12. You Make Me Strong

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Eu olhei para os lados e vi as pessoas cobrindo suas bocas com as mãos tentando encobrir sua satisfação pela violência que viam. Todo mundo gostava de ver alguém levar uma surra, mas ninguém queria levar uma surra.

Liam tentou se ajoelhar. Harry rosnou. "Não se mova." Não era um pedido. Não era nem mesmo uma sugestão. Era uma ordem e ele queria ser obedecido. Liam parou, sua cabeça ainda sangrando e escorrendo por seu rosto. "Você acha que é engraçado pegar pessoas menores do que você para bater, Liam?" De novo, não era uma pergunta. "Bem, eu sou menor do que você, vem pra cima." Harry o encarou. "Vem pra cima." Ele repetiu.

Era verdade que Liam era um pouco maior do que Harry, mas quase não dava para se notar. Mesmo que ambos fossem populares na escola, era apenas pela capacidade no futebol que Liam era permitido de dividir o mesmo espaço com Harry.

Os olhos de Liam marejaram quando Harry aproximou seu rosto do dele, da mesma forma que Liam fez comigo. Seu medo era tanto que ele nem sequer se atrevia a respirar.

"Vamos lá, garotão," Harry disse casualmente, como se estivessem discutindo sobre o placar de algum jogo. "Vem. Pra. Cima."

Liam balançou a cabeça, sangue escorrendo de seu nariz e parando em sua boca quando ele o respondeu. "Eu não tive a intenção, Harry!" Sua voz se engasgou e era óbvio para ele mesmo que ele havia soado como uma garotinha assustada. Ele engoliu o sangue e tentou controlar seu tom de voz. "Eu quero dizer, eu só estava me divertindo um pouco..." E ele percebeu no mesmo instante que aquela era a coisa errada a se dizer.

"Se divertindo?" Harry perguntou enquanto seus olhos brilharam de raiva. Eu nunca vi alguém tão irritado assim antes, a menos que a raiva estivesse direcionada a mim. Ele agarrou a gola da camisa de Liam e o puxou para cima como se ele não pesasse um quilo. Harry o puxou donde eu estava sentado no chão. "Vamos nos divertir, então," ele disse enquanto o obrigava a me olhar. "Olhe para ele e se desculpe."

Eu senti minha garganta secar enquanto Liam olhava para mim e eu me senti o centro do universo por alguns minutos. Eu sabia que as pessoas estavam olhando, eu sabia que tinha que me levantar e correr, mas eu não conseguia. Ao invés disso, eu apenas me sentei ali com um nó em minha garganta, incapacitado de reagir.

Em um murmúrio, ele disse, "eu sinto muito."

O joelho de Harry acertou o meio das pernas de Liam, fazendo-o gemer no que pareceu mais um susto do que dor. "Eu disse para se desculpar," ele ordenou entredentes. "Não para dizer que sente muito como uma garotinha. Tente fazer isso como um homem." Pequena pausa. "Pelo menos uma vez na sua vida."

Eu vi o rosto de Liam se retorcer em raiva e vergonha enquanto algumas pessoas riam. Enquanto ele me olhava de novo, eu pude ver a frieza em seus olhos e meu peito se apertou. Eu poderia dizer que aquele não era o fim. Não era nem mesmo o meio. Então ele disse de novo, "me desculpe por te bater e ser um babaca", mas eu sabia que ele não se arrependia.

Aquilo era apenas o começo.

"Está tudo bem," eu disse no que deveria ter sido mais do que um gemido fino.

"E eu sou um imbecil," Harry disse enquanto o sacudia.

"E eu sou um imbecil," Liam repetiu, quase gritando.

"E eu tenho um pau pequeno por isso faço coisas idiotas!"

A cabeça de Liam se abaixou e sua voz pareceu mudar de tom enquanto ele dizia "e eu tenho um pau pequeno por isso faço coisas idiotas."

As pessoas se explodiram em gargalhadas e satisfação enquanto Harry jogava Liam no chão. Ele caiu com força, suas mãos acertando o chão como as minhas. Eu estava horrorizado, não só pela atenção, mas pelo fato de que Harry transformou toda aquela bagunça em algum um milhão de vezes pior. Ele se aproximou de mim e segurou minha mão. "Vamos lá," ele disse em uma voz suave e gentil. "Deixe-me te ajudar."

Eu olhei para ele em choque diversas vezes antes de me forçar a levantar, tentando não estremecer quando minha mão gritou em protesto ao ser apertada. Eu fiquei parado ali por um momento, longe demais do rosto de Harry. Seus olhos pertenciam a um estranho e eu percebi que não o conhecia totalmente.

Me virei e comecei a andar em direção as pessoas, rezando para que por estarem gritando elas não iriam perceber que eu estava ali. Eu sei que ele quis me seguir, mas não havia motivo algum para alguém como ele correr atrás de mim.

E por um segundo, eu fiquei feliz por isso.


Boys Don't CryOnde histórias criam vida. Descubra agora