04 - A Novidade

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A manhã seguinte acabou passando rápido e sem qualquer novidade; por isso, quando voltava da escola, senti-me um tanto desiludida — havia percebido que a sensação de que algo bom estava prestes a acontecer havia sido apenas uma sensação qualquer.

Ao me aproximar da minha casa, vi um grande caminhão de mudanças estacionado na frente da casa vizinha. Alguns homens transportavam caixas. Procurei, mas não encontrei ninguém que parecesse ser o novo vizinho, por isso desisti de dar as boas-vindas e entrei em casa. Assim que fechei a porta, minha mãe se aproximou correndo.

— Graças a Deus que você chegou, filha. Poderia me fazer um favor?

— Claro — respondi, tirando a mochila das costas e colocando-a no chão. — Preciso que vá até o mercado e compre algumas coisas.

— Ela me entregou dinheiro e a lista de compras.

— Precisa de tudo isso? — indaguei ao ver a grande quantidade de itens.

— Na verdade era o seu pai quem deveria ter comprado tudo, mas ele não vai poder almoçar em casa hoje.

— Entendo... Volto logo.

Ela assentiu, e voltei a sair de casa, iniciando o trajeto até o mercado. Sempre que andava por aquelas ruas, gostava de observar cada detalhe por onde passava, pois parecia que sempre havia algo novo para ver. Foi como reparei que alguém com rosto familiar caminhava em minha direção. Mesmo com os olhos cerrados, eu não consegui reconhecer quem era até chegar bem perto.

— Luana? Que coincidência te ver por aqui — comentou, surpreso.

Era Rafael.

— Digo o mesmo. Veio visitar os garotos?

— Por que a pergunta? — Ergueu as sobrancelhas, curioso. — Eles moram por aqui?

— Sim, não sabia?

— Não fazia ideia — admitiu com um sorriso envergonhado.

— Se não veio visitar os meninos, o que faz aqui?

— Eu me mudei para essa rua, vou morar logo ali. — Ele apontou para sua nova casa, e eu arregalei os olhos assim que vi que ele se referia à casa ao lado da minha.

Não é possível... Ele vai ser meu vizinho.

Não estava preparada para algo assim e tentava disfarçar a surpresa com um sorriso no mínimo forçado. Afinal, como alguém que eu havia conhecido no dia anterior poderia ter se tornado meu vizinho da noite para o dia?

— Também mora aqui por perto? — ele perguntou, tirando-me de meus pensamentos.

— Mais do que imagina... — murmurei.

— O que disse?

Baixei o olhar, tentando pensar em algo para responder, mas no fim decidi somente dizer:

— E se eu te dissesse que sou sua vizinha?

Esperei alguns segundos e ergui o olhar para ver sua reação, deparando-me apenas com seus olhos esbugalhados direcionados a mim.

— Está falando sério? — perguntou, perplexo.

— Estou mais surpresa do que você.

— Não dá nem para acreditar. Que coincidência, não é?

— Pois é...

Ficamos em silêncio por alguns instantes. Eu não sabia o que dizer nem o que fazer, mas isso não foi um problema para ele.

— Mas e você, aonde está indo?

— Ao mercado. Minha mãe pediu para comprar algumas coisas.

Amor Sem Fim [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora