Five.

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POV ON - Scarlett

Acordei em lugar fechado e estava tudo escuro a não ser por uma fina faixa de luz que entrava por debaixo da porta. Tentei me localizar e não obtive sucesso, levantei-me com um pouco de dificuldade e comecei a me desesperar sentindo uma dor na cabeça e por reflexo coloquei a mão na mesma, senti algo molhado, era sangue. Arregalei meus olhos de desespero e comecei a gritar 'Socorro'. Fui até a porta e comecei a soca-lá e nada; o desespero que estou sentindo virou uma sensação de medo, aonde eu estou? Parei de gritar e agarrei meus braços sentindo um pouco de frio e comecei a ouvir uma gargalhada e uma voz feminina dizendo "Você é minha!" "Você é minha!". Agora a raiva tomou conta e corri até a porta e comecei a soca-lá novamente.

- Abra essa maldita porta! Sua desgraçada! Abra! - Gritei com todo ar que eu havia em meus pulmões.

Quando percebi que não tinha mais forças para socar ou gritar tudo começou a rodar e a gargalhada da filha da puta começou a ficar mais alta e eu comecei a ficar mais tonta e a frase se repetia várias e várias vezes "Você é minha!" Você é minha!". Parecia que aquele teto estava caindo em minha cabeça, estava ficando sem ar. Odeio lugares fechados e isso era o fim para mim. Fui cambaleando até a parede e deixei meu corpo cair lentamente até o chão, um misto da dor física com a dor mental não me deixavam raciocinar direito e fechei os olhos tampando os ouvidos me encolhendo querendo que tudo isso acabasse logo ou que o desejo de morrer tomasse conta de mim naquele momento mas fui obrigada a abrir os olhos quando uma enorme luz adentrou o cubículo escuro.

- Que merda é essa? - Semicerrei meus olhos tentando entender o que estava acontecendo e vi que era uma homem quando tomou uma forma física. Um homem muito sério, por sinal. E vestindo um sobretudo com gravata, estranho.

- Merda? Acho que não devia tratar um anjo do senhor assim.

O homem simplesmente me olhou esperando uma resposta educada - ou não. O rosto dele continuava sério, sem expressão. Não conseguia entender que tipo de mensagem ele estava querendo passar então, na mesma posição que estava antes continuei e não falei nada, deixei que ele continuasse.

- Sabe Scarlett, você tem tido muitos pesadelos ultimamente. - Ele começou a se aproximar de mim e eu a me encolher mais, se era possível. - Entendo o porque deles, não julgo ninguém. Mas se continuar nessa proporção terei que pedir ajuda aos meus irmãos. - Ele ficou a um passo de mim, se abaixou para ficar na minha altura, levantou dois dedos e os pôs em minha testa.

Meu estômago revirou em 360 e senti uma enorme vontade de botar tudo para fora mas quando olhei em volta estávamos em um bosque florido, tinha umas árvores altas bonitas e pétalas espalhadas pelo chão. Um ambiente lindo, agradável e maravilhoso para ficar e esquecer de todos os problemas. Minhas dores haviam desaparecido e  voltei minha atenção para o esquisito com casacão.

- Quem é você? E que história é essa de anjo? - Perguntei ríspida querendo saber o que estava acontecendo.

- Meu nome é Castiel. Sou um anjo do senhor, como já disse. Venho lhe vigiando a algum tempo. - Colocou as mãos para trás e olhou para o local aonde estávamos. - Gostou do bosque? Podia vir aqui algumas vezes, seria bom para você.

Vamos lá, estou sonhando, isso já entendi. Realmente, ultimamente meus pesadelos tinham ficado piores. Tenho sonhado com coisas bem obscuras que querem me levar, só Deus sabe para onde ou as vezes são demônios atrás de mim, matando todos de minha família novamente. Revivo esse pesadelo toda noite desde o primeiro ataque em minha família, é algo perturbador. Desde então não sei o que é dormir uma noite completa, mas essa história de Castiel é a primeira vez em anos. E essa coisa de me vigiar? Tudo bem que nesse período que estou vivendo seria bom alguém me vigiar, mas anjo? Nunca esbarrei com nenhum antes! Meu tio já havia me falado deles, mas sempre achei que era mito. Sabe aquela frase 'Só acredito vendo.'? Então, essa frase é meu lema! Até então nunca tinha visto nenhum, enfim para mim era só história para criança dormir.

- Como sei que você é real e não é um truque da minha mente?

- Isso - abriu os braços. - geralmente acontece nos seus sonhos?

Pensei por um instante, não que eu precisasse pensar, óbvio que não acontecia mas por que agora e não antes? Venho tendo esses pesadelos durante anos! Minha garganta se fechou com um nó e engoli o choro que estava vindo. Não queria chorar, não na frente de um anjo estranho! Senti raiva por ele não ter me 'salvado' antes, senti raiva por ele não ter salvado minha família. Porra! Ele era um anjo! Dei as costas e comecei a andar pisando firme indo para longe, andei 1 minuto e Castiel apareceu na minha frente. Pulei para trás com pequeno susto que levei.

- Saia da minha frente. - Disse doida para socar a cara dele.

- Scar...

- Não me chame de Scar!

- Perdoe-me, Scarlett. Sei que está confusa e com dúvidas. Responderei todas que estiverem ao me alcance.

Ele me fitou com aqueles olhos azuis e dessa vez vi que ele sentia pena. Pena de mim.

Desabei. Chorei. Chorei que nem criança. Caí no chão com as mãos no rosto e solucei, coloquei tudo para fora. Raiva. Tristeza. Medo. Decepção de mim mesma por estar nesse estado. Tudo junto e cuspi de uma vez só.

- Por que só apareceu agora? POR QUE? Por que não me tirou dessa angústia antes? Por que deixou que eu sofresse tanto? - Levantei os olhos e ele estava parado na mesma posição ainda me fitando com olhos de piedade em direção aos meus cheios de lágrimas e dor. - Eu não sou uma pessoa ruim, não sou, isso não pode continuar acontecendo comigo. - Continuei falando e balançando a cabeça em negação.

- Scarlett, você precisa entender que não posso fazer muito por você agora. Tive que me manter afastado por motivos importantes. Não posso estar aqui nesse momento, estou fazendo isso erradamente. Mas saiba que todas as suas perguntas terão respostas. Eu prometo que o que estou fazendo no momento é para seu bem, somente para o seu bem. Estarei lhe vigiando, de longe, mas estarei sempre com você. Você não se lembrarás disso, por agora é o certo a se fazer.

Castiel assim que terminou de falar se abaixou e pôs novamente os dois dedos em minha testa.

POV OFF - Scarlett

- Bom dia, menina!

Scar abriu os olhos lentamente e viu Bobby parado na porta do quarto com uma caneca que ela julgara ser café por causa do cheiro que invadia o recinto.

- Bom dia! - Ela respondeu com uma voz rouca se sentando na cama.

Bobby se aproximou e entregou a caneca para ela. Bingo! Café. Ela amava café. Pegou a caneca e tomou um gole.

- Dormiu bem? Você está com uma feição boa hoje. Gostei de vê-la assim! - Disse Bobby de bom humor.

Sim, Scar estava de bom humor. O por que? Ela não sabia muito bem mas estava sentindo uma energia boa, positiva que a deixava feliz.

- Estou me sentindo bem. Sonhei com um bosque bonito, um lugar de muita paz e tranquilidade... - Ficou um pouco pensativa e deu mais um gole em seu café e voltou a falar. - Acho que deve ser isso, muito tempo que não tinha um sonho tão bom assim. E ah, com certeza o café ajudou no humor. Muito obrigada, amo seu café. - Sorriu verdadeiramente para Bobby.

- Fico feliz por estar bem hoje e mais feliz ainda que o meu café ajudou. - o velho com seu boné surrado sorriu de volta e logo lembrou de dar uma recado para ruiva. - Pequena, os meninos ligaram e pediram para lhe passar este endereço disse que encontra você nesse local daqui a 1h. - Me entregou o pedaço de papel e saiu do quarto dando privacidade.

Universidade de Kansas. Avenida 21 N. 185.

"Ok. Voltar a rotina não é tão ruim." Scar pensou.

My Sacrifice. | Supernatural.Onde histórias criam vida. Descubra agora