Capítulo XV

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Hugo Weasley e Lorcan Scamander se encaravam sem reação. Uma parte do Weasley queria ir até a irmã e perguntar a ela o que tinha acontecido, porém, a outra desejava ira até a casa dos Potter e consolar Lilian, de maneira que seus olhos não desgrudavam da lareira em que ele viu a prima desaparecer a alguns segundos atrás.

– O que você acha que aconteceu? – O Weasley questionou com a voz baixa. Lorcan o encarou com um sarcasmo que não era do seu feitio.

– Elas brigaram, idiota. – Ele respondeu azedo. – Você não vai ver como sua irmã está?

Hugo suspirou e passou as mãos pelos cabelos.

– Eu vou ver o que houve com ela. – Ele decidiu por fim, caminhando em direção as escadas e sendo seguido por Lorcan.

Os soluços de Rose Weasley poderiam ser escutados do corredor, mas ela não estava se importando. Tudo o que ela queria era que aquela dor, aquele sentimento de culpa, passasse. E chorar todas as lágrimas que pudesse talvez fossem uma boa idéia.

– O que você escondeu de mim Rose? – A voz da prima ecoou em seu subconsciente.

– Que Hugo terminou com Lysander por não saber se gostava dela ou de você.

A Weasley julgou nunca ser capaz de esquecer o olhar que Potter lhe lançou depois daquela revelação. A figura tranqüila e abestalhada de Lilian se transformou. Ela ficou furiosa, querendo de todas as maneiras compreender o que a Weasley tinha feito. E quando Rose disse que ouviu a conversa de Hugo e Lysander no dia em que terminaram, ela explodiu.

– Você sabia que eu o amava! Você não podia ter feito isso comigo, Rose! – Lilian bradou encarando a prima com uma fúria que não era característica dela. – Isso foi baixo, foi desumano! Você devia ter me contado!

A Weasley tentou se explicar apesar das lágrimas que escorriam livremente pelo seu rosto, mas mesmo assim a prima a encarava de forma impassível. Aquilo era imperdoável, e Rose sabia bem disso.

– Eu sei Lil's, mas eu não queria que você se machucasse. Hugo ainda é uma criança e...

– Uma criança?! – Potter interrompeu as palavras entrecortadas da prima. – O problema é esse Rose. Você e sua mãe ainda acham que o Hugo é um bebê! E ele não é! É por isso que você não me contou não é?

– Lil's, por favor, não seja absurda. Eu só queria proteger você. – A Weasley tentou mais uma vez.

– Me proteger?! Você não me protegeu, Rose. – Ela disse se movimentando em direção a saída do quarto. – Você só complicou a minha vida. E estragou tudo!

Em seguida, a Potter girou a maçaneta da porta e a abriu. Weasley permanecia petrificada no mesmo lugar, sem acreditar no que estava acontecendo. Antes de sair, a Potter lançou um único olhar na direção da prima, daquela que ela acreditava ser o seu porto seguro. Um olhar cheio de tristeza, mas acima de tudo, cheio de decepção.

– Eu pensei que nós fossemos amigas.

E aquela frase permanecia martelando em sua cabeça, mesmo agora, deitada em sua cama encarando o teto, incapaz de conter as lágrimas.

Ela tinha bagunçado a sua vida: tinha um pai que adorava empurrar o afilhado estranho para cima dela, um falso namorado que ela havia beijado e não sabia o que sentia por ele e, como se não bastasse, tinha brigado com Lilian. Ela sabia que deveria ter contado a prima, mas ela não queria que Potter se machucasse caso Hugo escolhesse Lysander. Ela não tinha muitas pessoas com quem contar e não queria perder a melhor amiga. Mas tinha perdido.

– Isso é pra você aprender a parar de se preocupar com os outros, idiota. – Ela se repreendeu em voz alta tentando controlar as lágrimas. – Queria evitar que Lilian sofresse e agora adivinha só? Quem está sofrendo sou eu.

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