Ao abrir os olhos, a fraca luz estava acesa, iluminando o rosto quadrado de uma bela mulher. Um leve sorriso deixava sua expressão mais suave. O corpo esguio de curvas discretas trajava um vestido justo num tom de vermelho sangue, assim como as longas unhas e o sapato.— Quem é você? — Questionou Safira.
— Tem sido um imenso prazer brincar com você, garota. — Sua voz baixa e cortante, eriçou os pêlos de Safira.
— Kher? — Safira reunia sua coragem para o que estava por vir. Não tinha força nem capacidade para defender sua própria vida, mas não iria implorar por ela.
— Suponho que tenha conhecido Arkelis. — Pronunciou o nome do anjo com evidente nojo.
— Então se trata de um jogo de gato e rato? No qual me caça e quando perder a graça para você, game over?
Havia um mar de fogo diante de seus olhos que explodia a todo instante em altas labaredas e Safira atrevia-se a esticar as mãos, como uma criança a testar a chama de uma vela pela primeira vez.
Cerrando os olhos, Kher sorriu com desdém. Ela estava controlada demais, era perceptível o esforço que fazia para tal e Safira estava cutucando o vespeiro.
— Confesso que a princípio foi muito frustrante assumir meu erro, ainda mais por se tratar de uma relis mortal, mas depois senti um prazer diferente, uma excitação maior.
— Nunca te disseram que não se deve brincar com a comida?
Incapaz de controlar sua raiva, Kher pulou sobre Safira, as unhas pontiagudas faziam pressão em seu pescoço.
— Nunca te disserem que não se deve cutucar um demônio com vara curta? — Kher exibia um sorriso duro. Por mais excitante que fosse brincar com sua presa, a vontade de saborear raro sabor, era mais forte. Além do mais, faltava apenas duas almas para ser promovida a assistente pessoal do príncipe das trevas.
Sustentando o olhar do demônio, Safira soube que seus minutos estavam contados. Em sua cabeça, um plano mal formado era incentivado pela esperança de sobrevivência.
Safira abaixou a cabeça, suspirou e relaxou o corpo fingindo-se cansada. Acariciou o ego de Kher dando-se por derrotada. Seu braço direito estava livre.
O carro saiu do beco para as ruas movimentadas. Não acreditava que sua força seria suficiente para ajudá-la em sua fuga, mas precisava tentar.
— Oh! Então o ratinho se cansou?! Cadê a sua coragem agora, garota estúpida? — Dito isso, Kher aliviou a pressão no pescoço, dando liberdade de movimento também às pernas de Safira.
Kher mordeu a isca. Por mais poderoso que seja, um egocêntrico sempre terá um grande ponto fraco.
Safira respirou profunda e silenciosamente e deu uma cotovelada no vidro da janela que apenas vibrou. Kher riu sonoramente de sua tentativa e foi para cima de Safira novamente.
Ela sentia o forte latejar em seu cotovelo enquanto a chutava, mas parecia estar chutando uma parede, foi então que o som de vidro sendo quebrado e a curva brusca do carro, chamou a atenção de ambas.
Ethan estava pendurado na janela, enforcando o motorista, mas este era tão forte quanto ele e desferiu um soco em seu rosto. Ethan perdeu o equilíbrio, mas não caiu.
Ao longe, Kyra movimentava as mãos e entoava um feitiço de desaceleração, mas o carro fugiu de seu campo de visão, fracassando sua tentativa. Agora só lhe restava acompanhar Lucas numa corrida desenfreada.
Temendo perder sua chance de ouro, Kher partiu para o golpe final. Virou Safira que se encontrava de bruços, elevou sua mão e a mergulhou em direção ao peito da garota. No instante em que suas unhas rasgaram a blusa de Safira, Kher foi empurrada para trás. Safira elevou seu olhar e viu seu salvador.
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O Toque Da Morte
FantasyCom a tensão de uma perseguição pelas ruas de São Paulo, Safira, prestes a ser violentada por um marginal, é salva por um belo e misterioso rapaz. Retomando sua vida após o incidente, Safira não consegue deixar de pensar no rapaz que a salvou. Logo...