2 - UM NOVO MUNDO

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     Semicerrando os olhos, Diego acorda num local desconhecido. Ainda não retomou todos os sentidos. Sua audição captava apenas um baixo ruído; sua visão estava muito embaçada, não o permitindo identificar nada ao redor; não sabia se estava tocando algo, nenhuma sensibilidade no corpo.

     Precisava muito de água, como se não se hidratasse há anos, sua garganta e boca pareciam estar mais secas que o chão de terra em que estava deitado. A fraqueza dominando seu corpo por completo, quase que impedindo de levantar-se.

     O garoto tinha pouquíssimas lembranças do que acontecera em sua casa, como se uma amnésia tivesse devastada-as. A única coisa que sabia era seu nome e alguns laços de memória do que passara no espaço.

     Com muito esforço conseguiu sentar sobre seu pé, e olhou ao redor. Ele estava num lugar muito árido. O chão era vermelho, rachado como uma casca quebrada de ovo cozido
Há uns 200 metros havia um pequeno sinal de vegetação com duas árvores quase mortas, repletas de folhas secas. Bem longe, pássaros enormes estavam voando em círculos numa sincronia perfeita.

     Olhar essas aves lhe deu dor de cabeça, pois seus olhos viram o forte sol brilhando e sem nenhum sinal de nuvem. O ar muito seco estava prejudicando sua respiração e o deixando sem fôlego.

     Diego se ajoelhou e quase que numa queda colocou a mão no chão e começou a engatinhar em direção às árvores. Faltando-lhe ar, não teve energia para prosseguir, então se entregou e deitou com as costas viradas para o chão.

     O forte brilho o obrigou a não olhar para o céu, então virou o rosto para o lado. Do chão levantava um forte mormaço. Diego fechou os olhos devido à dor de cabeça e levou as mãos até ela, pressionando-a forte até que sentiu que sua consciência estava se esvaindo aos poucos. Tornando abrir os olhos, percebeu algo que o transtornou: não havia apenas um sol, mas dois.

     Não era possível identificar qual era o maior ou se ambos eram iguais, o intenso brilho dos sóis permitia olhar apenas por poucos segundos. Diego não conseguiu identificar se estavam se pondo ou nascendo, pois estavam cada um em um lado, Um ao norte e outro ao sul, talvez um ao leste e outro ao oeste, quem saberia?

     O garoto foi perdendo a consciência e antes de desmaiar ele viu a silhueta de uma pessoa muito alta atrás dele, não teve tempo para reagir, nem sequer falar algo e...

     Diego acorda no chão forrado com folhas secas que davam o mínimo de conforto, mas era muito melhor do que aquele chão duro e quente que machucava as costas. Ele se encontrava no que parecia ser uma choupana feita de madeira. Estava muito escuro, a única claridade estava vindo de algumas frestas da luz do sol que penetravam em falhas do teto.

     Diego tentou se levantar, mas ainda não era a hora, ainda não tinha força o suficiente. Ele ainda estava sem camisa com apenas sua bermuda vermelha, isso causava-lhe um incômodo devido ao fato de estar deitado em folhas muito secas que de certo modo machucava-o.

     Seus olhos já começaram a se adaptar ao ambiente escuro, até que o garoto vê um vulto passando por cima de suas pernas. Era algo duro, do tamanho de um cachorro de médio porte. Diego não tinha ideia de onde brotou força e energia para que se levantasse. Não muito estável, ficou em uma posição de combate com um braço para frente na altura do ombro e o outro perto do rosto.

     A porta de madeira desgastada - talvez pelo tempo - se abre num ruído agudo, permitindo que a luz do sol iluminasse totalmente o local. Diego rapidamente coloca as mãos sobre o rosto para proteger os olhos da luz, mas o pouco que vera já lhe causou dores na cabeça.

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