Capítulo 4

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Me lembro de ser mais nova e estar sempre descalça na grama dos jardins de Louisiana e correr com a minha maior velocidade, até me cansar e cair no chão, me deitando de barriga para cima e sorrir para o nada.

Eram as pequenas e mais simples coisas da vida, que me deixavam mais feliz. Eu desfrutava de cada segundo da grande dádiva que era a vida. Para mim a solidão, o medo, a tristeza, não existiam.

Mas tudo isso mudou quando eu cresci. Aprendi que nada na vida é perfeito, que tudo pode acontecer de um momento para o outro. Num momento estás bem e feliz e no outro podes já estar morta, sei lá. Eu não tinha medo da solidão, não tinha medo de morrer, não tinha medo de nada disso. Eu todos os dias me mentalizava de que a qualquer segundo poderia acontecer algo que desmoronasse a minha vida para sempre. Posso dizer que, eu deixei de ver o mundo com olhos de inocente, mesmo eu sendo bastante inocente.

Mas bem, nunca me aconteceu eu sentir tristeza, depressão, solidão... eu apenas continuava com uma vida normal, sempre desfrutando de cada todos os doces dias em Louisiana, e na minha felicidade, que um dia poderia muito bem acabar.

E... acabou.

Acabou no maldito dia em que os meus pais tiveram a maldita ideia de se mudar para uma maldita cidade nova. E as pessoas dizem: "Ó, que sorte, vais viver na grande Los Angels, quem me dera." Pois, claro, é espetacular quando vives na mesma cidade que o filho da puta do teu irmão.

Bem, eu na altura ainda achava meio que um máximo, me mudar para lá. Pensava, "Ei, que brutal, eu vou viver com o Adam em uma das maiores cidades dos USA." Pois, isso era quando eu era iludida demais. Sabes, cabrão, só te agradeço mesmo por me teres feito ficar mais fria, a confiar menos nas pessoas, a perceber melhor que o mundo é uma merda e as pessoas que o rodeiam também. Isso fez com que eu ficasse mais adulta, mais desconfiada em relação ás pessoas, mas ao mesmo tempo eu fiquei mais fraca. Muito fraca. Como se o toque de alguém em mim fosse uma espada no meu corpo, eu tinha pânico do toque das pessoas. Só mesmo Chloe é que podia estar em contacto próximo comigo.

Mas enfim, eu pensava que o pesadelo tinha acabado, ele tinha ido embora. Claro que eu ainda estava com uma depressão, mas eu já podia respirar de alivio e de liberdade, já podia sorrir verdadeiramente.

E bem, passou quase um ano, um ano de paz, ou quase paz. E agora ele volta?! Foda-se, eu não estou preparada para isto acontecer de novo. De novo não, por favor.

Saí dos meus pensamentos quando senti o carro parar e olhei para Zayn, que encarava as suas mãos.

-Onde estámos?- perguntei, mas sem obter nenhuma resposta da sua parte. Bufei pelo facto de estar a ser ignorada e olhei através do vidro, vendo uma praia vazia.

-Na praia?- questionei confusa, e o moreno apenas deu de ombros e abriu a porta do carro, saindo do mesmo.

-Zayn!- resmunguei, copiando o seu ato em seguida.

Juntei mais o meu casaco ao corpo, devido ao forte vento do arial, e me aproximei do moreno, que estava encostado ao capo do carro, enquanto se descalçava.

-Melhor tirar as sapatilhas, porque vamos para a areia.- avisou, e eu repeti o seu ato, ficando completamente descalça.

Zayn, com os seus sapatos e meias na mão, saltou um pequeno muro de pedra, ficando agora em contacto com a areia da praia.

-Quer ajuda para subir?- perguntou rudemente, estendendo a sua mão para me ajudar. Neguei com a cabeça e ele deu de ombros, continuando a andar.

-Espere!- gritei, enquanto subia o muro, mas Zayn apenas ignorou. Saltei a mesma sem dificuldades e começei a correr, para apanhar os passos do garoto.

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