O Jantar

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Eu acabei de chegar em casa e sou recebida por toda meus irmãos, eles estão mais novos... Eu ainda não acredito que tudo o que eu passei acabou... Simplesmente não existiu... Os anos que eu e Barbie aprontamos, as festas onde eu ajudava a fugir de um pervertido qualquer... Não existiu! Nada!

Simon aperta firme a minha cintura... eu não acredito. Toda a dor que eu superei e que eu passei por causa dele... Agora vou ter que viver de novo! Eu me solto dele e corro para meu quarto, mas quando vou trancar a porta... cadê a chave? cadê a fechadura? A porta é lisa... só tem a maçaneta. Eu desço as escadas espumando.

-Eu não acredito que vocês trocaram a minha porta. Já ouviram falar em privacidade? -Pergunto gesticulando e elevando o tom. Todos estão na sala sentados e conversando baixo, mas param para me olhar.

-Morganna, você fez um aborto, tem noção do quanto isso é grave? - Pergunta Kyle sério.

-E o que isso tem a ver com minha porta? -Pergunto exasperada.

-Que que tem? Você ainda pergunta? Para passar de matar um bebê, o próprio filho, para se matar é em um estalar de dedos. -Ele fala estralando os dedos e ficando de pé.

-Ele tem razão. Agora você vai frequentar um psiquiatra semanalmente... Isso pode ser sério. -Diz minha mãe me chocando.

-Vocês acham que eu sou louca agora? Vão me internar? Me amarrar, algemar, sei lá me colocar na camisa de força? - Eles não me respondem e desviam o olhar.

-Se for necessário. -Enfim diz Gabs e eu olho para o teto impedindo que lagrimas caissem, não deixaria eles me verem chorar.

-Filha, você é fraca. Qualquer coisa você se descontrola, exagera. Isso faz mal. - Eu balanço a cabeça como se concordasse com ela. Por que era verdade... Uma realidade trágica. Eu me viro e vou para meu quarto e deito na cama, mesmo com a porta aberta, não me importa mais. Eu sinto as lágrimas escorrerem sem minha permissão e me viro de bruços, afundando o rosto no travesseiro.

Não sei quanto tempo passou, mas sinto a cama afundar e uma mão se repousar nas minhas costas, subindo e descendo.

-O que você quer? Dizer que sou uma bruxa que matou seu filho? Ou esfregar na cara que você quer alguém que seja emocionalmente estável como certa professora? - pergunto virando o rosto para olhar para Simon que está com a cabeça apoiada no meu travesseiro.

-Quanto ao filho, nós podemos fazer outro. -Ele sorri de lado e pisca para mim.

-Ah, claro, não será nenhum incomodo ferrar mais ainda com a priminha, aliás uma foda apenas com uma criança não vai me matar. -Digo rancorosa e deito de costas.

-Que droga Morganna, o que você quer que eu faça para te convencer que eu não quero ficar com aquela mulher, eu me arrependi. Eu quero você. Você é melhor que muita mulher, em todos os aspectos possíveis e prováveis. -Ele diz apoiando a cabeça na mão e o cotovelo na cama.

-Se ajoelha e diga alguma coisa que você acha que me convenceria. -Ele me olha e eu o encaro até ele entender que eu estou falando sério. Então levanta da cama e eu me sento vendo ele se ajoelhar no chão.

-Morganna, você é a pessoa mais insuportável que eu conheço. Mas eu amo você mesmo assim, amo cada coisa que você faz e no que é, nos mínimos detalhes. Que droga, eu quero estar com você em todos os momentos da sua vida, quero que você engravide dos meus filhos, que nos casemos e eu sei que você odeia coisas melosas por isso eu fiz isso. -Ele tira a camisa e eu vejo um plastico filme com durex em seu peito. -Eu fiz isso depois que você deixou a mochila aqui e fugiu... de novo.

Quando ele termina de tirar eu vejo uma tatuagem, é uma frase: "Propriedade da minha Deusa de Preto.". estão escrito como se fosse feita a mão. Ok, ele me surpreendeu, mas eu não vou dar mole. Me deito de costas para ele.

Férias Com Meu PrimoOnde histórias criam vida. Descubra agora