Depois de passar horas andando de loja em loja, Safira e Kyra foram a um bar que costumavam frenquentar. O deck estava cheio, todas as mesas e cadeiras ocupadas, exceto por uma que havia apenas uma pessoa sentada. Ethan.Safira e Kyra se entre olharam.
— Você se importa ? — Perguntou Kyra.
— Você o conhece? — Perguntou Safira.
— Eu pretendia te contar dias atrás, mas me vi preocupada com você e acabei me esquecendo.
— Estou esperando. — Disse Safira chateada com a amiga.
Sabendo que eram ouvidas, Kyra pesou suas palavras e disse:
— Eu o conheci há uns quinze dias. — Enquanto falava, Kyra sorria e digitava algo no celular. — Nós trocamos algumas palavras e...
— Palavras? Sério Kyra?!
Kyra cutucou discretamente a amiga para que ela olhasse a tela do celular.
FOI INCRÍVEL!!! DEPOIS TE CONTO. E A PROPÓSITO, ELE É UM VAMPIRO. :-p
Safira arregalou os olhos e colando sua boca no ouvido da amiga, cochichou:
— É seguro?
Kyra riu diante da pergunta.
— Sim, a menos que considere assédio, um perigo.
Agora foi a vez de Safira rir.
— Então vamos.
Elas ziguezaguearam entre as mesas e pararam diante de um Ethan sorridente.
— Olá. Como vai ? - Cumprimentou Kyra.
— Bem obrigado.
— Oi. — Cumprimentou Safira timidamente.
— Oi. — Respondeu Ethan. — Fiquem a vontade. — Pediu indicando as cadeiras com ambas as mãos.
— Senhoritas. — Cumprimentou Gean, o garçom careca, ao qual apelidaram carinhosamente de Micael Kayle — Já sabem o que vão pedir?
— Um suco de laranja, por favor. — Pediu Safira.
— Eu vou querer o de sempre.
— Mudei de ideia, quero experimentar esse tal drink Ruby.
Pedidos anotados, o garçom se afastou.
— Então quer dizer que agora você vem sempre aqui ? — Peguntou Kyra.
— Sim. Me acostumei ao local, as pessoas que o frequentam. — Declarou intensificando o seu olhar sobre Kyra, que conteve o sorriso mordendo o lábio.
— Bom, deixa eu te apresentar. — Disse indicando Isabelle que estava absorta a movimentação. - Esta é Safira, minha amiga.
Ethan estendeu a mão e Isabelle aceitou, sem se incomodar com o toque frio que aliás era muito frio, mas trouxe certo frescor àquela tarde quente.
Muito prazer, Safira.
— Ainda não sei se digo o mesmo. — Disse arqueando as sobrancelhas.
Ethan riu.
— Atrevida sua amiga, hein Kyra?!
— Ajudaria se você parasse de encará-la como se ela fosse seu jantar.
Ethan soltou uma gargalhada sonora e levantou as mãos em sinal de rendição.
O garçom voltou com os pedidos em sua bandeja, os depositou na mesa e saiu.
— Safira, o Ethan chegou recentemente a cidade, ele é da França.
— Impressionante. — Safira fransiu as sobrancelhas verdadeiramente surpresa por não notar nenhum vestígio sequer de sotaque.
— Ele diz ser fluente em várias línguas. — Disse Kyra.
— Quantas?
Meio sem jeito, Ethan respondeu:
— Todas. — Deu de ombros como se querendo se desculpar.
— Então você aproveita sua imortalidade com coisas úteis? — Perguntou Safira.
— Sim. Conhecimento é algo de grande valia, e um bem que não pode ser roubado.
— Concordo plenamente.
— De que região da França você veio? — Agora foi a vez de Kyra.
— Champanha-Ardenas, da cidade de Reims, mas sou natural de Marselha, que fica no sudeste da França.
— Sempre que penso em Provença, me vem a cabeça plantações de lavanda. O aroma, suas flores, a cor. — Disse Kyra com o olhar perdido em lembranças.
— Na cidade em que eu morava, tem uma estação de trem que é uma réplica da estação de Maselha, destruída na guerra. — Disse Safira relembrando o estado de completo abandono do local.
— Vocês já foram para França?
— Eu nunca, mas Kyra vai com frequência.
— Não faça biquinho! Sempre te convido e você sempre recusa.
— Uma crueldade de sua parte sabendo que não tenho condições financeiras para tal.
— Você é uma orgulhosa, isso sim. — Kyra se virou para Ethan e explicou — Minha família mora em Versalhes. Meus avós na verdade.
— Interessante. Agora mudando de pato para ganso, você, Safira é uma mortal que conhece o mundo das sombras, cuja amiga é uma bruxa? - Perguntou Ethan.
- Sim. - Respondeu Safira.
- Não. - Disse Ethan pensativo, encarando Kyra. - Não é só isso, mas eu não meto meu nariz onde não sou chamado. - Concluiu sorrindo, desinteressado.
Depois de duas horas de conversa descontraída e bem humorada, Safira e Kyra voltaram para casa.
Em seu novo, amplo e sofisticado quarto, Safira colocou sua bolsa, a caixa e as sacolas sobre a cama, foi para o banheiro onde tomou uma longa e relaxante ducha.
Ao sair se sentou ao lado da caixa. Nela havia fotos de sua família, e algumas das jóias de sua mãe. Tirou de lá uma tornozeleira de ouro com vários pingentes e a vestiu.
Ao cair da noite as amigas se sentaram na varanda. O final de semana prolongado estava chegando ao fim.
— Seria ótimo se toda segunda-feira fosse feriado, ou parte do fim de semana. — Comentou Safira chorosa.
— Mas aí a terça seria a nova segunda-feira.
— É verdade. E por falar nisso, acho melhor eu ir me deitar. Morando aqui vou ter que acordar mais cedo, são dois ônibus a mais para pegar.
— Nem pense nisso, mocinha! — Exclamou Kyra exasperada. — Marcos vai te levar e buscar. Não me olhe com essa cara, não é uma oferta, é uma ordem.
Safira ficou sem reação diante da repentina irritação de Kyra.
— Tudo bem. — Disse Safira caminhando em direção a porta. Kyra a seguiu. — Obrigada por tudo que tem feito por mim, Kyra. — Agradeceu abraçando-a.
— Mais que amigas, lembra?
— Sim, maninha.
— Meu pai ligou ontem. Você tem uma entrevista de emprego marcada para sexta-feira às nove da manhã.
Safira se alegrou com a notícia.
— Obrigada amiga.
— Disponha. Deixei o endereço com a Rosa. Chegando lá, você vai procurar pela Karina, ela vai te dar um cargo.
Safira bateu palmas eufórica. Tudo parecia estar entrando nos eixos.
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O Toque Da Morte
FantasyCom a tensão de uma perseguição pelas ruas de São Paulo, Safira, prestes a ser violentada por um marginal, é salva por um belo e misterioso rapaz. Retomando sua vida após o incidente, Safira não consegue deixar de pensar no rapaz que a salvou. Logo...