O Fantasma do Silêncio

Capítulo 1

Era alvorecer, os pássaros não cantavam, o céu chorava com o que estava prestes a acontecer e o silêncio era o único ouvido naquele momento. Uma sombra enorme se locomovia na direção do Castelo. Talvez os pássros não cantavam, pois não estavam mais alí, porque sabiam o que iria acontecer.
No alto da torre do Castelo de Jacareon, era possível visualizar o mar de escudos e lanças. O número era contável até... mil soldados, talvez dois mil se os escudeiros estivessem acompanhados de arqueiros atrás de suas defesas. Mas isso não importava, o que realmente importava era se a defesa que Brandon ordenara preparar à alguns dias que chegaram lá estivesse pronta. Se estivesse, bem... talvez teriam alguma chance, pois os números eram totalmente desproporcionais. Seus 200 soldados dourados, mais seus 40 soldados do Segundo Exército do Rei. Seu grupo, seus amigos, seus soldados. Aqueles que dariam a vida pela sua, aqueles que ficariam do seu lado mesmo que mil flechas disparassem em sua direção, soldados fortes, inteligentes, habilidosos, verdadeiros guerreiros. Ele escolhera à dedo os 40 para aquela missão, para enfrentar os temidos bruxos e feiticeiros do deserto, criaturas inimagináveis que viviam lá, lendas...
- Tudo está pronto. – Roger se aproximou dele tão silenciosamente que os ouvidos de Brandon não pode ouvir, se fosse um inimigo, Brandon já estaria morto, perdido em seus pensamentos. – A armadilha foi finalizada à poucos minutos atrás.
Era o mais alto local do castelo de Jacareon, aquela torre de vigia devia ter quarenta metros de altura, e só havia espaço para três ou quatro pessoas.
Brandon assentiu.
- Alguma ordem senhor? – ele observava o exército inimigo se aproximando aos poucos, incrédulo. – Eles estão mesmo com um bom número ein.
Mas Brandon não se expressou. Não conseguia pensar em algo, Malakhai não estava lá para ajudá-lo, pelo menos não ali agora, logo teriam uma reunião.
Eles se mantiveram ali por um bom tempo até que Brandon falou:
- Diga para que fiquem prontos até o sol se por. – Ele estava com o olhar fixado na linha de frente do exército inimigo. – Em meio dia eles devem nos alcançar, então vamos ficar prontos para receber o ataque.
Roger assentiu e ia saindo em direção às escadas quando Brandon segurou seu antebraço.
- Perdão amigo. – Lágrimas escorriam de seus olhos. – eu que te coloquei nessa. Tudo começou naquela missão que recebi, e como você sempre esteve do meu lado, eu achei que talvez não chegássemos à essa situação.
Roger abraçou Brandon com o impulso de suas lágrimas caindo.
- Você não me colocou nessa. – Ele sorria entre o ombro do amigo. – Você sabe que me chamando ou não, eu viria do mesmo jeito, então pare de se culpar e de ser pessimista. Você terá sua vingança, e eu estarei do seu lado.
Eles se soltaram e Brandon limpou as lágrimas.
Ele retornou à olhar para a sombra que estava chegando, e Roger decidiu ficar mais um pouco lá.
- O que é isso? – os batimentos de Brandon começaram à acelerar. – Não é possível...
Seus olhos observavam algo, disso Roger sabia, sabia que era o grupo de elite do exército inimigo, por estar com armaduras reluzentes prateadas, montados em cavalos brancos e muito corajosos por estarem sem elmo. Mas Roger não sabia porque Brandon entrara em desespero.
- Brandon...- Ele apoiou o ombro do amigo, mas se interrompeu.
Brandon colocou as mãos na cabeça e fechou os olhos por alguns instantes, e então virou para Roger.
- Chame Daro aqui. – Ele esava com a voz firme, demonstrava raiva, mas também calma.
Roger se virou assentindo mas foi interrompido novamente pelo antebraço.
- E peça para que ele traga meu arco. – Brandon falava com um ódio que jamais Roger viu.
- Você tem certeza? – ele sabia a história daquele arco. – pode usar o meu se quiser...
Mas não, Brandon assentiu sobre o arco, ele queria aquele, aquele de sua infância.
E Roger não discutiu, simplesmente desceu as escadas e sumiu na escuridão.
O desespero de Brandon era até pouco, pelo que acabara de ver. Ele viu um homem, uma relíquia, um fantasma.
Ele viu seu melhor amigo.