Boys Don't Cry

18. Happily Never After

Quando Taylor se inclinou para apertar minha mão, meu rosto mudou para uma expressão completamente indiferente.

"Então, você é o tutor do Harry?" ela perguntou com a voz mais irritante do que qualquer outra garota que já conheci antes.

"Sou a vadia que ensina história pra ele," eu disse com uma expressão séria. Eu ouvi Harry se engasgar com seu refrigerante ao me ouvir enquanto tentava me impedir.

"Me desculpe?" ela perguntou sem entender, sua cabeça se movendo para o lado como um papagaio curioso.

"Desculpas aceitas," respondi, não querendo ficar por baixo.

"Posso falar com você um segundo?" Harry perguntou, seu rosto vermelho devido a vergonha.

"Foi ótimo de conhecer," eu disse com um tom falso na voz.

"Digo o mesmo," ela respondeu devagar, não sabendo ao certo o que havia acontecido.

Harry me puxou pelo braço e me levou para longe da mesa com um puxão só. "O que diabos você pensa que está fazendo?"

Meu rosto permaneceu com a mesma expressão de nada. Eu me recusava a chorar na frente dele por causa daquilo. Eu não ia sair correndo como uma garotinha de filmes adolescentes. "Você só pode estar brincando comigo," eu disse tão baixo que me perguntei se ele tinha ouvido.

"Você já sabia sobre ela, não?" ele respondeu, fazendo parecer que eu era o errado na história. "Todo mundo sabe que estamos namorando."

A verdade é que ele estava certo. Todo mundo sabia sobre os dois. Eles eram como Brad Pitt e Angelina Jolie da escola. Todo mundo sabia, menos eu. Ninguém falava comigo, então era impossível que eu soubesse sobre esse tipo de fofoca. Harry já havia encontrado sua princesa e eu era apenas uma diversão para ele.

"Eu não sabia. Se soubesse, não teria feito nada com você," eu disse em um tom sério.

Ele inclinou a cabeça para o lado como um cachorro que acabou de fazer bagunça.

"Por que você acha que eu iria ficar com você sabendo que é comprometido?" eu exigi, percebendo que talvez estivessemos vivendo histórias completamente diferentes todo esse tempo.

"Porque nós gostamos um do outro," sua resposta foi quase automática, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Eu me recusei a cobrir o rosto com as mãos e sair correndo pelo refeitório. "Aproveite seu almoço," eu disse indiferente. Me virei rapidamente e sorri para Taylor e o resto daquelas pessoas que naquela altura já havia esquecido os nomes. "Foi ótimo conhecer vocês," eu disse enquanto acenava.

Assim que cheguei do outro lado do pátio, joguei meu almoço no lixo e saí.

Isso era o que eu queria dizer sobre o destino nunca me dar o que eu quero.

Eu não sei como os adolescentes do ensino médio sobreviviam antes da escola ficar aberta na hora do almoço, mas deve ser como viver do outro lado do muro de Berlim. A liberdade em sair do prédio mesmo que por alguns minutos era indescritível.

Eu podia sentir aquela queimação em meu rosto de novo quando pensei em como fui idiota, imaginando que Harry poderia ser meu. Ele era um dos garotos mais populares da escola, por que diabos ele me escolheria?

Que se foda os contos de fada com finais felizes e príncipes encantados.

Eu odiava contos de fada, odiava todas aquelas histórias estúpidas que fazia pessoas como eu sonhar com algo de bom. Eu não queria uma história perfeita, eu só queria ser escolhido no meio de todo mundo, mesmo que fosse idiotice. Eu nunca seria uma princesa e o fato é que eu nunca desejei ser uma até conhecê-lo. Era difícil olhar naqueles lindos olhos verdes e não me apaixonar nem um pouquinho, mas eu não pedi para ter ele em cima de mim, me beijando. Era tão injusto.

Antes dele, eu estava acostumado a ser miserável e infeliz, então ele simplesmente apareceu e fodeu com tudo isso. E agora? O que eu sou agora? Um garoto fraco e frágil correndo assustado em meio a uma floresta escura sabendo que nunca teria o amor que ele queria. Tudo que eu queria era dormir, acordar e saber que aquilo não passou de um sonho idiota. Porque não importa o quanto minha mente me dissesse que Harry e eu tínhamos tido algo real, eu sabia da verdade.

Eu me apaixonei por um conto de fadas.

Passei as próximas horas tentando guardar minhas emoções dentro das caixas de onde haviam escapado. Antes desejo e amor estavam guardados em uma única caixa, então simplesmente os coloquei lá de volta depois de terem sido arruinados para sempre. Aquela não era minha história e eu tinha sido um idiota em achar que sim. Isso era o tipo de crime que os contos de fada cometiam, fazendo pessoas como eu acreditar que podem ter finais felizes nesse mundo cruel. Eu não era gostoso ou sequer tinha um corpo de atleta. Eu era só um garoto normal e sem graça e histórias a sim, não importa o quão incríveis e apetitosas para os olhos sejam, elas sempre irão afetar pessoas como eu. Os Harry's e Taylor's do mundo não precisavam de um livro para dizer que eles teriam um final feliz, eles foram abençoados com a sorte de terem nascido perfeitos e de encontrarem outras pessoas tão perfeitas quanto.

Eu engoli meu arrependimento, usando isso como um aprendizado para não cometer outro erro assim. Um milhão de pequenas emoções guardadas e trancadas, todas gritando para que eu as deixasse sair, mas simplesmente suspirei e as ignorei. 

Era uma vez um garoto que não deveria ter se apaixonado. Fim.