Sacrifício Iminente

Capítulo #13

   Vou recuperando meus sentidos aos poucos, já estranhando o fato de ainda estar viva, temendo o que talvez encontre quando eu abrir meus olhos, então sinto uma leve pontada em meu braço e levanto rapidamente. Puxo seu braço para trás enquanto o torço e forço sua cabeça contra a cama em que estava deitada.

     -Hayley! -esculto  voz de Tyler. -O que você está fazendo? Larga ele!

      Aos poucos vou notando a roupa branca do homem que estou imobilizando, ele é um médico. Me volto para Tyler que estava numa cama no canto da mesma sala que eu. 

     -O que está acontecendo? Como cheguei aqui? Onde exatamente é "aqui"?

     -Estamos na Torre. -diz Tyler verificando seu soro. -Isso é uma sala para os pacientes que chegam a Torre machucados. Depois que deixamos você para trás, Jeremy estava desesperado para voltar para buscar você, ele me colocou em suas costas e durante todo o percusso, ele me carregou sozinho e Stella nos acompanhava, quando chegamos aqui, tanto ele como Stella estavam esgotados, mas na hora que entramos na Torre, Jeremy correu de volta para a floresta. -abaixo a cabeça visualizando a cena. -Ele foi atrás de você, Hayley, ele voltou por você. Stella ficou comigo, momentos depois escultamos uma grande explosão. -flashback voltam em minha cabeça quando lembro da explosão que causei e matei a equipe do estado Norte. -Algum tempo depois, ele voltou com você nos braços, ambos sujos com uma camada escura na pele. 

     -A quanto tempo estou aqui?

     -Faz menos de 5 minutos, eu acho. -diz Tyler. 

     -A senhorita precisa de cuidados médicas, deixe-me cuidar de seus ferimentos. -diz o enfermeiro que eu imobilizei.

      -Onde estão os outros? -pergunto observando os vários cortes em meu corpo.

      -Os ficais da Torre estão tentando matar a Stella. -olho espantada para Tyler. -Você sabe, só pode sair vivo da floresta a equipe vencedora. Jeremy está tetando argumentar com os fiscais nesse momento para que a deixe-a viver.

     Saio correndo do quarto ignorando os chamados e fico na frente da porta do quarto, tento me localizar mas não faço ideia de onde estou. Droga! Volto para o quarto e encurralo o enfermeiro na parede, pego um bisturi em cima de uma mesa e aproximo-o de sua garganta. 

     -Vou perguntar apenas uma vez. -digo rangendo os dentes. -E eu espero que a próxima coisa que saia da sua boca, seja um lugar de onde estão meus amigos.

     -Salão principal. -diz o enfermeiro tentando afastar seu pescoço da lamina. 

     -Como chego lá?

     -Siga pelo corredor a direita, dobre duas vezes a esquerda e uma para a direita. -diz ele.

     Saio correndo seguindo as instruções dele, começo a perceber que ele falou a verdade quando começo a escultar algumas vozes mais a frente. Chego a um grande salão, estou no andar acima e tem 2 escadas grandes que me levam até eles. Tem uma fileira de 5 fiscais, escondo o bisturi e vou ao encontro deles. Desço as escadas correndo indo em direção a eles, Jeremy grita com os fiscais.

     -Jeremy! -grito. 

     Ele é despertado pela minha voz e me procura por cima dos ombros dos fiscais.  Corro e fico entre os fiscais e Jeremy que está com a Stella em seu lado.

     -Não temos tempo para perder com isso. -diz um fiscal, me viro para ficar de frente com ele. -Tome isso e você vai morrer rápido e sem dor. -ele estende uma pilula roxa.

     -Ela não vai tomar nada. -digo entre dentes. 

     -A regra diz que só a equipe vencedora sobrevive. -argumenta ele.

     -Se não fosse ela, não teríamos uma equipe vencedora. 

     -A senhorita não tem autoridade para... -começa ele.

     -Eu sou a vencedora do torneio desse ano. -estou gritando. -E possivelmente serei a futura líder do estado Central. Um estado para o qual você serve. -retiro o bisturi que escondia. -Matei muita gente pra chegar aqui. Não me importo de matar você e quem mais tiver alguma coisa contra a minha vontade. -sei que eles são soldados e devem ser mais treinados do que eu, mas obviamente, estou com muita mais raiva que todos eles juntos.

     -Vamos abrir uma exceção. -diz uma voz em cima da escada em que eu estava, pelo seu uniforme diferente, deduzo que ele deve ser o líder dos fiscais da Torre. -A garota sobrevive. Está bom pra você Sra. Sttoth? 

     -Está. -digo observando sua postura impecável com seus cabelos escuros bem penteados. 

     -Depois disso. -diz Stella. -Se eu fosse vocês, tomaria cuidado, vocês tentaram me matar, duas vezes, talvez aja volta. Seria uma pena se vocês fossem acordados com uma faca presa nos seus olhos. -diz ela sorrindo.

     -Muito bem. -digo me voltando para Stella e Jeremy. -Vamos. 

     Ficou decidido que Stella voltaria para seu estado. Faz exatamente um dia desde que chegamos na Torre, embora Tyler não esteja totalmente curado, ele está melhor que antes. Estamos no terraço da Torre, tem um helicóptero pronto para nos levar para casa. Stella já foi levada pela manhã. Estamos apenas o piloto, Jeremy e eu, esperamos o Tyler. 

     -Você voltou pra me buscar? -digo de cabeça baixa para o Jeremy. Ele olha o piloto a alguns metros de distância de nós dois. -Porque? 

     -Você é minha parceira, não podia deixar você morrendo. -diz ele mexendo em sua jaqueta. -E eu fiz bem, quando cheguei, você estava desmaiada, quase sendo beijada pelas chamas, você fez um belo estrago ali.

     -O motivo foi simplesmente: você é minha parceira? -pergunto

     -Você sabe que gosto de você, me recuso a deixar você para trás novamente. Não consegui te salvar naquele dia com os caras do estado Mediterrâneo. Aquilo era o mínimo que eu podia fazer. -diz Jeremy cruzando os braços. 

     -Eu não pretendo ter um relacionamento por um bom tempo. Não quero que meus filhos tenham que participar da Academia e se submeter ao sorteio que talvez o tragam para esse lugar, também não quero fadar um homem à uma vida sem filhos. Não até que isso mude o que talvez nunca aconteça. 

     -Eu só quero que... -ele insiste.

     -Vamos dar esse assunto aqui por encerrado. -digo. -Não daríamos certo, Jeremy,  agradeço por você ter salvo minha vida mas essa minha escolha não vai mudar. 

     -Como você quiser. -diz ele abaixando a cabeça, Tyler chega no terraço, somos obrigados a subir no helicóptero. 

     Seguimos  o resto da viagem sem conversar. Também não estou no clima. Nunca tinha andado de helicóptero antes, e é bem mais veloz que o carro. Chegamos em casa em alguns minutos, estou começando a ver a casas que formam nosso estado. Transbordaria de felicidade em ver que estou perto de casa se não fosse pela visão do meu lar em chamas, tem casas pegando fogo, bombas explodindo em algumas ruas. Fico sem ar. Mas o que está acontecendo ali?