15 anos depois.
-Vou querer um Cheeseburger com bacon, e por favor, capricha no bacon - Ele piscou- E uma salada grande.
A garçonete lançou um olhar estranho pra ele, provavelmente estranhou a combinação.
-Ah, a salada não é minha, é do esquisitão aí. - Disse Dean se referindo ao irmão que chegava depois de atender uma ligação.
-Ok senhor, mais alguma coisa? - Perguntou a garçonete.
-Duas cervejas e de sobremesa... Você? - Ele sorriu. Tentou usar aquele sorriso que faz todas as garotas da terra se derreterem, mas não pareceu funcionar muito bem, já que a garota simplesmente soltou uma risada convencida e virou as costas.
Sam riu.
- Está ficando pior a cada dia - Disse Sam dando um tapa na cabeça do irmão.
-Sammy, essa é uma das minhas melhores cantadas cara. Tem que aprender comigo. - Sam gargalhou. - 'Tá rindo do que?
-Nada não, deixa pra lá. - Disse o mais alto ainda rindo.
-Tá, quem era no telefone? - Perguntou Dean, mudando de assunto.
-Bobby. - Sam respondeu. - Disse que tem um caso bem estranho acontecendo lá. Ele acha que é um dos nossos.
-Um fim de semana de folga é pedir demais? - Disse Dean forçando um tom exausto.
Sam rolou os olhos.
-Se o Bobby ligou, é importante. Pediu para irmos ainda hoje.
Dean apenas olhou para seu irmão concordando com o mesmo, aliás, o que ele poderia fazer?
Pode não ter sido a vida que ele escolheu, mas com certeza não teria mais como se livrar disso.
O pedido chegou. A garçonete colocou os pratos e as duas garrafas na mesa e virou as costas.
Sam riu de leve.
Dean rolou os olhos.
Meia hora depois, Dean pagou a conta e foi para o estacionamento com o irmão. As coisas deles já estavam todas no carro, agora era só seguir viagem.
-O que 'tá rolando lá em Kansas mesmo? - Perguntou Dean.
-Bom, Bobby disse que tem alguma coisa acontecendo na universidade de Kansas. Tem até umas lendas locais lá dentro. Disse que quando chegarmos ele explica direito...
-Só isso? - Disse Dean não muito convencido.
-Só. - Respondeu o mais novo.
Xxx
Bobby levantou em um pulo da cadeira quando ouviu as batidas na porta. Andou rapidamente até a lá e girou a maçaneta.
Sentiu uma pontada no coração quando viu a garota em sua porta. E olha que ela não é do tipo "coração de manteiga".
Ela parecia exausta, estava com os olhos inchados, e uma postura derrotada. O sofrimento dela estava estampado em suas feições.
-Oi Bobby. - Disse ela baixinho, sorrindo de leve.
-Oi Scarlett. - Disse ele do jeito mais carinhoso que podia, ele não era muito bom nisso. - Entre, por favor. - Ele tirou a mala das mãos da garota e levou até um canto da sala.
Ele sentia pena dela, e isso a incomodava pra valer. Se tem uma coisa que ela realmente não suporta nessa vida, é que sintam pena dela.
-Eu sinto muito pelo que aconteceu com você. - Disse Bobby puxando a garota para um abraço apertado - De verdade.
Scarlett tinha 24 anos. Ela era alta , tinha cabelos vermelhos tingidos, pequenas sardas
espalhadas por sua bochechas e pelo seu nariz, e profundos olhos verdes. Ela era realmente linda.
Quando tinha 4 anos de idade, em uma noite fria de inverno, algo invadiu sua casa e levou embora de Scarlett algo que ela nunca superaria.
Ele levou a vida de sua mãe.
Foi tudo muito rápido, e mesmo ela sendo muito pequena quando isso ocorreu, é algo que ela se lembra até hoje. E nunca irá se esquecer.
O corpo de sua mãe estava jogado na cama, com vários cortes espalhados por todo lugar, mas o que lhe tirou a vida foi um em seu pescoço. O quarto estava com sangue por todo canto, o lençol branco que cobria a cama ganhou uma coloração vermelha berrante, até na parede havia respingos. O cheiro de morte estava impregnado em cada centímetro do cômodo.
Scarlett estava sozinha em casa com sua mãe, seu pai havia viajado. "Uma semana no máximo.
Estarei de volta antes de vocês sentirem minha falta." - Disse ele. Ele viajava com muita frequência, Scarlett só entendeu o porquê disso anos depois. Seu pai era caçador.
Sua família era amaldiçoada.
O Tio de Scarlett, Andy, prometeu que enquanto Jeremy, pai de Scarlett estivesse fora de casa, ele iria toda manha visitar a sobrinha e a irmã.
Naquela manhã, Scarlett fora tirada de seus sonhos pelo grito aterrorizante de Andy. Levantou em um pulo e correu até a direção do cômodo de onde o som veio. Antes de chegar no quarto, com lágrimas nos olhos e uma voz tremula Andy gritou para que Scarlett não entrasse lá, mas ela veio correndo e ele não conseguiu segura-la a tempo. Ele estava em choque, o raciocino dele congelou. Assim como seus reflexos. Quando Scarlett se deparou com aquela cena, o choque foi suficiente para traumatiza-la pelo resto da vida.
Scarlett cresceu. E com o tempo se tornou fria. Perdeu mais pessoas do que gostaria e como foi criada por uma família de caçadores, ninguém desejava que Scarlett seguisse o ramo que uma boa parte da família seguia, mas no fundo todos sabiam que isso iria acontecer de um jeito ou de outro. Ela foi criada pra isso. Desde pequena, seu tio a obrigava fazer aula de todos os tipos de lutas. Até aulas de latim ela frequentou.
Sem contar que ela queria fazer justiça com as próprias mãos. Entrou nesse mundo e jurou para si mesma que faria quem ou o que matou sua mãe pagar pelo que fez. Ela iria se vingar.
Jeremy fez a mesma coisa.
Foi atrás do demônio até seus últimos minutos de vida.
Ele conseguiu se vingar. Porem não sobreviveu para contar a história.
Scar, como era carinhosamente chamada pelo seu pai, desabou ao ver sua mãe naquele estado.
Não poderia muito bem entender o que estava acontecendo, ou o por que daquilo ter acontecido, mas a imagem de sua mãe ensanguentada não saia de sua mente até hoje.
Era uma dor que ela não desejava para ninguém, parecia que estavam rasgando seu peito igualmente fizeram com o da sua mãe. Estava cansada de ver pessoas morrendo ao seu redor, não aguentava mais essa dor que estava ficando frequente.
Ela estava cansada de ver um por um todos ao seu lado morrerem.
Só restava Andy em sua vida e mesmo tendo crescido com a convivência do tio, Scarlett se apegou muito mais a ele depois da morte de seu pai. Eles caçavam juntos, viviam juntos.
Depois de um tempo as coisas começaram a ficar incrivelmente bem. O suficiente para suspeitar. Então o destino descontente teve que fazer tudo dar errado.
É incrível como a vida vira de cabeça pra baixo quando você menos espera. Quando as coisas estão bem demais, o destino vai dar um jeito de tirar isso de você. Quando você mais precisar, ele vai te dar a ilusão de que tudo está bem, mas de repente arranca isso de você sem a menor dó.
Se é que destino existe, ele é incrivelmente sádico.
Se tem algo que Scarlett aprendeu, é que sempre vão achar um jeito de usar quem você ama contra você. Esse era o frio pensamento de uma garota de 22 anos.Flashback ON (Scarlett POV)
Mas por que essas fechaduras não abrem de uma vez? Certas coisas foram criadas pra tirar você do sério. Essa fechadura sem dúvidas é uma delas.
-Andy, quer me dar uma mãozinha aqui? - Eu disse enquanto batia na porta de leve. - Isso aqui não quer abrir de jeito nenhum.
Continue batendo até estar convencida de que o Tio não estava lá dentro.
- Por que quando mais preciso falar com ele, ele não está? - Peguei meu celular resmungando ligando para Tio Andy.
Primeiro toque.
Segundo toque.
Encostei o ouvido na porta para escutar melhor e ouvi o celular tocando dentro do quarto.
- Mas que porra?! Tio Andy! Abre essa porta agora, sei que está aí dentro! Abra! - Eu gritei largando meu celular e começando a socar a porta. Meu coração estava começando a bater bem mais forte com o susto que estava tomando, meus dedos estavam doendo, mas que se dane. - Andy! Para de palhaçada, abre logo essa porra. - Desisto! Abri minha bolsa já com um péssimo pressentimento e peguei minha pistola dourada, que obviamente, depois daquele fatídico dia da morte da minha mãe nunca mais andei desarmada, e dei um tiro na fechadura e porta com o baque se escancarou. Meus olhos rolaram o procurando pelo quarto mediano, procurando por algum sinal do meu tio e nada. Foi aí que eu me lembrei que mais cedo ele havia me dito que ia tomar um banho e abri muito receosa a porta de seu banheiro e me deparei com Andy. Ele estava largado na banheira, com um corte enorme no peito. No lado esquerdo para ser exata. O sangue dele se misturava com um pouco da água que ainda restava lá da ultima vez que ela fora usada.
Seu sangue ainda jorrava do corte.
Os olhos azuis profundos dele estavam abertos, as pupilas dele estavam enormes e o olhar dele era fixo em um lugar qualquer da parede, mas de fato ele não via nada. O brilho que Andy carregava no olhar fora substituído pelo vazio da morte.
Meus olhos queimavam, não aguento mais mortes em minha vida. É uma coisa que não dá para se acostumar, como é que se acostuma com a morte? Alguém me diz, por favor? Apesar de amar meu tio, demonstrei muita frieza ao invés de tristeza. Logo tratei de cessar minhas lágrimas e olhei para o espelho e uma frase me chamou bastante atenção;
"Você é a próxima, queridinha."
Escritas com o próprio sangue do meu tio.
Mamãe, Papai e agora Andy estavam morto, e eu seria a próxima.
A dor que me preencheu era agonizante. Nunca me sentiu tão vazia como agora. Nem quando meu pai havia morrido. Afinal ele sempre estava ausente, e quando estávamos juntos brigávamos demais. Nós tínhamos jeitos muito diferentes de enxergar as situações.
Mas com Andy era diferente! Eu amava Andy como nunca amei ninguém, era um amor paternal.
Estava morta por dentro, era assim que eu me sentia. Malditas lágrimas que insistiam em cair dos meus olhos. Ódio, era que eu estava sentindo, poderia matar qualquer um que cruzasse meu caminho nesse momento, sem nenhum dó. Só para descontar a dor que eu estava sentindo naquele momento. Mais uma perda lastimável.
Senti como se todo o peso do universo tivesse sido depositado em meus ombros, despenquei no chão. E gritei. Gritei muito, que ficaria com dor de garganta por um mês, mas não ligava para nada agora.
Considerava-me uma das pessoas mais fortes e duronas de todo o mundo, só pelo o que já passei, tinha que me considerar mesmo! Mas naquele momento, eu não dava a mínima pra isso. Chorei por horas, com a estúpida ilusão de colocar tudo o que sentia pra fora. É claro que não funcionou.
FLASHBACK OFF (SCARLETT POV OFF)
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My Sacrifice. | Supernatural.
FanfictionE quando ela achava que não havia mais esperança, Scarlett Collins viu a luz no fim do túnel na atual realidade dela como caçadora, ou melhor viu os Winchester e um homem esquisito com um sobretudo.