Capitulo 2

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Se minha noite já havia sido um tédio, minha manhã prometia ser ainda pior. Acordei às sete e meia, tomei um banho quente e comi pão com geleia, lembrando com saudade das habilidades culinárias de Charlie.

Quando cheguei à Revigori, todos estavam rindo e fazendo piadas, mas o ambiente caiu em silêncio ao me ver. Não é que eu seja brava, até sou um pouco atrapalhada, mas acredito que o ambiente de trabalho deve ser levado a sério.

Na verdade, eu era a "xerife" do escritório, como me chamavam nas piadas. E eu sabia disso porque as fofocas voam rápido por aqui.

Dirigi-me ao meu escritório e, para meu desgosto, quem estava na minha frente? Sim, o senhor Macollin. Meu dia tinha que começar assim?

— Bom dia, senhorita Katherine — cumprimentou ele educadamente, enquanto eu organizava minhas coisas.

— Bom dia, senhor Macollin. Deseja algo?

— Vou ficar alguns dias em Santa Catarina. Você poderia encontrar um apartamento para mim?

— Aluguel? — perguntei, e ele sorriu de maneira insincera.

— Você acha que eu pago aluguel? Compre um apartamento no seu residencial.

— Por que quer ser meu vizinho? — Não entendia a necessidade de ser no meu prédio.

— Porque, quando eu voltar ao Rio, você cuidará do apartamento. Assim, toda vez que eu vier, terei um lugar para ficar.

— Entendi.

— Agora, honre seu salário e trabalhe! — disse ele, virando-se e saindo pela porta.

Que homem arrogante. Será que sua mãe nunca o educou? Tomara que meus funcionários não tenham visto isso. Eu estava furiosa. A vontade de socar aquele rosto bonito era grande. Ops, bonito? Que ideia era essa? A partir daquele momento, eu o detestava.

[...]
Pela manhã, fiz os novos contratos com a Revigori. O relacionamento com a Red Carpey estava indo bem. Wesley, que frequentemente vinha ao meu escritório para discutir o site da marca, finalmente me convidou para almoçar.

— Então, o poderoso chefão vai voltar? — Wesley estava incrédulo. E, sim, Wesley era um gay muito desinibido.

— Nem me lembre daquele brutamontes!

— Acho que você quis dizer "baita homem" — retrucou ele, com um tom sarcástico.

Era o que me faltava agora: Wesley interessado em Macollin. Bem, talvez o homem também seja da mesma "fruta". Mas seria muito engraçado.

— Você já saiu da sua rígida dieta? — perguntei, mudando de assunto.

— Não quero ficar magro, quero ficar atlético, igual a você, Katherine!

— Igual a mim? — Questionei, surpresa.

— Você é incrivelmente atlética e pratica ioga. Tem um corpo de deusa!

Se eu estava corada? Comparar-me com um tomate seria uma descrição precisa!

— Chega de me elogiar, antes que eu comece a achar que você virou hetero!

— Eca, gosto de homens, lindos e sarados!

— Ok, Wesley, nada de palavras explícitas, por favor!

— Tenha paciência, Katherine. Sou uma mulher e você está me matando com suas descrições.

— Bem, vou voltar para o escritório para pegar minhas coisas — disse, levantando-me.

Ele ficou com uma expressão de bobo.

— Vai para o escritório ou está indo atrás do bonitão?

— Wesley!!!

Eu não esperava por isso. Wesley achava que eu estava atrás de homens, especialmente brutamontes!

Bem, uma vez eu tentei algo com um homem, Jason, mas ele revelou ser gay apenas quando eu tentei algo mais sério.

— Tchau, Wesley.

Virei-me e fui para a Revigori. No hall de entrada, vi Margarete conversando com o poderoso chefão. As mulheres ficavam agitadas quando um homem bonito e novo chegava. Ao me notar, Margarete ajeitou-se de maneira afetada.

Macollin entrou no elevador exatamente quando eu estava prestes a sair.

— Fecha, fecha, fecha! — pensei desesperada. Infelizmente, ele entrou.

Não queria companhia... ou queria? Pare de ser interessada, Katherine! Foi meu subconsciente falando comigo? Será que o "gatão" estava ali?

— Bom dia, senhorita Katherine.

Não respondi, apenas fixei meu olhar nas minhas botas. Não daria a ele a satisfação de notar minha presença.

— Katherine! Algum problema? — Que cinismo!

Óbvio que havia um problema. Eu estava no elevador com um chefe desagradável, mas, ainda assim, um "gostoso".

— Não, senhor!

— Já comprou meu apartamento?

— Não tive tempo ainda, você me pediu hoje de manhã.

— Então resolva isso esta tarde!

Estúpido, arrogante, insuportável. Poderia continuar a lista, mas deixei para lá.

— Ok.

O elevador chegou ao meu andar e eu percebi que ele me seguiu. Quando saí, vi que ele tinha deixado um celular na mesa.

— Deseja algo? — perguntei, irritada.

— Deixei meu celular aqui e vim buscá-lo.

Vi o celular na mesa e me perguntei como ele poderia entrar sem avisar. Mas, como dono, ele podia fazer isso. Ainda assim, odiava homens assim: controladores e invasivos.

Querido Chefe Onde histórias criam vida. Descubra agora