Capítulo 45

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Harry olhava para baixo como uma criança. Ele sorria e apoiava a mão no vidro. Eu estava evitando olhar, meu estômago dava leves solavancos e parecia que nós poderíamos cair a qualquer minuto. Eu tentei não me lembrar que eu estava em uma altura absurda e usava Harry para isso. Sua feição infantil era um deleite para mim. Eu estava satisfeito em estar em sua companhia, mesmo que as palavras de Eleanor ecoassem em minha cabeça, ele só está aqui pelo dinheiro, apenas pelo dinheiro.

- Você ouviu? - Ele empurrou meu ombro de leve. Seus olhos verdes pareciam brilhar mais que o normal. Eu neguei com a cabeça. - Estava falando que seria interessante um piquenique... - Ele voltou a olhar através do vidro. - Se você quiser, claro. - Harry disse baixo. Um jantar ao ar livre parecia uma ótima ideia. Eu iria concordar se meu celular não estivesse apitando como um louco.

Retirei o Iphone branco, que Liam insistiu para que eu o comprasse, do bolso e vi o nome brilhando em minha tela.

- Alô? - Disse meio fraco.

- Desculpe ligar assim, Louis, seu assistente me disse que você estava ocupado, mas não pude me conter. - A voz suave soou ao outro lado da linha, cheguei até realmente sorrir com a ligação.

- Está tudo bem, Stan. - Eu sorri minimamente. - Não estou tão ocupado assim. - Eu percebi a carranca de Harry, mas resolvi ignorar.

- Então, faz um tempo desde que lhe vi, podemos jantar hoje? - Eu encarei Harry por um instante. Se Eleanor não despertava intimidação em Harry por ser uma menina, e muito chata por sinal, quem sabe o estagiário boa pinta da Tomlinson INC não o fizesse.

- Jantar hoje? - Harry me olhou alarmado.

- Estou pronto pra descer, Louis. - Ele disse de uma forma grossa. Cruzou e braço e se distanciou o máximo que pode de mim.

- É, quem sabe beber algo. Você escolhe. - O garoto sorriu. Eu havia conhecido Stan dois dias depois do meu encontro com Harry no parque de diversões. Ele foi atencioso e muito receptivo comigo. Além de parecer estar um pouco mais interessado em mim do que uma pessoa normal. Eu não posso omitir que gostei dele também, mas não para corresponder a esse nível.

- Eu tinha um jantar agora. - Olhei para Harry, que revirava os olhos e batia o pé esquerdo freneticamente no chão com deboche. - Mas acho que ele foi cancelado. - Harry parou o que estava fazendo e me olhou indignado.
Nem percebi que a cabine estava novamente em terra firme. Harry saiu o mais rápido que pode e eu tentei ir atrás dele. - Te ligo mais tarde, Stan. - Desliguei antes mesmo de ouvir uma resposta. Cheguei até o carro onde Bert estava encostado conversando com Harry. Ele parecia furioso. E Bert tentava entender.

- Harry? - Me aproximei devagar, dei um olhar frio para Bert entender que eu não o queria ali. - O que houve? - Ele não me olhou.

Alguns minutos depois eu reconheci o porsche panamera preto entrando no estacionamento. Michael estava com um sorriso no rosto, mas ele se desmanchou assim que viu a feição de desgosto de Harry.

Harry entrou no banco traseiro e bateu a porta brutalmente.
Calmamente andei até a janela do motorista e olhei para Michael.

- Se você pelo menos ligar a ignição desse carro eu juro que te demito. - Ele me olhou com um sorriso debochado.

- O que espera que eu faça? - Ele olhou pelo espelho retrovisor. Harry estava olhando para a paisagem pelo vidro totalmente alheio. - Pela maneira que ele falou comigo ao telefone não me admira se ele chegar naquela casa, pegar as coisas dele e ir embora. - Michael pegou as chaves e jogou em meu peito.

- Você sabe bem que ele não pode fazer isso! - Disse vitorioso. Ele sorrateiramente abriu a porta do carro e saiu de dentro do veículo. - O que está fazendo? - Perguntei confuso

- Louis Tomlinson, pare de tentar dar o troco em Harry quando a verdade é que você quer pegar a chave desse carro e sair com ele, só vocês dois por dias e anos, lhe dando beijos apaixonados e passando a mão no cabelo liso dele, olhando para os olhos azuis mais belos que eu até duvido que alguém possa ter... - Ele sorriu sugestivo.

- Mas quem tem o cabelo liso e olhos azuis sou eu. - Eu disse confuso. Michael sorriu abertamente.

- Eu sei disso. -Ele colocou a mão em meu ombro. - Eu só repeti as coisas que Harry me disse um dia desses enquanto estávamos chegando de Doncaster e falando sobre planos futuros. - Meu olhos pareceram arder. Eu não sabia exatamente com que feição eu estava. - Falo sério. - Michael confirmou com a cabeça.

Entrei no carro e liguei a ignição.

- Até que enfim. - A voz rouca veio até a frente do carro. - Eu não aguento mais olhar para a cara do Louis. - Ele achava que Michael estava aqui? - Você não tinha razão Mike, ele só me quer pra poder dizer que me tem. - Sua voz parecia quebrada. Triste, um pouco decepcionada. - Ele apenas quer arrebentar meu coração, assim como eu fiz com o dele, e eu espero que ele não repare nunca que ele está conseguindo isso. - Olhei pelo espelho. Harry ainda não havia percebido. Ele mirava a paisagem de sua janela como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Seu semblante era triste e isso me devastou. - E agora ele vai jantar com algum boa pinta chamado Stan, um cara rico e idiota que com certeza não merece o Louis. - Ele pareceu finalizar. - Eu só queria ter coragem para lhe dizer que eu... - Fechei meus olhos para o que viria a seguir. - Eu... - Ele pareceu pensar e repensar. - Eu o amo. - Freei o carro bruscamente. Harry se impulsionou um pouco pra frente. - Porra, Mike, o que você...? - Antes que ele pudesse dizer algo eu pulei para o banco de trás. Os olhos de Harry se arregalaram ao me ver.

- Oi. - Eu disse devagar. Ele sorriu sem graça. Segurei seu rosto, massageado sua bochecha com meu polegar.

Me aproximei e pressionei meus lábios contra os dele. Um selinho suave e cheio, talvez até banhado em segundas intenções.

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