Nada É De Graça

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Elena colocou os pratos sujos em uma pilha em cima da pia.

Já fazia alguns dias que ela vinha notando que Damon estava diferente. Não tinha mais tantos comentários sarcásticos e parecia estar sempre distante.

Se virou para pegar os copos em cima da mesa e deu um grito e um pulo para trás.

Uma mulher alta estava sentada na cadeira. Com as pernas cruzadas em uma pose educada.

- Olá, Elena - ela saudou.

Era linda mesmo. Elena sentiu que ela não era humana. Nenhuma humana era tão linda daquele jeito, como se fosse a encarnação da própria beleza.

Tampouco deveria ser uma vampira. Ela tinha certeza que a visitante era um ser sobrenatural. Só não sabia o que.

- Sou Afrodite - a beldade continuou - Seu namorado deve ter falado de mim.

- Ann...

Nesse instante, Damon entrou na cozinha. As duas mulheres olharam para ele e Afrodite se adiantou. Colocou-se de pé e foi até ele com um sorriso.

- Aí está você, meu belo mortal. Acabei de conhecer sua bela companheira.

Elena olhou para Damon e ergueu as sobrancelhas, numa pergunta silenciosa.

Afrodite percebeu o gesto.

- Damon! Você não falou de mim para Elena, não foi?

Ela se virou para Elena.

- Eu sou Afrodite, deusa do amor e da beleza. Eu escolhi Damon como meu protegido. Ele tem a minha bênção - ela tocou a bochecha de Damon antes de se afastar - Ele realmente não falou nada sobre mim?

Ela pareceu levemente magoada.

- Não - Elena respondeu - Porque você resolveu acolhê-lo como seu protegido? - perguntou desconfiada.

Afrodite riu.

- Incrível. Eu acabo de me revelar como uma deusa antiga da mitologia grega e você está mais preocupada em porque eu escolhi Damon como meu protegido.

Como Elena não respondeu nada - e pela expressão dela não parecia estar achando graça -, a deusa suspirou.

- Era costume antigamente, quando nós ainda éramos adorados e cultuados, que tivéssemos protegidos. Mortais que por algum motivo caiam nas boas graças dos deuses e recebiam bênçãos. Ulisses, por exemplo, era protegido de Atena e Adônis era meu.

- Adônis? - Damon interrompeu - Não foi o cara que você achou gostoso e seu amante ficou com ciúmes e o transformou em javali?

Afrodite fez uma careta.

- Em primeiro lugar, Ares não sabia canalizar sua raiva muito bem. Ele era... Neanderthal demais naquela época. Hoje em dia, não precisa se preocupar. Ele quase não interfere mais. Em segundo lugar, Ares não o transformou em javali, ele fez com que Adônis amasse a caça, mais do que amava a mim. Um javali acabou o matando.

- Isso não parece melhor do que virar um espetinho de carne - Damon ironizou.

- De qualquer maneira, o espírito dele foi eternizado. Do sangue dele nasceu a anêmona.

- Aquele bicho marinho? - Elena perguntou confusa.

- Não. Estou falando da flor. A anêmona é uma flor efêmera da primavera. É minha flor preferida - ela sorriu perdida em pensamentos e murmurou baixinho - Tem o perfume dele.

Elena limpou a garganta, trazendo Afrodite devolta a realidade.

- Enfim, hoje em dia nós fomos esquecidos. Não acontecem mais tragédias como as de antes, portanto nada de mal vai acontecer com Damon. Ele será feliz, próspero e terá a minha bênção. O que significa que você também estará protegida.

- Por quê está fazendo isso? - Elena cruzou os braços.

Ela não conhecia muito sobre mitologia, mas sabia que nada é de graça. Afrodite podia parecer uma Barbie, mas com certeza não tinha plástico no lugar do cérebro.

- Como você pode notar Damon é muito atraente - o comentário rendeu um sorriso arrogante da parte deste - E eu sou naturalmente atraída por beleza, logo percebi que ele tinha uma história de amor maravilhosa. Dois irmãos. Uma mesma garota. Uma história que eu não via há muito tempo

Elena corou, ficando sem graça.

- Meu coração ficou comovido com isso e como deusa do amor resolvi ajudar.

- E o que quer em troca?

- Eu avisei a Damon que tudo nesse mundo tem um equilíbrio. Não podemos interferir no destino, isso desequilibra a ordem natural que tudo deve seguir. Eu interferi. Ajudei Damon a ficar com seu verdadeiro amor. Obviamente isso requere algo em troca.

Elena empalideceu.

- Acho que você já entendeu, não é, querida? - Afrodite sorriu docemente para Elena.

Damon olhou de uma para a outra sem entender nada.

- Qual o problema, Elena?

Ela segurou o braço de Damon com tanta força que suas unhas fincaram na pele dele. Ela ergueu o olhar desesperado para ele e sussurrou.

- Você ainda não entendeu? Equilíbrio... Damon, ela quer o Stefan!

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