Capítulo 07

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"De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada."

- William Shakespeare

Abri os olhos.

Eu estava em uma casa, ou achava – minha visão ainda estava turva –, mas eu tinha certeza absoluta de que nunca tinha estado naquele lugar. Estava deitada em um sofá e ao tentar levantar quase gritei de dor novamente. Senti meu tornozelo direito queimar.

Ouvi passos e imediatamente fechei os olhos com força. O medo me tomou por completo novamente.

- Eu sei que você está acordada – a mesma voz masculinha disse.

Engoli em seco.

- Não me machuque! – implorei ainda de olhos fechados.

Ele gargalhou.

- Não sou eu que quero te machucar Helenna – ele disse – Eu te salvei, lembra?

O estranho sentou a meus pés no sofá. Eu não sabia se acreditava ou não nele. Eu conhecia aquela voz, ela me trazia uma estranha calma.

E como ele sabia meu nome?

Abri os olhos e vi quem eu menos esperava.

- Thiago? – sussurrei com o coração saltando.

Ele sorriu, mas não era o sorriso de covinhas que eu tanto amava.

- O que aconteceu com você? – ele perguntou.

Olhei nos olhos dele, me perdendo levemente.

- Não sei – respondi quando, finalmente, consegui raciocinar.

Ele sorriu e suas covinhas apareceram.

- Para uma nerd você atrai bastante confusão, não é?

Eu não achei graça naquela brincadeira, mas não pude me impedir de sorrir para ele.

- Então, que lugar é esse? – perguntei depois de alguns minutos.

Ele desviou o olhar para o meu tornozelo – para fazer um curativo – e pela primeira vez eu vi como ele estava. Era horrível, como se tivessem queimado a minha perna em brasas e depois esfregado ela em pedras.

- Eu e meu pai construímos essa cabana quando eu era criança.
Thiago olhou para mim, prendendo meu olhar.

- Por que você está me olhando? – ele perguntou mostrando as covinhas novamente.

- Nada – respondi de imediato – só é estranho.

Sua expressão se fechou um pouco.

- O quê?

Eu não sei de onde veio aquela coragem, mas eu disse:

- Eu estudo com você há três anos e você nunca falou comigo, só na biblioteca para pedir informações, então por que você me salvou?

Olhei para minhas mãos, com vergonha demais para olhá-lo nos olhos.

- Sinceramente? – ele disse – Não sei.

- Não sabe por que nunca falou comigo ou não sabe por que me salvou? – sussurrei.

Ele suspirou.

- Os dois, eu acho.

Levantei a cabeça e ele me encarava.

- O que foi? – perguntei, sorrindo levemente.

Sentenciada - Triologia EscolhasOnde histórias criam vida. Descubra agora