Chorem comigo

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Nada mais é como aqueles tempos de adolescente, não é? Hoje estamos casadas, com vários filhos ou com só um, que é solitário com a desculpa de uma vida melhor; uma vida dedicada exclusivamente para ele. Trabalhamos cinco ou seis dias por semana, para que seja preenchido o vazio de uma felicidade real.
Num domingo chuvoso, vemos no noticiário da noite que o Zayn Malik morreu com problemas respiratórios e que o funeral será terça-feira. Seu marido te olha por rápidos segundos e logo depois uma lágrima teimosa escorre por suas bochechas. Zayn era seu "marido platônico", aquele que você sempre sonhou em conhecer, abraçar, fitar os olhos cor-de-mel, enquanto ele sorria, ou simplesmente quis tirar uma foto e ter um autógrafo pra esfregar na cara de quem nunca acreditou que isso aconteceria. O jornal acaba, seu companheiro se levanta, indo pro quarto, afinal no dia seguinte existem contas pra serem resolvidas em sua empresa financeira ou clientes para serem salvos da cadeia.
   A semana passa, ninguém mais fala do menino doce que Zayn era. Você pensa "menino?". Ele não era mais um menino; era um homem casado e que parara de cantar a muitos e muitos anos atrás, e que fez você chorar quando isso aconteceu, se lembra?
   Na segunda à noite, seu marido e filho saem para o futebol e te deixam em casa. Depois de ouvir o barulho do carro deixando a garagem no andar de baixo, você corre para o quarto e tira de baixo da cama uma caixa de plástico com bolinhas coloridas. Revistas, posters, álbuns, fotos, chaveiros, camisetas, diversas cartas e bilhetes sobre a banda estavam lá. Você pega a caixa com o DVD do show e o põe junto ao corpo como uma criança levando seus livros a escola. Tão animada, tão curiosa, tão cativada pelo "desconhecido". O aparelho de DVD estava na estante e você assiste ao show novamente, lembra de músicas que estavam guardadas aquele tempo todo em sua cabeça, mas que por alguma razão nunca mais foram cantadas no banho, ou cantaroladas enquanto você lavava a louça ou cozinhava. 
    Harry se casou com uma coelhinha da Playboy, não teve filhos e produz os novos artistas para o sucesso, enquanto Liam é um pai maravilhoso, já que sua esposa morreu no parto de suas filhas gêmeas. Louis ainda é o maluco Louis. Não muda nunca, e jamais se casou. Niall se tornou um chef de cozinha e também não tem esposa, mas adotou um menino, que é a paixão de sua vida. Por alguma razão, quando você procurar isso na internet, um sorriso idiota se abrirá em seu rosto e você vai pensar nos amigos que fez no fã clube, nas brigas com os outros, de quando as músicas dos novos discos vazavam e todo mundo tinha vontade de gritar e tudo mais. Um dia tudo vai ser corrido demais e ninguém vai entender o seu choro, o seu riso ou até mesmo sua dança idiota. Espero que nesse dia você entenda que nada mais volta; tudo foi intenso quando pôde ser, mas acabou.
   Ser fã é algo engraçado, é algo intenso, é algo que te faz imaginar, e que, por alguma razão, não deve ser esquecido. Ser fã te faz feliz, te faz ser idiota, mas cada coisinha faz parte de você. Um dia, eles vão se casar, ter filhos, desmanchar a banda e você vai se lembrar de quando jurou leiloar seu rim pra poder ir no show, mas isso não aconteceu; umas estavam de castigo, outras não tinham dinheiro e algumas simplesmente se esqueceram de como aquilo nos fazia feliz. Feliz de verdade.
   Não é só uma banda, é uma partezinha de mim.

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