Dirigi-me à minha viatura sentindo, porém um arrepio de frio repentino. O céu tinha-se coberto de véus de nuvens baixas, em movimento continuo, formando um ambiente claustrofóbico de um cizento suave que cobria toda a povoação. Pouco depois gotas de chuva grossas das carregadas nuvens trazidas, bombardeavam os vidros do meu carro. Aquela tempestade de príncipio de uma caótica manhã vinha acompanhada de um estrondo odor bafio e do brilho tenebroso refletido pelas pedras fulvas do casario.
Permaneci no carro, estacionado na rampa de acesso ao meu consultório, com os relâmpagos iluminando a minha vista momentaneamente. Poucos segundos depois, os trovões começaram a barafustar no céu.
"Tenho de ir depressa" - murmurei para mim mesma estando sozinha neste momento, abri a porta do carro.
Uma rabanada de vento repentina invadiu-me completamente, levantei a gola do meu casaco fino preto e corri até à porta do meu consultório, vendo um clarão de mais um relâmpago e ouvi outro trovão.
Parei por momentos em cima do tapete da entrada, ensopada e com o cabelo colado à cara devido à mistura de este grande temporal.
"Parece o fim do mundo!" - Exclamei quando entrei no interior daquela casa sendo recebida por Malc, o meu secretário que dava o seu melhor em tudo o que o competia.
Organizei a minha vida e neste momento, faço parte de um agrupamento escolar em que sou a Diretora do cargo de Psicologia. Como o trabalho é sempre pouco para mim, como o meu pai me diz, resolvi abrir um consultório de psicologia dedicado apenas às pessoas que se encontram na prisão com problemas graves psicológicos, psicologia criminal, sendo especifica.
"Alguma novidade para hoje?" -questionei despindo-me do meu casaco ensopado e vestindo algo mais quente que pudesse satisfazer-me, não vá eu apanhar uma gripe!
"Ligaram logo de manhãzinha da Esquadra a avisar que hoje necessitavam que lá fosse por volta das 4 pm, não me explicaram nada mais" - Avisou-me Malc enquanto me entregava uma chávena de café bem quente.
Agradeci apenas baixando a cabeça, inalando um tanto do aroma contido naquele líquido reconfortante, permaneci em pé na frente de Malc que estaria sentado na sua secretária.
"Algo importante" - Concluo.
"Ainda não sabe das notícias?" -Questionou-me alinhando as suas mãos e cruzando os dedos em frente da sua face.
"Deveria saber?" -Questionei de volta.
"Andam para aí a dizer que apanharam o assassino que matava as mulheres porque achava que tinha um poder qualquer divino" -Conteu o riso demonstrando o seu lado profissional, mesmo que fosse algo sem nexo algum, tratava-se de trabalho e havia que ter respeito.
"Não me recordo" -Murmurei tentando desrobobinar o tempo mas a minha memória era sem dúvida fraca e inconfiável.
"Não se lembra do assassinato da Rebecca Watts?" - Tentou avivar-me a memória.
"Sim, claro. Mas o assassino já não tinha sido apanhado?" - Estava 100% baralhada.
"Não, quer dizer, tinha mas não era ele. Como não tinham provas suficientes, não o puderam prender por mais tempo e voltaram às buscas mas, entretanto, conseguiram apanhar Freddie Fisher que confessou ter matado todas aquelas mulheres, não é absolutamente doentio? - Recordou-me.
"Talvez tenha orgulho naquilo que fez" - Supus.
"Realmente, quem é que mata cinco mulheres porque lhe apetece e arranja a desculpa que elas lhe pediam para morrer e depois confessa à polícia que as matou e o fazia novamente" - Comentou recebendo parte da minha atenção.
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M.D.A.A.
Fiksi Remaja"A minha vida está por um fio" ... "Eu tenho a certeza que esta noite irá ser a última" ... "Larga-me" ... "Não entendo o que me queres dizer quando me avisas para ter cuidado" ... "Continue, o seu caso interessa-me" ... Oposições, contrastes, medos...