Capitulo 01 - Part. 02

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Em passos largos, com os meus saltos colidindo de contra o piso polido, eu atravesso o saguão da Diamonds.

Quão prazeroso pra mim é estar aqui, mesmo que em meio a dezenas de pessoas que circulam todos os dias por este lugar, eu gosto desta sensação de paz que sua decoração me traz.

É agradável ser recebida pelo astro rei, majestoso, imponente, atravessando as grandes janelas em vidros clareando todo saguão gerando luz natural ao lugar o deixando ainda mais com um ar sofisticado.

Perfeito.

Em um espaço mais reservado fora criado uma sala de espera, onde estão dois sofás em couro escuro de dois e três lugares em volto de uma mesa de centro em formato de triângulo em seu material requintado em cristal. 

Suas paredes brancas, além de dar ao ambiente um ar mais clássico, trazem belas molduras de pintores renomeados.

Grandes e bonitas luminárias pendem do telhado amparados por um forro em madeira escuro similar a um modelo colonial. Tudo fora perfeitamente decorado com o que há de melhor para receber um seleto grupo de clientes da companhia.

Eu era apenas uma jovem recém formada em administração cheia de vigor, pronta para enfrentar as dificuldades de se ingressar no mercado de trabalho, e foram muitas entrevistas sem sucesso eu já estava desanimada de tanto ouvir "Não é o que nós estamos procurando no momento."
Eu não entendia o porquê tanta recusa, mas sempre acreditei  que nada acontece por acaso, tudo está escrito e é isso que me move a continuar, o que é era pra mim já estava preparado eu só precisava encontra-lo, e eu o encontrei, foi algo ainda melhor do que eu esperava, nunca passara em minha cabeça fazer parte do quadro dos funcionários de uma empresa com o porte da Diamonds.

Talvez em uma concorrente que estivesse iniciando sua trajetória empresarial, algo ínfimo, mas a Diamonds que cotidianamente lhe é encaminhado centenas de currículos com diversos candidatos, formados em cursos variados, realmente fora um presente dos céus.  

Sou grata a Diana por ter me conseguido uma entrevista para um cargo tão concorrido com a sua amiga, e ser contratada fora uma grande vitória.

Desde o primeiro dia em que eu pisei os meus pés aqui observei que não passava só de um espaço divergente de tudo o quê eu já vira antes, a majestosa Diamonds não é somente um lugar bonito, requintado com um único propósito, acumular fortuna, ela é aconchegante e receptiva.

Caminho por entre os clientes e funcionários que estão concentrados em suas ocupações enquanto caminham cada um para o seu destino inerte em seus pensamentos.

Eu vou em direção a recepção onde vejo as minhas colegas de trabalho Ellen e Melissa em uma conversa descontraída com Marta, uma das recepcionistas mais antiga da empresa, uma mulher negra de mais ou menos cinquenta anos, corpo magro, pele e cabelos bem cuidados, bendita melanina, Marta quase não possui rugas.

-Bom dia, Marta, essas duas - com o dedo indicador indico de uma para outra. - Já estão te importunando a essa hora da manhã? - rio enquanto eu me aproximo.

Marta é uma mulher simpática e sempre educada com todos, a sua alegria ilumina a recepção e contagia a todos que dela se aproxima.

-Bom dia, Gabi. - a senhora de lábios pintados com batom em um tom de vermelho fogo me recebe com o seu costumeiro sorriso hospitaleiro. - Vocês nunca me importuna, pelo contrário, eu gosto desse bate papo rápido que temos todas as manhãs - acaricia minha mão que descansa por sobre o balcão. Rio amistoso.

-Ah, finalmente. - Ellen que encontrava-se de costas gira o seu corpo sobre os saltos  voltando a sua atenção para mim e com as mãos sobre a cintura em seu modo autoritário questiona. - Poso saber o motivo da demora? 

-Bom dia pra você também, Ellen. - digo com um tom cínico na voz provocando-lhe.

-Bom dia, amiga. - antes que ela se aproximasse, Melissa toma a sua frente, me cumprimenta acenando com a cabeça, um contato curto, não é muito adepta a demostrações de afeto em público.

-Você sabe, o trânsito em São Paulo não é o dos melhores. - digo ao me aproximar dela e lhe cumprimentar com um forte abraço amistoso.

-Realmente, este trânsito está cada vez mais caótico. - Ellen concorda retribuindo o carinho.

-Vocês acreditam, hoje eu levei uma hora a mais para chegar até aqui? E mesmo levantando mais cedo, correndo contra o tempo, eu cheguei em cima da hora. - completo.

-E eu pensei que fosse aquela lata velha que Johnatan insiste em chamar de carro que houvesse enguiçado mais uma vez. - Ellen diz com um sorriso debochado dançando em seus lábios. Eu não entendo qual é o seu problema.

-Melissa! - Mel mais uma vez  repreende a nossa amiga que passara dos limites.

-Não se preocupe, amiga, eu já estou acostumada com as brincadeiras de Mel. -rio amarelo com o canto da boca. Eu sei que ela não faz por mal, mas acho que ela não se dá conta de que as suas palavras muitas das vezes machucam.

-Uma brincadeira muito da sem graça por sinal. - ela lhe lança um olhar mortífero.

-Ah, qual é, Mel, só foi uma brincadeirinha de nada. - ri irônico.

-Bom, eu preciso ir, meninas, ou eu vou me atrasar. Tchau, Marta, até mais. - eu me despeço da mulher que inicia os seus afazeres, aceno para Tênia e July, suas companheiras.

-Tchau, meninas, bom trabalho. - Marta se despede.

Seguimos para o elevador com Mel tagarelando em nossos ouvidos.

-Gente, eu só fiz uma brincadeira, vocês não vão ficar com raiva por esta bobagem, não é?

Claro que não, nós já estamos acostumadas com seu humor ácido, mas não posso negar que adoro vê-la desesperada por nossa atenção só para que ela dê valor a nossa amizade e aprenda que nem sempre ela pode dizer o que pensa.

-Meninas, falem comigo. Olha Gabi, me desculpe, eu...

-Cala a boca, Melissa. - dissemos em uníssono. Nos entre olhamos e em seguida rimos.

- Suas idiotas. -  esbraveja. - Isso não tem graça.

-Ah, tem sim, ver sua expressão de desespero foi impagável. - Mel diz e em seguida rimos ainda mais a deixando furiosa.

(...)

O elevador para em meu andar, me despeço das minhas amigas, mas antes ouço Mel dizer:

-Almoça conosco hoje?

-Infelizmente eu não vou poder, estou repleta de coisas pra fazer, ficará para a próxima. - ela faz um bico manhoso.

-Tudo bem, está perdoada, você fica nos devendo essa. - dá uma piscadela malandra me fazendo sorrir.

-Está bem. Bom trabalho, meninas. - digo.

-Pra você também, Gabi. - a porta do elevador se fecha, eu saio a
caminho da minha sala.

Aquilo que machuca outro não é brincadeira, não tem graça. Sejamos mais tolerantes, não faça com os outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você.

Não se deixe humilhar para manter em sua vida pessoas tóxicas. O amor vem acompanhado de respeito.

Espero que tenham gostado no nosso capítulo de hoje. 😍

Tenham todos um abençoado início de semana! 😘

Até o próximo capítulo.

A Tentação (Completo no Dreame)Onde histórias criam vida. Descubra agora