A 2ª carta

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2ª Página

Espero que tenha encontrado a segunda carta, se alguém a encontrou, saiba que ainda estou vivo e se está lendo, que bom que você também esteja.

Não tive tempo disponível para escrever, encontrei com alguns sobreviventes e acabei levando uma surra, felizmente só queriam os meus suprimentos. Aproveito a minha pausa para descanso para poder escrever e também para cuidar do olho inchado.

Passei pelo centro de Haverhill, e está realmente uma bagunça por lá, carros no meio da rua como de costume, vitrines de lojas quebradas e portas de casas arrombadas. Os pequenos prédios e casas já demonstravam um aspecto velho, pequenas gramas já se formavam por cima do asfalto e ramificações de trepadeiras já se juntam as paredes das casas.

Passando na rua principal onde era o centro comercial, entrei dentro de uma loja de armas, sabia que não podia andar desarmado, não é a primeira vez que me roubam algo, mas é a primeira vez que apanho tanto, precisava algo novo para intimidar, algo melhor que um pedaço de madeira. Como era de se imaginar a loja toda estava saqueada, mas ás vezes as pessoas olham de maneira descuidada, no inicio de tudo, todos procuraram e ainda procuram armas de fogo, mas não dão muita atenção a outros tipos de armas. Atrás do balcão tinha um arco e dentro de uma das repartições encontrei uma faca e algumas flechas. A única coisa difícil vai ser como a usá-las

Saí da loja e continuei a caminhada, agora com o arco estava me sentindo mais protegido até que, escutei um barulho numa das lojas a minha direita, me surpreendi pela destreza e velocidade em que me escondi entre um dos carros.

Ainda não sabia como usar o arco, portanto peguei a faca, olhei para os manequins da vitrine e caminhei para frente da loja, realmente preparado para qualquer movimento vindo de dentro. Era uma loja grande com vários estandes, no qual o som do vidro sendo pisado no chão, ecoava por todo o enorme estabelecimento.

Parei em silencio para que escutasse melhor o barulho, mas o silêncio da sala me fez mudar de ideia.

Já que estava dentro da loja e aparentemente não correndo risco algum, comecei a procurar algo que poderia ser útil, principalmente por novos tênis para caminhar, os meus já estavam desgastados. Encontrei alguns sapatos caídos no chão, peguei um par que adequasse ao meu pé e resolvi sentar para dar uma conferida nos meus mantimentos, verifiquei que a água já estava quase acabando e que ainda tinha duas maçãs dentro da mochila. Peguei uma e comecei a comer ali mesmo, pois a minha barriga já pedia algo para repor as minhas energias.

Escutei um barulho novamente vindo do fundo da loja, como se alguém procurasse por algo. Me levantei da poltrona puxando a minha faca da cintura novamente, analisando o ambiente e andando em direção ao fundo da loja.

Fui caminhando calmamente passando de um corredor para o outro, abaixei o quanto pude por trás de uma das prateleiras próximo ao barulho e contei até três me virando imediatamente pronto para um contra-ataque, se necessário. 

Eram apenas filhotes de raposa que brincavam de rasgar uma calça velha e terminavam de derrubar os últimos sapatos das prateleiras. 

Sai mais tranquilo da loja, também pelo fato de estar com um novo calçado. 

Me atrevi entrar dentro de algumas casa, vi fotografias na parede, e apenas penso em quantas vidas foram interrompidas. O que mais me preocupa é a qual fim isso vai nos levar, tanto eu quanto você leitor... (Isso se você realmente existe), de novo penso se alguém realmente se preocuparia em ler algo no mundo em que estamos vivendo.

Pois bem, acho melhor finalizar por aqui, odeio escrever durante a luz de velas.

Talvez seja melhor colocar a carta em um local mais estratégico, correto? Provavelmente você tem um mapa se não morava aqui, estou indo em direção a ponte da cidade, se alguém encontrou essa página de diário poderá encontrar outra no porta luvas do primeiro carro abandonado que ver na ponte, porém tenha cuidado, para você chegar até a velha ponte Comeaux, você vai precisar atravessar a avenida principal da cidade.

Obs: Já estava quase me esquecendo, a casa que está a sua frente é um lugar seguro para se passar a noite, você vai encontrar alguns enlatados e biscoitos que venceram a poucas semanas atrás, e também uma árvore frutífera por trás da casa.

Faça bom aproveito.

***

Ao terminar a leitura, percebo que estou sentada apoiada a caixa de correspondência. Volto para a minha realidade, e vejo que o sol já está se pondo, o laranja no céu, se transforma numa obra de arte realçada pelas nuvens, e os cantos dos pássaros sinalizam o boa noite.

Rapidamente me lembro da comida na casa, e ao mesmo tempo me lembro de Sarah, deitada ao lado da árvore. 

Volto o meu olhar para a árvore, encontro as nossas mochilas, mas não a encontro deitada. 

Sinto um frio na barriga e me levanto rapidamente correndo em direção a árvore a procurando e me preparo para chamar pelo seu nome, mas antes que fizesse isso me deparo com ela saindo da floresta. 

Corro o mais rápido possível, perguntando onde ela esteve, mas nem mesmo lhe dei oportunidades para que falasse, fui logo lhe dando um abraço, e afastando das árvores. Pensei em lhe dar uma bronca, mas ela já sabe quais são as nossas regras para garantir a sobrevivência. Portanto prefiro ficar no silencio voltando para debaixo da árvore.

- Antes que você me diga algo, me desculpe, ok? – Disse ela

Não a respondi. Apenas a abracei.

Nos aproximamos da árvore e Sarah foi logo deitando, mas percebeu que não ficaríamos mais tempo por lá, pois eu já estava colocando nossas roupas dentro da mochila.

- Para onde vamos? - Disse ela com desanimo, pois achou que a caminhada continuaria.

Olhei para a casa e apontei com o dedo em direção a ela.

- Mas, Hellen, e as nossas regras de sobrevivência? - Perguntou com ar de dúvida e um pouco de ironia, pois a minutos atrás estava lembrando a ela sobre as nossas regras para nos manter vivas.

- Ás vezes algumas regras precisam ser quebradas - Dei um sorriso e peguei as duas mochilas.

Comecei a caminhar com cautela para frente da casa atravessando o mato seco e alto. Encontrei ao meu lado um pedaço de madeira, que poderia ser útil para no mínimo tentar nos defender. Posicionei a madeira para trás, e Sarah por trás de mim. Abri a porta, entrando com passo leves, pois a casa não era grande.

Passamos por um corredor frio e olhamos a cozinha, fomos até a sala, olhamos o banheiro, e os dois quartos, aliás o quarto menor provavelmente era de uma adolescente rebelde, pois tinha um pôster do green day colado na porta, retratos na parede, uma escrivaninha repleta de esmaltes escuros e um som velho do lado da cama.

Ninguém se encontrava na casa, descemos então para a cozinha e pedi para que Sarah se sentasse numa cadeira, abri um dos armários e tirei um pacote de biscoitos, ainda tivemos a sorte de encontrar uma geleia de morango, empoeirada nos fundos do armário, mas que ainda estava em ótimas condições. 

Vi os olhos da minha irmã brilharem como se não acreditasse que era possível haver uma refeição tão perfeita no final de um dia como esse. Coloquei o biscoito e a geleia sobre a mesa, e me senti satisfeita ao ver o sorriso de Sarah aparecer novamente, enquanto devorava os biscoitos.

Olhei pela janela da cozinha, e vi os últimos vestígios de sol tocarem as folhas de uma pereira, no fundo do quintal. Percebo que, neste dia não vou precisar em me preocupar com nada, pois estamos seguras e bem alimentadas.

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Fala galera, 

Tudo joia?

Pois bem, ai está mais um capitulo da minha história :)

Se gostou, por favor, dá aquela votada marota e comenta as opniões, para que eu possa melhorar e postar mais ;)


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