobre o que conversamos,não acha?
Continuei sem olhar para ele,mas ouvindo.
-quer dizer,somos um estabelecimento de respeito,não de fofocas,imagine só....daqui a pouco vão instalar câmeras no banheiro. "Super fofoca,uma enfermeira deixa um sabonete cair na privada"-Daniel ironizou fazendo voz de jornalista. Não pude deixar de rir.
-viu?sabia que no final acabaria arrancando uma risada de você!
-câmeras no banheiro?sério?
-vai que acontece né......o mundo tá tão maluco hoje em dia.-com isso,ri mais ainda e ele riu também.
-bom Jennifer,nosso papo foi ótimo,mesmo que não tenha tido papo nenhum-Daniel riu da própria piada-mas tenho que ir. Amanhã eu volto e conversamos mais ok?e até lá quero ver esse sorriso lindo no rosto!
Ouvi bem,ou ele falou que o meu sorriso é lindo?
-até mais raio de sol!-fechou a porta.
{...}
No resto do dia eu não consegui pensar em nada que não fosse Daniel e no que ele disse sobre o que sorriso. Como um garoto,que parecia ter a minha idade,é enfermeiro assim tão jovem?ele deve ser muito bom no que faz. Surpreendi a mim mesma quando me vi perguntando se ele tinha namorada,e me repreendi. Eu tinha acabado de conhecer o garoto,e nós nem sequer éramos amigos,pensar aquilo era idiotice.
Virei-me para o lado e voltei a dormir,inexplicavelmente animada para encontrar Daniel amanhã.

Sala 121Onde histórias criam vida. Descubra agora