Capítulo 4

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Capítulo 4
Era cedo, o sol tinha acabado de se expor ao mundo, não se ouvia cantos de pássaros, correntezas de rios ou a chuva de Andovier, somente o assobio frio e atormentado do Deserto Yaggui.
Não foi difícil para Brandon guiar seu pequeno grupo até lá. Alguns poucos quilômetros do acampamento aonde estavam ao norte da Floresta Rnace, começava a aparecer aquele chão dourado.
Garanto que nenhum soldado se apressou para pisar naquelas areias. Enquanto caminhavam para alcançar aquele território, sussuros de lendas e mistérios sobre o Deserto Yaggui e principalmente sobre o povo que fazim parte dele rodeavam Brandon.
“Dizem que eles comem carne humana”, “Existem monstros neste deserto, maiores que o sol!”. O mais aceitável de todos, “Eles são chamados de ladrões de corpos, pois quem tenta atravessar seu deserto, nunca chega ao outro lado”. Aquilo estava deixando os soldados amedrontados, alguma ação deveria ser tomada.
- Preciso que todos me escutem. – Brandon disse, parando de andar. – Porque são tão medrosos? São só pessoas!
Todos ficaram em silêncio, mas um arqueiro lá do fndo se expressou. Louis, sim... era o nome dele. Tinha cabelos longos iguais aos de Brandon, mas eram negros e sua pele era parda. Olhos castanhos escuros que eram bem atentos, aqueles eram olhos que enxergava o invisível.
- Pessos? – sua voz estava seca. – Pessoas não comem outras, pessoas não matam outras só por passar por seu território.
Coiado dele, era o melhor arqueiro do bando, depois de Roger, é claro.
Tinha um pensamento tão pequeno, era bom em rastreamento segundo o Tenente Jorge, e mais pra frente em sua jornada, Brandon também presenciou isso.
- Arqueiro Louis. – ele gritou. – quem te disse isso? Como você sbe disso? Já viu algum deles comendo uma pessoa? – Brandon o deixou refletindo por um tempo. – Não acredite em lendas, elas sugam sua coragem e te deixam indefeso.
Novamente o único som que ressoou foi o silêncio.
- Eu entendo que vocês estejam temendo o desafio que teremos pela frente. – sua voz reconfortava os ouvintes. – mas eu penso que não é o povo do deserto quem assassina os viajantes, mas sim o próprio deserto, com sua natureza e impetuosidade.
Roger estava ao seu lado quando ele se manifestou, e afirmou com a cabeça.
Seu pensamento era o mesmo, acostumados ao frio de Soonier, entrar naquela região os deixariam loucos. E, esse seria somente um dos “poderes” do deserto para expulsar os intrusos.
- Pessoal... – ele começou com calma. – Vamos continuar o trajeto, não podemos voltar atrás agora. A missão já foi aceitar, e todos vocês concordaram em obedecer s ordens do soldado Brandon, vamos ter calma para voltarmos para casa.
Todos concordaram num urro de esperança e continuaram a caminhar.
O grupo já estava caminhando à duas horas naquele mar de areia, subindo e descendo dunas, caindo e levantando.
- Aonde estão essas pessoas? – disse um espadachin com a pele rachada de calor. – eu preciso d água, todos precisamos!
O Deserto Yaggui era cruel, e a cada segundo que se passava, Brandon ia percebendo que a sua perspectiva sobre o porque de as pessoas nunca chegarem ao feudo Jacareon pelo deserto ia se tornando realidade.
Aquele lugar era malígno, causava raiva às pessoas, em breve Brandon não conseguiria mais manter o controle sobre aqueles soldados. Toda água que eles trouxeram se foi à meia hora atrás, o calor era intenso, nunca antes experimentado por nenhum deles, e no pensamento Brandon soube que logo logo o pior iria chegar.
- Calma pessoal! - nem a voz dele trazia confiança. - a aldeira dos Yuggianos logo aparecerá e teremos água.
Quanto mais caminhavam naquele deserto, mais suas mentes borbulhavam, o calor era insuportável e inevitável, não existia mais saliva em sua boca, e então um barulho atormentou todos.
- Que barulho é esse? - perguntou Roger, se aproximando de Brandon com seu arco em mãos.
Era um som agudo, fino... parecia um grito de um bebe, mas um grito vindo de centenas de quilômetros, e acompanhado do grito, ouvia-se um rastejar, como quando você esfrega a lixa na espada.
- Eu disse. - um lanceiro no meio do grupo disse calmamente. - é um monstro do deserto. Eu avisei.
O caos tomou conta do grupo, quem estava deitado, levantou. Quem estava morto, renasceu. Pessoas comerem outras podia até ser verdade, mas monstros? O que seriam monstros do deserto? Bom... Brandon não precisou imaginar por tanto tempo, logo soube o que era.
Todos estavam atentos e armados, tinham parado de caminhar. Arqueiros estavam com as flechas prontas nos arcos, lanceiros com as çanças levantadas, e espadachins com suas espadas e escudos em mãos, menos Brandon... ele não tinha levado seu escudo nessa viagem, na hora pensou que era um peso desnecessário, agora se arrepende e avaliou que vai ser muito necessário.
O monstro do deserto lembrava uma centopéia, mas era 10000 vezes maior, aquele grito de neném era do monstro, sua boca, pelo menos eu acho que era a boca pois não tinha dentes, quando aberta ressoava aquele som ensurdecedor, sua pele era fina, da cor da areia e seus olhos eram minúsculos, quase não visíveis.
- Soldados! - ordenou Brandon. - formem um círculo, arqueiros no centro, um espadachin com cada arqueiro e os lanceiros fazem a linha de frente junto com os escudeiros!
Por isso Brandon escolheu especificamente aqueles 40 homens para viajar com ele no meio de 500, eles eram leais e obedeciam ordens sem questionamento, ele sabia disso porque a maioria tinha feito parte de sua vida no exército.
O monstro não teve pressa em atacá-los. Ele era inteligente, pensou numa estratégia de ataque e avançou. Ele investiu contra o lado oeste do círculo, os lanceiros sem serem amedrontados, mantiveram a posição de defesa com os pés e as lanças no ar. Mas só isso não bastou, cravaram três lanças de dois metros na cabeça do monstro e isso não o parou. Foram jogados 5 lanceiros ao ar e mais dois espadachins, Brandon estava do outro lado da formação quando isso aconteceu e não pôde fazer nada.
Os soldados se levantaram sem muitos ferimentos mas estavam desarmados, somente com as adagas curtas que traziam nas suas bainhas.
Roger estava do seu lado.
- O que vamos fazer? - sua voz estava trêmula. - precisamos de uma estratégia. Se ficarmos somente nos defendendo, aos poucos caíremos.
- Realmente. - Brandon afirmou. - esse monstro é muito resistente, nossas lanças não afetarão em nada.
Brandon foi ao centro do círculo. - Atenção arqueiros! - ele ergueu a espada e apontou para o monstro que estava à 40 metros de distância. - Eu quero que mirem na cabeça do monstro quando ele vier nos atacar. Se dermos sorte o enfraqueceremos e ele cairá.
Um urro foi gritado e olhos erguidos, novamente o monstro estava vindo. No mesmo instante todos os arqueiros, inclusive Roger mirou no monstro, à uma ordem de Brandon todos soltaram as cordas.
- Agora!
A criatura estava à 20 metros de distância e todas as 10 flechas chegaram ao seu objetivo, porém, não deve nem ter feito cócegas no monstro.
Mais alguns poucos lanceiros foram jogados ao chão, o monstro atravessou o círculo levando o que via pela frente.
- De novo! - gritou Brandon.
E de novo o monstro avançou, a ordem foi dada e todos atiraram as flechas na cabeça do monstro, menos Roger.
- O que você está fazendo? - Brandon estava nervoso.
- Esperando. - respondeu Roger, calmamente.
- Como assim? - Brandon já estava levantando a espada.
- Isso. - Ele soltou a corda enquanto sorria sombriamente.
O monstro estava à 5 metros dos lanceiros, à 7 metros de Roger mais ou menos.
A flecha percorreu o caminho lentamente, o tempo parecia ter parado, e então atingiu a fera.
No começo Brandon não entendeu porque o monstro desviou o caminho e entrou embaixo da areia no último metro para atingir os lanceiros.
Mas então viu o olhar de Roger percorrer o deserto e a criatura reapareceu à 70 metros do grupo. Aquele olhar era de felicidade.
- Consegui. - Roger soltou um suspiro.
- Como assim? - Brandon estava confuso. - o que aconteceu?
Então Louis surgiu ao seu lado.
- Você não viu? - E então apontou para a criatura. - Roger acertou uma flecha num dos olhos da criatura.
Brandon olhou para Roger e ele estava rindo. No mesmo instante a criatura começou a se mover.
- Bom trabalho. - Brandon pegou a espada e apontou para a criatura. - Quero que todos os arqueiros mirem no olhos  esquerdo do monstro, vamos segá-lo!
E novamente aquele urro foi ouvido, mas estava mais alto, mais confiante, mais esperançoso.
A criatura avançou na direção do grupo e antes dos 50 metros de distância os arqueiros já começaram a atirar flechas, todas acertavam, menos o olhos. Mas quando a criatura estava à 10 metros, 3 flechas acertaram o olho esquerdo, mas ela continuou.
- Ele não parou. - gritou um soldado.
A formação foi desfeita, os lanceiros tiveram medo e saíram da formação, a criatura ia direto na direção de Louis quando uma espada foi desembainhada.
- Brandon! - gritou Roger. - Não!
Mas já era tarde, Brandon estava indo em direção ao monstro.
No instante em que a criatura ia esmagá-lo, ele cravou sua espada na sua cabeça e começou a escalá-la, utilizando a espada para ponto apoio para subir. Brandon foi escalando a criatura, ela já estava fora do círculo do grupo, já havia percorrido alguns metros. Ela se contorcia bastante, isso dificultou muito a sua escalada.
Quando Brandon chegou ao topo da cabeça do monstr, ele já estava a mais de 80 metros do grupo, e então começou à penetrar sua espada, colocava e tirava , o sangue da fera era verde, ele parecia um mineiro perfurando uma mina.
Foi cansativo, ele "cavou" um metro e meio da cabeça do monstro do deserto até matá-lo, e então desmaiou e caiu no chão.
Era noite no Deserto Yaggui.
Estava tudo balançando, Brandon estava zonzo, o mundo girava, ele estava montado em algum tipo de animal amarelo...
- Aon... aonde estou? - pergntou com a voz cansada.
Um homem segurava as rédeas do animal la do chão
- Descanse viajante. - A voz era bondosa. - Descanse.
Brandon olhou para o céu e enxergou as estrelas, dois segundos depois elas sumiram e só restou a escuridão.

O Fantasma do SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora