O meio do ano se aproximava com velocidade. Já tínhamos feito todas as provas parciais, e eu quase sempre ficava conversando com Henrique após, até o momento em que Maria o chamava de volta para casa.
Eu estava voltando a me dar bem com Luiz, mas não éramos tão intensos como antes. Era estranho falar com ele as vezes, eu quase sempre ficava triste e buscava consolo em Henrique.
Minha família havia alugado uma casa na praia para a chegada das férias, e passaríamos nossos 14 dias na praia. Eu, em pessoal, odeio a praia. Odeio tudo que contenha calor, muitas pessoas juntas, areia, sal etc. Eu fui mais para tirar fotos do mar e caminhar cedinho (que por acaso era muito relaxante).O caminho para a praia não foi longo. Morávamos num estado litorâneo, e era bem fácil ir de carro. O difícil foi toda a família ir, pois eram meus avós e meus tios, o que tornava a carga difícil.
Quando chegamos a nosso respectivo local, vimos que tínhamos bastante vizinhos, oque significava: Forró e Funk durante todo o período. Arrumamos nossas coisas na casa e demorou bastante. Mais ou menos seis horas da noite, eu acabei de arrumar minhas coisas e parei em frente o portão da casa. O vento batia muito bem no meu rosto, e dava para ouvir o som do mar. Um sorriso se formou em meu rosto instantaneamente.
Meu momento foi interrompido com o som de um carro se aproximando. Abri os olhos e vi os faróis já perto de mim. O carro parou na casa ao lado, que era bem grande. Saíram do carro um homem loiro, uma mulher morena, um menino da minha idade (que era muito bonito) e uma garotinha pequena. Uma bela família, devo dizer.
Voltei para dentro de casa e tomei um banho. Estava cansada e também suja pela arrumação da casa. Saí e vesti um short curto, e uma regata listrada. Prendi os cabelos num coque desarrumado e voltei para a varanda, que estava muito ventilada. Fechei os olhos e deixei e paz me invadir novamente. Ouvi passos vindos da casa ao lado.
- Ei. - Um sussurro de uma voz jovem masculina surgiu.
Abri os olhos. Era o filho mais velho da família que chegara.
- Hm? - Perguntei.
- Nosso freezer quebrou. Será que poderíamos colocar nosso refrigerante no seu freezer? - Ele perguntou.
- Vou ver.
Me levantei e fui para dentro perguntar para os mais velhos se podia. Estavam todos de acordo. Voltei para o lado de fora.
- Vem cá colocar. - Chamei. O menino veio e colocou seu refrigerante no freezer de casa.
Ele agradeceu e voltamos para a varanda.
- Ei - Ele chamou denovo e eu olhei pra ele - Qual o seu nome?
- Luciana. E o seu? - Perguntei pra ser educada.
- Mathias. Parece que vamos ser vizinhos por um tempo, não é? - Ele deduziu.
- Sim.
- Já que vamos passar um tempo juntos, você quer ir na praia comigo amanhã? - Ele ergueu uma sobrancelha.
- Certo, pelas seis da manhã eu saio de casa. Se quiser, vem. - Dei de ombros.
- Beleza. Valeu pelo favor aí. - Ele voltou para sua casa e eu fiquei na minha paz novamente.
No dia seguinte eu acordei cedo e tomei um banho. Vesti meu biquíni preto e uma saída de banho transparente. Quando fui para a varanda sentir o ventinho, vi Mathias sair de casa. Ele veio até mim novamente.
- Quer ir agora? Eu já estou indo. - Ele disse.
- Não sei, estou esperando minha família, mas posso pedir pra ir antes.
- Pede. - Ele fez beicinho e eu ri.
- Ok - Eu entrei.
- Mãe, eu posso ir um pouquinho antes? Vocês ainda vão demorar aí... - Pedi.
- Se você tomar cuidado, não se afastar, não conversar com estranhos... pode - Ela falou e eu sorri. Mathias era um estranho, mas tinha a minha idade, então valia.
Saí de casa dançando e ele riu.
- Parece que deixaram - Ele sorriu.
- Anham - Sorri animada.
Caminhamos até a beira do mar conversando. Ele era bem fofo e gentil. Quando chegamos eu me sentei a beira do mar e fechei os olhos. Ele se sentou também e aproveitou.
- Eu amo amo a praia, sabia? - Ele perguntou.
- Eu não. Eu gosto da ventilação. Mas da praia em si, não. - Falei.
- Ah, é? - Ele riu desafiador.
- É sim! - Eu sorri também.
- Então olha isso! - Ele me puxou e me jogou na água.
Eu o puxei junto e caímos rindo.
- Seu louco! - Eu ri.
- Eu vou fazer denovo! - Ele se levantou e correu atrás de mim. Eu joguei areia nele - Volta! - Ele riu.
Eu parei pra rir da cara dele e ele me alcançou. Ele me puxou e me colocou encima de seus ombros, não consigo imaginar como. Me debati lá de cima e ele ameaçou me jogar.
- Se você me jogar de novo, eu te mato! - Gritei.
Ele me colocou no chão e limpou os olhos, que estavam com a areia que eu tinha jogado nele.
- Bem feito. - Resmunguei fazendo bico.
- Não quer sair essa areia toda - Ele tentou sorrir ainda tentando tirar a areia.
Ótimo. Você deve ter deixado seu vizinho cego.
- Deixa eu tentar limpar? - Mordi o lábio.
- Vem - Ele chamou.
Corri pra perto dele e as ondas que se aproximavam quase me derrubaram. Mas ele me segurou pela cintura.
- Cuidado - Ele sussurrou, já que meu ouvido estava do lado da boca dele.
- Tá. Deixa eu ver esse olho aí. - Eu examinei o olho com atenção e tentei tirar com minhas unhas. Ele gemeu um pouco, mas eu consegui tirar tudo.
- Valeu. - Ele sorriu.
Pela primeira vez eu notei os olhos do Mathias. Eram azuis, da cor do céu.
Minha família se aproximou da praia e eu tive que me despedir. Antes que eu conseguisse correr ele me puxou e beijou minha bochecha.
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Eu, Luciana
AléatoireAs vezes ser jovem é difícil. Você tem que lidar com estudos, relações sociais e amorosas. Minha vida simplesmente não funcionou muito bem, ao receber seu próprio destino, porque eu não tinha mais que duas amigas, e uma média abaixo de 7,0 na escol...