III. O Sonho

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O clima era quente e úmido, uma leve brisa fazia seus cabelos dançarem no ar. Safira estava diante de uma floresta, atrás de si um rio largo corria.

"No centro da floresta há uma árvore especial, seu pequeno fruto dá a imortalidade para aquele que ingeri-lo".

Assustada, procurou pela dona da voz, mas não havia ninguém ali além dela. A voz era apenas seu inconsciente lhe dando a informação que ouvira em uma historia contada por sua mãe, e que havia sido aprisionada pelo tempo em suas memórias remotas.

"Você precisa encontrá-la se pretende continuar viva. Vá até ela e memorize bem o caminho. Pense na importância que este caminho tem em sua vida e ao acordar talvez ainda se recorde". Dessa vez, a voz transmitia urgência e preocupação.

Incerta e apreensiva andou floresta adentro, observando o tronco das árvores e suas copas fartas, o manto de folhas secas sob seus pés, o canto de vários pássaros.

A cada passo dado sua esperança aumentava.

Lembrando-se do aviso da voz, ela focou sua atenção no caminho que percorria, absorvendo o máximo de detalhes que lhe revelasse em que floresta estava. A julgar o clima poderia descartar algumas delas.

Apesar do tempo parecer se arrastar em sonhos tensos, o tic-tac do relógio continuava a passar.

Com medo de estar andando ás margens da floresta ao invés de adentrá-la, Safira parou, olhou a sua volta e deu sete passos a direita. Ao ouvir um barulho atrás de si, virou na direção do som.

Seu coração passou a galopar no peito, quando seus olhos se arregalaram ao encontrar um jaguar, mais conhecido como onça-pintada.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac.

Assumindo o controle de suas emoções, Safira foi andando devagar e de costas, enquanto o jaguar continuava de orelhas em pé, atento. Quando o perdeu de vista, passou a andar mais rápido, tentando fazer o menor barulho possível, temendo ainda que o despertador ou qualquer outro som exterior a acordasse antes de encontrar a tal árvore.

"Como vou saber que se trata da árvore certa?"

Depois de quilômetros percorridos sem a limitação do cansaço, Safira foi parada por uma espécie de parede invisível e maleável. Interpretando aquilo como um sinal de que já bastava andar naquela direção, virou-se para esquerda e caminhou lentamente.

"Lá está ela", pensou olhando-a de cima a baixo, banhada por um largo feixe de luz solar.

Ali, em meio a tantas outras árvores, tornava-se tão discreta quanto um camaleão.

Safira se aproximou para observá-la mais atentamente. Ela tinha um tronco estreito se comparado aos dois galhos laterais, que eram longos e apontavam para cima.

A pular de susto com o barulho que julgou ser um trovão, Safira se viu na escuridão, tentado restabelecer a conexão com o sonho em que estava, mas percebeu que seria em vão. Alguém batia na porta de seu quarto.

"Droga", xingou quem quer que estivesse a porta.

Facilmente Safira localizou uma caneta e seu caderno. Rabiscando furiosamente no papel foi até a porta.

FLORESTA QUENTE E ÚMIDA
DIVERSIDADE DE ÁRVORES E ANIMAIS
IR ATÉ LÁ E ENCONTRAR A ÁRVORE QUE...?

"Droga". Xingou mentalmente.

Safira abriu a porta com a cara mais emburrada e raivosa que conseguiu expressar, porém seu coração deu um salto ao se deparar com um metro e oitenta e cinco de pura sensualidade.

O Toque Da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora