"De todas as paixões baixas, o medo é a mais amaldiçoada."
- William Shakespeare
Abri os olhos.
Eu estava em uma casa, ou achava – minha visão ainda estava turva –, mas eu tinha certeza absoluta de que nunca tinha estado naquele lugar. Estava deitada em um sofá e ao tentar levantar quase gritei de dor novamente. Senti meu tornozelo direito queimar.
Ouvi passos e imediatamente fechei os olhos com força. O medo me tomou por completo novamente.
- Eu sei que você está acordada – a mesma voz masculinha disse.
Engoli em seco.
- Não me machuque! – implorei ainda de olhos fechados.
Ele gargalhou.
- Não sou eu que quero te machucar Helenna – ele disse – Eu te salvei, lembra?
O estranho sentou a meus pés no sofá. Eu não sabia se acreditava ou não nele. Eu conhecia aquela voz, ela me trazia uma estranha calma.
E como ele sabia meu nome?
Abri os olhos e vi quem eu menos esperava.
- Thiago? – sussurrei com o coração saltando.
Ele sorriu, mas não era o sorriso de covinhas que eu tanto amava.
- O que aconteceu com você? – ele perguntou.
Olhei nos olhos dele, me perdendo levemente.
- Não sei – respondi quando, finalmente, consegui raciocinar.
Ele sorriu e suas covinhas apareceram.
- Para uma nerd você atrai bastante confusão, não é?
Eu não achei graça naquela brincadeira, mas não pude me impedir de sorrir para ele.
- Então, que lugar é esse? – perguntei depois de alguns minutos.
Ele desviou o olhar para o meu tornozelo – para fazer um curativo – e pela primeira vez eu vi como ele estava. Era horrível, como se tivessem queimado a minha perna em brasas e depois esfregado ela em pedras.
- Eu e meu pai construímos essa cabana quando eu era criança.
Thiago olhou para mim, prendendo meu olhar.- Por que você está me olhando? – ele perguntou mostrando as covinhas novamente.
- Nada – respondi de imediato – só é estranho.
Sua expressão se fechou um pouco.
- O quê?
Eu não sei de onde veio aquela coragem, mas eu disse:
- Eu estudo com você há três anos e você nunca falou comigo, só na biblioteca para pedir informações, então por que você me salvou?
Olhei para minhas mãos, com vergonha demais para olhá-lo nos olhos.
- Sinceramente? – ele disse – Não sei.
- Não sabe por que nunca falou comigo ou não sabe por que me salvou? – sussurrei.
Ele suspirou.
- Os dois, eu acho.
Levantei a cabeça e ele me encarava.
- O que foi? – perguntei, sorrindo levemente.
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Sentenciada - Triologia Escolhas
FantasíaHelenna Sampaio sempre foi uma garota decidida e inteligente, apaixonada pela vida e pelos pais, que passou por coisas que uma criança nunca deveria passar. Perdeu a fé nos outros e em si mesma, caiu em uma dor profunda e esqueceu-se do real signifi...