Definitivamente,eu minto muito mal.

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|Jennifer|
-temperatura....ok,batimentos....ok, pulso...ok. Está tudo bem com ela.
Eu estava novamente na maca,de volta ao pesadelo. Dessa vez Daniel não estava com a mulher,ela estava sozinha mexendo nas máquinas ao meu redor. Do nada ela parou de mexer,se virou para mim sorrindo,e se sentou na cadeira do meu lado.
-o que você é?-perguntou. Ela tava falando sozinha,ou era só impressão? Resolvi continuar com os olhos fechados,para ver no que ia dar.
-nunca encontramos alguém como você, e olha que já vimos de tudo...-falou,a voz enjoada ecoando pela sala.
-mas tem algo em você....diferente. Entende isso né?
Porra,ela esperava que eu respondesse?
-não sei o que Daniel vê em você,mas se vê deve ser importante.
Eu deveria responder a isso?
Senti ela injetar algo no meu braço,e em seguida uma dor aguda. Quase gritei.
-boa noite,Jennifer.-e em seguida eu apaguei.
{...}
Novamente acordei aos gritos. Será que essa merda não vai parar de me atormentar?! Olhei a janela e percebi que já era noite,e no relógio na parede marcavam 3 horas da manhã. Suspirei. Não era a primeira vez que eu acordava no meio da noite com dificuldade para dormir,acontecia quase todo dia na minha casa. Levantei,e de repente me lembrei da agulha sendo injetada no meu braço,e quando fui ver havia uma cicatriz mínima nele. Bem na região onde a agulha havia me furado.
{...}
A clínica era maior do que pensei. Bem maior. Haviam muitos quartos,e foi bem fácil achar o refeitório(parecia um refeitório né...),já que era do lado do meu quarto praticamente. As 3 horas de manhã ninguém estava acordado,obviamente,por isso não havia ninguém na sala de estar quando fui lá. Me sentei e fiquei admirando tudo,ainda maravilhada com os lustres no teto,quando percebi uma rachadura estranha na parede. Claro que eu já havia visto rachaduras antes,mas essa era diferente......não era irregular,e sim reta e grossa. Toquei nela de leve,e percebi que não era uma rachadura:era um buraco.
-Jennifer?!-dei um salto quando chamaram meu nome,e encontrei Daniel parado,me observando com o olhar desconfiado.
-o que faz acordada?
-ah....eu....eu....-as drogas das palavras não saiam!
-eu tenho insônia. As vezes.
O olhar desconfiado desapareceu,e o sorriso de sempre voltou.
-então ficou vagando pela clínica para o tempo passar?-perguntou. Podia ser impressão,mas juro que senti um toque de sarcasmo na voz dele.
-é,basicamente isso.-dei de ombros,tentando fazer com que meus braços e pernas parassem de tremer.
-quer conversar sobre isso?
A imagem da mulher falando de Daniel voltou a minha cabeça.
"Não sei o que Daniel vê em você,mas se vê,deve ser importante",ela havia dito.
-não,obrigada. Eu to bem. de verdade.
definitivamente,eu minto muito mal.

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