E agora, finalmente, esses filósofos, amadurecidos quer na teoria, quer na prática, devem tomar o leme do estado em suas inteligentes mãos. O estado ideal, insiste Platão, deve ser governado por filósofos. "A menos que os filósofos se tornem governantes, ou os governantes estudem filosofia, não terão fim os dissabores humanos." A finalidade desses governantes-filósofos é estabelecer a justiça universal entre os homens.
Lançamos até agora uma vista para a Cidade de Justiça, de Platão, do lado de fora. Penetremo-lhes as portas e vejamos que espécie de lugar é ela. Como podereis prontamente verificar, é na verdade um lugar estupendo. Primeiramente, Platão expulsou todos os poetas dessa cidade - e o próprio Platão era um dos maiores poetas! Por que tão drástica expulsão? Porque os poetas enchem nossas cabeças de histórias imaginárias e isso nos incapacita para a vida prática. Outro aspecto surpreendeste dessa cidade é a minguadíssima estima em que são tidos os homens de negócio. Os negócios, dizia Platão, são degradantes. É impossível ter êxito neles e ser honesto ao mesmo tempo. Um comerciante, portanto, é um homem digno de desprezo. Um criminoso, por outro lado, é um homem digno de piedade. Se um homem comete um crime, é porque é ignorante ou louco. Se é ignorante, deveis tentar ensiná-lo; se é louco, deveis tentar curá-lo. Em nenhuma condição, deveis puní-lo com espírito de vingança.
A doença física, como a doença mental, são devidas à ignorância. Curai os doentes e educai-os para ser sãos. Os que não podem ser curados, devem ser misericordiosamente condenados à morte.
O crime e a doença devem, pois, ser eliminados por meio duma sábia educação. A lei, outro dos males da República de Platão, deve ser eliminada por meio duma sábia legislação. Não haverá advogados na República. Onde há justiça, acredita Platão, não há necessidade de lei.
Estas são apenas algumas das características da República de Platão.