O Sonho

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Ele continua rindo mas quando chega uma curva ele se cala, quando eu presto atenção eu vejo a caçamba de um caminhão que tomou a pista deitado vir em nossa direção. Eu me calo na hora e aperto Simon com toda a força quando ele tenta desviar, mas a caçamba continua vindo em nossa direção...

Então tudo apaga...

Eu não sinto mais nada...

*********

Eu não sinto nada apenas vejo e ouço. Eu vejo e ouço imagens de quando a bolsa da tia Abby estourou, do pedido de casamento na fogueira, da carta, da nossa chegada, da faculdade, das festas na faculdade, do tempo que eu passava com Pedro no Studio de Tatuagem dele, de quando conhecemos Barbara, de quando eu e Jace formamos na escola, de como nos aproximamos, de como nos conhecemos, da minha decisão de ir para o Colégio Interno, do tempo que Pedro cuidou de mim depois do aborto. Então tudo apaga.

Eu sinto uma leveza indescritível, sinto meus corpo flutuar, mas é como se alguma coisa faltasse, como se eu estivesse vazia, oca... Eu ouço minhas respiração... Então eu estou viva... certo? Então tudo começa a brilhar ferindo meus olhos que estavam fechados e um barulho toma minha mente.

Pi... Pi... Pi... Pi... Pi... Pi... Pi...

Eu vejo tudo branco... móveis brancos... maquinas brancas e que apitam... pi... pi... pi... pi... pi... Onde eu estou?

-Mona, ai que bom, você acordou... conseguiram parar a hemorragia, mas... bem... me -a porta se abriu com o estrondo chamando a atenção para quem estava nela.

Eu vejo as pessoas mas não consigo distingui-las... são apenas sombras. Eu fecho os olhos novamente, tanta claridade está me incomodando. Sinto a cama afundar para o lado e mãos grandes e geladas no meu rosto o segurando e uma respiração contra meus rosto.

-Meu amor... O que você fez...? Por que...? - Abro os olhos e vejo duas esmeraldas me encarando. Simon. Seu olhar está sofrido... Olho para o outro lado e vejo Pedro recostado na cadeira. Eles estão diferentes, parecem... mais novos...

-Onde estamos? Você está bem? Voc-você estava na frente -Eu começo a chorar e o puxo pelo pescoço para um abraço apertado.- Eu achei que tivesse te perdido. -Ele se afasta o suficiente para me olhar.

-Na frente? Do que que você está falando? -Ele pergunta com o cenho franzido.

-Da moto. Você estava pilotando e o caminhão capotou e estava vindo na nossa direção...Como está a bebê? Ela nasceu? Ela está saudável? Ela é bonitinha? -Eu sorrio. Mas ele logo se desbota com a cara confusa de Simon e Pedro.

-Morganna, do que você está falando? -Pedro pergunta. -Que bebê? Que moto?

-Fo-foi assim que eu vim parar no hospital não? Vocês estão bem? -Pergunto estranhando a situação.

-Nós estamos ótimos. Nós é que devem-Ele foi interrompido por um médico que entrou no quarto com uma prancheta e minha mãe.

-Olá, eu sou o Doutor Arthur, você pode me dizer seu nome, idade e o que faz, por favor? -Ele pergunta colocando uma lanterna no meu olho, eu olho minha mãe e ela está diferente, ela parece mais nova.

-Me chamo Morganna Flores, tenho 19 anos e faço faculdade de letras e trabalho no Studio Vargas que o Pedro é dono. -Digo e todos me olham estranho, como se eu foço doida.

-Você pode me dizer em que anos estamos? -O médico pergunta e eu encaro minha mãe que Simon segura.

-Estamos em 2018. -Minha mãe coloca a mão no coração e se vira para o médico com preocupação.

Férias Com Meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora