Viagem

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Quando eu voltei a escola, tudo estava com um ar diferente. Eu caminhei lentamente até minha devida sala com o som de Counting On Love na cabeça. Eu entrei e joguei minhas coisas em qualquer canto e reparei que Paulo não estava na sala. Sim, ele ia começar todos os tratamentos químicos próxima semana, e abandonaria a escola. Eu tentei me contentar com a presença de diversos amigos que eu havia preservado. Mas não dá. Cada pessoa tem uma presença única, que deixa sua própria marca no mundo. A prova disso é que ninguém conseguiria cobrir a existência de qualquer amigo, nem mesmo os mais próximos. Henrique, Luiz, Mari... nenhum conseguiria cobrir a existência de qualquer pessoa, e esse é um fato presente no dia a dia.

Eu saí da sala e prendi o choro. Luiz vinha falar comigo.

- Como foram as férias? - Ele perguntou sorrindo

- Boas. Eu fiquei com um cara aí e tals - Falei indiferente

Foi estranho a forma que falei. De repente o Matt tinha perdido sua tão estimada importância. Talvez pelo fato de nunca mais vê-lo e privar-me de quaisquer tristezas. Mas ainda doía falar nele. Sim, ninguém cobriria Matt também.

- Hmmmm... pegadora, ein? - Luiz riu maliciosamente

- Ah, cala a sua boca, seu grande bocó! - Falei rindo dele

Lilian chegou correndo até mim, e pulou para meu abraço quando se aproximou. O abraço dela tinha deixado saudade também. Tudo na escola fazia saudade. Todos os amigos, todos os sonhos, todas as risadas, todas as brincadeiras... Eram oque formavam as amizades de colegial, que simplesmente desmoronariam na faculdade, deixando as maiores saudades.

Por que estou tão sentimental hoje? Credo!

- LU! - Lilian gritou ainda me abraçando, e creio que fiquei sem fôlego, pois Luiz ria descontroladamente. - EU TO MORREEEEEIIIIINDOOOO DE SAUDADES! - Ela gritou no meu ouvido

- Eu também estou! - Me ajeitei nos ombros altos dela para desviar do sufoco

Mari chegou ao longe e empurrou Lilian pro lado para me abraçar quando chegou.

- LICENÇAAAAA! - Ela berrou e me abraçou - Oque você queria me contar?

Mordi os lábios e olhei pra Luiz que já tinha uma prévia da notícia. Ele ria feliz.

- Ah, foi só que eu fiquei com um cara aí na praia - Falei. Lilian, que se levantava gritou junto com a Mari - Calma! - Ri

- COMASSIMVOCÊFICOUCOMUMCARAENÃOTINHAMEFALADOAINDA?! - *Como assim você ficou com um cara e não tinha me falado ainda?!* Mari gritou

- LUVOCÊSEMPREMEFALATUDOCOMASSIM? - *Lu, você sempre me fala tudo! Como assim?* Lilian gritou

- Foram só uns pegas, o que fortaleceu mesmo foi a amizade da gente - Ri

Henrique se aproximou e me abraçou, de forma lenta e confortável, sem precisar se jogar em cima de mim.

Indiretas? Não! Eu e Lilian somos ~maduras~, não gostamos de indiretas.

- Oi! - Ele sorriu

- E aí? - Retribuí mordendo meus lábios

Bastou esse momento e o sinal tocou. Eu e Mari fomos até a sala e eu contei os mínimos detalhes, como ela pediu.

- QUE ROMÂNTICO! - Ela gritou saltitando

- Não exagera. Nem estava tocando Thinking out Loud na hora! - Fiz biquinho, e ela revirou os olhos

- Claro, até porque a vida é perfeita e começa a tocar música assim do nada - Ela riu

As aulas fluíram bem. Eu fiz amizade com um colega meu, amigo do Rian e Carlos. Era o Manuel, um cara super palhaço da turma. Ele era legal.

O intervalo também fluiu bem, e alguns amigos do Paulo se juntaram e ligaram para ele.

Mais ou menos na quarta aula, eu, Márcio, Fernanda e Fabiana fomos chamados. Nos dirigimos até uma sala. Lá estavam Lilian, Luiz, Henrique, umas negas simpáticas da turma mais velha, e uns colegas de Lilian e Luiz. Obviamente se tratava das olimpíadas. Jeickson entrou na sala com um ar de importância e começou a falar:

- Bom, galera. Não sei s vocês lembram, mas fizeram uma prova mês passado. E eu avaliei vocês até o fim da prova. Mas, oque era essa prova, professor? Bem, era uma seletiva para a participação da competição de matemática. E, o importante é que todos aqui passaram. Eu gostei muito dos resultados. Mas quando é essa competição? No fim de outubro. Estamos no início de agosto, e faltam dois meses. Tem uma coisa importante a ser vista. A prova será no Rio de Janeiro, por isso, podem se preparar pra um gasto bom, caso queiram ir. A viagem não sai por menos de 1000 reais. Conversem com seus pais bem direitinho e conquistem eles.

Jeickson sorriu. Eu entre olhei Henrique, que também o fez. Fiz um sorriso discreto pra ele, oque o fez sorrir também.

Eu não conseguia descrever minha felicidade no momento. Eu viajaria de avião pela primeira vez, rumo a uma das coisas que eu mais amava na vida: Matemática (Não precisa me julgar, mas eu sou uma daquelas pessoas que gostam de complicações). E se, aqueles momentos na aula a tarde já eram inesquecíveis, era indecifrável demonstrar o que seria a viagem.

Voltei para a sala dançando, enquanto Márcio me fitava com um olhar de desaprovação.

Não importava! Uma coisa boa acontecia na minha vida, e nada estragaria minha felicidade. Meu aniversário se aproximava com velocidade, portanto, eram sinais do além me dizendo o quanto de bom a vida te reservava!

Eu, LucianaOnde histórias criam vida. Descubra agora