2. Leslie - Dezembro de 2017.

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Leslie sempre amou o Natal. A data nem sempre ia como o planejado, mas ela estava acostumada. Mesmo assim, o feriado tinha um espaço especial em seu coração. Ele já tinha perdido seu sentido religioso para ela há um tempo, mesmo que ela nunca fosse admitir. Mas ela adorava as tradições; a troca de presentes, a ceia com a família.

Esse ano, Leslie estava recebendo em sua casa em Long Island o seu namorado e sua família. Desde Charlie, ela prometeu que, se encontrasse alguém de novo, ela iria com calma. Não iria se mudar para a casa dele em menos de seis meses de namoro, como fez com Charlie. Definitivamente não deixaria seu emprego no hospital por ele, também.

Ela conheceu John no hospital. Seu filho de doze anos tinha se machucado enquanto jogava futebol e Leslie ficou encarregada de fazer um curativo nele, e tentou não se distrair com a beleza de John. Ele devia ter mais de cinquenta anos, mas aparentava ter quarenta. Seu cabelo era loiro e seus olhos, cinza.

Eles conversaram enquanto Leslie limpava a ferida de seu filho e foi quase que amor à primeira vista. John tinha mais um filho, de dezesseis anos. John trabalhava como gerente em uma empresa multinacional. Ele morava a vinte minutos da ilha, porque não suportava mais a agitação de Manhattan.

E, assim, Leslie e John começaram a sair. Ela disse que queria ir com calma, e ele entendeu depois que ela o confessou a loucura que tinha sido seu ano de 2015. E, com calma, eles foram.

Leslie e John estavam saindo há quase nove meses, e estavam levando tudo com muita calma. E Leslie já estava exausta de ir com calma. Por mais que ela quisesse, ela não era dessas. Ela era apegada, sentia falta de John o tempo todo, e queria que ele se mudasse para a casa dela.

John e seu filho de doze anos, Caleb, passariam o Natal com Leslie e Emma. Que, aliás, disse que Harry viria também. O que era ainda muito estranho para Leslie.

Leslie vivenciou todos os altos e baixos do que parecia ser um casal ainda mais confuso do que ela e Charlie. Harry e Em começaram como inimigos mortais, que se odiavam profundamente e, do nada, viraram amantes. Mais tarde, namorados. Aí terminaram. Emma voltou com o Zayn, até mesmo perdeu sua virgindade com ele. O que pareceram segundos depois, Emma e Harry voltaram, mais unidos que nunca. Aí Emma engravidou de Zayn, eles terminaram, ela voltou para Nova York e depois eles se encontraram novamente em Yale e foi como se duas almas perdidas há décadas se reencontrassem em seu destino final. Eles voltaram a namorar e daí para frente foi só amor.

Eles já estavam namorando há um ano, seu aniversário foi dia dezessete, Leslie se lembra.

Leslie estava feliz pelo casal, é claro, e ela estava especialmente feliz por Em, que havia encontrado felicidade com seu namorado. Ela tinha encontrado os dois juntos poucas vezes. Na verdade, só duas. Nas férias de verão, Harry levou Emma para a Itália por duas semanas. Leslie foi se despedir de Em no aeroporto, e aquela foi a primeira vez que os viu como um casal. Como se já não fosse estranho o bastante sua filha estar namorando um menino que quase virou seu enteado, Leslie ainda encontrou com Charlie, Niall e Erin, que estavam lá para se despedir de Harry. O pior foi perceber o quanto ela sentiu falta daqueles três. Charlie também percebeu a falta que ela fazia naquela casa.

Mas nada disso mudou o fato de que Leslie o abandonou no altar, e nada disso mudou o fato de que ele também estava namorando outra mulher, e indo com calma.

A segunda vez que Leslie encontrou Harry e Emma juntos foi no aniversário dela mesma, em Setembro.

A única coisa que ela podia notar em ambas às vezes foi como os dois mudaram. Harry estava mais maduro, mais sério, mais respeitoso. As suas famosas patadas já não tinham mais espaço. Em também havia mudado. Ela estava radiante, sempre. Mesmo quando Leslie encontrava-a, sem Harry, ela era toda sorrisos. A não ser por uma vez, quando eles brigaram feio, e ela era toda lágrimas e soluços. Mas, 99% do tempo, ela estava feliz. Isso era ótimo. Depois de meses vendo sua filha se arrastar com um bico no rosto por aquela mansão na Califórnia, era bom vê-la sorrir.

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