A casa, um pintor e a rebelde

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O fato de pensar na mamãe e no papai fez com que eu voltasse a dormir. 

O meu rosto havia ficado vermelho e anestesiado, devido posicionar o rosto na janela.

Eram cerca de 9 horas da manhã, hoje decidi que merecíamos acordar um pouco mais tarde. O sol, já batia na janela, mas a temperatura lá fora não aparentava estar tão alta como nos dias anteriores. O céu estava repleto de nuvens com uma tonalidade cinzenta, que algumas vezes escondia os raios solares. As árvores coníferas, estavam repletas de folhas, que já começavam apresentar um tom amarelado, mesmo que as folhas estavam incrivelmente iluminadas pelos raios solares, formando-se uma perfeita paisagem para se colocar em um quadro na sala de jantar. O outono já se aproximava, os pássaros cantarolavam menos em comparação aos dias passados, as folhas fracas nos galhos das árvores já começavam a cair aos arredores do quintal e o vento as carregava para longe, criando um perfeito tapete verde amarelado sob a grama alta.

Poderíamos ficar aqui por um tempo e adotar a casa como nossa moradia, mas uma de nossas regras é sempre nos manter em movimento, pois como nós encontramos essa casa outras pessoas poderiam encontrá-la, e também um dia os mantimentos da casa vão acabar não podemos simplesmente contar com as peras do quintal durante o ano todo.

- Bom dia, dorminhoca. Você demorou muito a acordar hoje! – Cumprimentei Sarah tirando os cabelos da frente do seu rosto enquanto ela ainda despertava do seu sono profundo.

Ela me retribuiu o sorriso.

- Me desculpa, não me lembrava como é bom dormir em uma cama tão macia. – Sarah disse em voz baixa, pois o seu corpo ainda terminava de se despertar.

Aparentava estar satisfeita pela noite de sono que teve. Se virou para o lado da janela e durante alguns minutos ficou a observar os poucos pássaros voando sobre as árvores. Acariciei os seus longos cabelos cacheados que sempre me lembravam um doce caramelizado.

- O que você acha que aconteceu com as pessoas que moravam aqui¿ - Perguntou Sarah, olhando para a janela sem piscar.

Olhei para a janela buscando por respostas. Foi a primeira vez que Sarah me perguntou algo do tipo, sempre foi muito reservada em relação a assuntos fortes.

- Acho que não precisamos falar sobre esse assunto. Digo, se estão vivos ou mortos.

- Deveríamos fazer nossas orações em memória dos que moravam aqui e agradecer por nos dar abrigo e comida. – Disse Sara com uma voz doce.

Ajoelhamos e fechamos os nossos olhos. A muito tempo não tinha um momento de espiritualidade, não lembrávamos da simples oração que nossa mãe nos fazia rezar todos os dias, então ao invés de orarmos fizemos apenas um minuto de silêncio para que a família estivesse bem ou que estivesse em paz.

- Eu estou com fome e você? - Me levantei com um grande sorriso e tentando motivá-la a se levantar.

Ela se espreguiçou se sentando na cama e balançou a cabeça positivamente.

- Então vamos lá. Não podemos perder tempo, pois temos muito a se fazer hoje.

- Nós já vamos embora? - Resmungou Sarah, com uma voz de piedade.

Preferia não responder essa pergunta, mas sei que não existe outra saída. Sentei de frente para ela na cama, tirei o seu cabelo da frente dos olhos novamente e disse em um tom de lamentação.

- Sarah, você conhece as nossas regras de sobrevivência. Sei que a casa é ótima, mas sabe que não podemos ficar aqui.

Ela abaixou a cabeça, porém concordou.

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⏰ Última atualização: Nov 19, 2015 ⏰

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