Capítulo 3

1 0 0
                                    

No Reino de Soonier existiam somente duas estações do ano: inverno e verão. Mas isso só era um nome, pois no verão era frio, mas nem tanto, e no inerno nevava, mas também era um frio suportável.
O dia estava nascendo outra vez no feudo de Andovier, uma forte luz amarela atravessava a cortina de seda transparente e iluminava o quarto todo. Havia um menino deitado numa cama de casal feita de madeira de pinheiro, seus cabelos eram louros e a pele pálida. Ouviu-se um bater na única porta do quarto e uma voz gentil e tranquilizante foi ouvida.
- Com licença senhor, mas está na hora de ir para a escola.
O menino soltou um resmungo e manteve os olhos fechados.
Passaram-se cinco minutos e a porta foi aberta com um estrondo.
- Levanta dessa cama preguiçoso! Já são seis horas!
No mesmo instante aqueles olhos foram abertos. Eles eram de um verde tão intenso que lembravam esmeraldas, sim... eram duas esmeraldas redondas!
- Tá, tá! Já levantei!
Aquela mulher robusta de um metro e sessenta de altura era sua mãe. Isso era bem notável, os olhos do menino eram réplicas dos seus. O brancon de sua pele parecia ter sido clonado, porém, os longos fios de fogo surgirem de seu crânio mostravam que os cabelos de ouro do menino foram puxados do pai.
- Toda vez eu tenho que vir te acordar, isso não é função da senhora Ana, e mesmo assim você a desrespeita!
A senhora Ana era a chefe dos empregados do castelo, mas sempre fazia algo... limpava, passava, lavava e de bom grado, ia acordar Brandon todas as manhãs de segunda à sexta. Uma mulher radiante, tinha seus 45 anos mas aparentava uma década à menos. Ficou viúva aos 40 anos quando seu amado desapareceu. Como ele vivia nos bares, ela imaginava que devia ter se metido em alguma briga. À deixou com seu filho de 8 anos Bryan, desde então ela não se comprometeu com mais ninguém.
- E toda vez eu tenho que ir para aquela escola chata! – ele retrucou irritado.
Um menino de pele parda e bem alto entrou no quarto. Ele estava com uma calça moletom cinza, uma camisa de linho branca estampada com o nome “Redmont”. Aquele devia ser o uniforme  escolar, e Redmont era o nome da escola.
- Com licença madame, Brandon irá para a escola hoje?
Brandon aparentava gostar muito daquele menino. Antes de sua mãe responder, ele já estava correndo para o banheiro.
- Acho que sim Bryan. – ela respondeu, dando de ombros. – Bom dia!
- Bom dia senhora Erilea! – ele respondeu carismático. – esse Brandon só se atrasa ein!
- O que eu posso fazer Bryan? Ele puxou a teimosia do pai. – Ela soltou um suspio.
Brandon saiu do banheiro só de cueca, seu corpo era magro e pequeno, devia pesar 40 quilos e ter 1,50 de altura, mas era bem ágil.
- Bryan, só vou me trocar e nós já vamos! – ele disse enquanto vestia a calça moletom cinza.
Ele se aprontou rapidamente, em cinco minutos já estava com seu uniforme igual ao do Bryan.
Seus cabelos de ouro eram longos, quase chegavam aos seus ombros, finos como seda e bem penteados.
- Vamos. – exclamou ele. – Estou pronto!
Antes de falar mais uma palavra, a mãe dele já estava negando com o indicador.
- Nada disso!, você nem comeu ainda!
Brandon olhou surpreso, mas aceitou a bronca de bom grade. Abaixou a cabeça e saiu andando em direção à porta do quarto.
Ele é um menino obediente, pensou Erilea. Espero que um dia seja mais inteligente que seu pai, e saiba cordenar essa cidade melhor que ele. Todos desceram as escadas e foram em direção à cozinha.
Eu não sei se podemos chamar aquela residência de castelo. Ele era bem simples, humilde! Tinha dois andares, 5 quartos, onde um era para o barão, o outro para Brandon e os outros três para os empregados, que não eram muitos.
Tinha a dona Ana, seu filho Bryan que ajudava no que pudesse, mais o carroceiro e dois guardas que dormiam lá de vez em quando. Também havia 3 banheiros, uma cozinha e uma sala de estar. Por fora era incrivelmente lindo, construído com pedras de mármore, existia duas torres de vigia, uma na parte sul do castelo e outra na parte norte.
O café da manhã era uma refeição agradável, quando chegaram na sala de estar, o Barão Charles já estava degustando dele.
- Bom dia família! – disse Charles entusiasmado. – Vamos comer essa deliciosa refeição que a dona Ana preparou para nós!
Todos responderam bom dia em coro, Brandon deu um abraço em seu pai.
- A mamãe não me disse que o senhor tinha voltado pai! – lágrimas escorriam em seu rosto.
- Ó meu filho. – disse acariciando a cabeça do Brandon. – me desculpe, eu queria fazer uma surpresa para você!
Há duas semanas atrás, o Barão Charles havia comunicado seu feudo que tinha sido convocado para uma reunião com o Rei Davi junto com os outros barões do reino Soonier para discutirem sobre impostos atrasados.
Mas ele tinha dito algo diferente para Brandon, ele fora convocado para discutirem uma ameaça dos Temujens, guerreiros do reino vizinho chamado Temujo.
Segundo o que o Barão Charles sabia, a notícia era que o feudo Vendavan havia sido atacado pelos Temujens e que em breve eles iam atacar o feudo mais próximo daquele, e esse feudo era Andovier.
- Mas pai! – ele ainda estava chorando. – Ocorreu tudo bem lá?
O barão olhou ao redor da mesa, ninguém estava comendo ainda, todos prestavam atenção na cena.
- Sim filho. – sua voz estava trêmula. – Porque você não come e, quando voltar da escola nós conversamos?
Brandon aceitou a proposta, começou a passar manteiga no ão e se servir de um pouco de café com leite.
Então todos começaram à se servir e à comer.
A refeição estava deliciosa, mas o clima estava tenso. Somente Bryan com sua simpatia foi capaz de “quebrar o gelo”.
-E então gente, - ele olhava para todos na mesa. – Vocês não acham que esse café com leite está delicioso?  Obrigado mãe.
Todos afirmaram com a cabeça.
Brandon afirmou mais de uma vez.
Ana estaa sorrindo, amava seu filho, seus olhos negros e intensos o lembravam seu pai.
- Obrigada gente. – ainda estava sorrindo. – acho que já está na hora de ir para a escola não acham? – Completou sorrindo para os dois garotos.
Os dois meninos cruzaram o olhar e afirmaram com a cabeça. Em três segundos eles correram em direção à porta da sala de estar com as mochilas nas costas.
Antes de saírem do castelo, foram interormpidos pelo barão.
- Tomem cuidado. – ele olhava seriamente para os dois. – Na hora de ir embora, voltem depressa para casa, e evitem os becos.
Brandon abraçou novamente o pai.
- Mas, porque pai?
O barão abraçou fortemente os dois garotos na sua frente.
- Só façam isso.
E então ele os soltou. Os dois garotos saíram andando em direção ao centro da vila, onde ficava a única escola, Redmont.
Brandon olhou para trás depois de alguns metros percorridos e não mais avistou os olhos castanhos de seu pai.

O Fantasma do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora