3 - MEDO

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     Jessica acorda toda suada e ofegante. É a terceira noite seguida que não tem um bom e tranquilo sono. Isso a estava afetando no trabalho, pois uma atendente de telemarketing precisa ter muita paciência e calma para tratar com os mais furiosos clientes, mas com uma noite mal dormida a moça fica estressada e quem tratá-la mal receberá em dobro.

     Ao olhar o despertador - que ganhara como prêmio de funcionária do mês - soltou um suspiro ao ver que ainda eram 2h35 da manhã e obviamente não conseguiria pegar no sono novamente.

     Nessa e na noite passada, em seu sonho, Jessica fugia de alguém que ainda não tivera coragem de olhar. Apesar de ser uma fantasia de sua cabeça, era tudo tão real... O medo era muito grande, de modo que não permitia a ela sequer dar uma leve espionada.

     Ela já estava cansada de fugir do seu medo, então decidiu abrir seu laptop e pesquisar. Pesadelos reais. Clicou no primeiro link que apareceu e leu a matéria.


     A cada dez pessoas que nascem no mundo, uma tem o dom. Não é difícil encontrar uma pessoa que saia do corpo enquanto durma, então não se preocupe, você não está sozinho. Uma décimo da população mundial tem desdobramento. Nada mais é que seu espírito saindo do corpo enquanto você dorme. No mundo astral você pode encontrar espíritos malignos que te perseguem, zombam você e podem até te machucarem.

     Crash.

     Jessica salta da cadeira com o susto de algo se quebrando. Era o retrato de sua falecida mãe. Embora nunca tivessem sido muito próximas, a moça sentia a falta do amor materno. A mulher havia morrido numa cama de hospital, enquanto paria o irmão de Jessica. Ambos morreram.

     Orando Pai Nosso, a moça foi examinar o ocorrido e viu que o retrato estava virado para baixo, no chão, em frente ao criado-mudo. Ao pegar, mais uma surpresa: o vidro estava intacto e havia um corte em X na barriga de sua mãe.

     Não demorou muito para a moça pegar seu celular e ligar para sua melhor amiga Mariana. Provavelmente ela não atenderia devido ao horário, mas Jessica não tinha outra alternativa. Várias ligações em vão.

     Crash.

     Um estrondo ainda maior faz a jovem estremecer. Dessa vez o barulho de vidro quebrado veio da janela que se encontra logo atrás da garota. O vidro permanecia intacto.

     A lâmpada de seu quarto começa a piscar em intervalos de três segundos. O coração de Jessica palpitava num ritmo tão acelerado e forte que mal dava para acreditar que fosse possível.
Desesperada, a moça vai para o canto do quarto e se agacha com as mãos na cabeça. Fica na posição por um bom tempo, até tudo se acalmar.

     Ao perceber que tudo havia passado e a luz havia se estabilizado, Jessica lentamente se levanta e vai em direção à sua cama.

     Tentou pensar apenas em coisas boas. Momentos felizes com seu namorado era o que sempre vinha em mente nessas ocasiões. Ela pensou que não seria nada mal se ele tivesse pelo menos um telefone.

     Deitando-se na cama, se cobriu com seu edredom rosa com detalhes em branco. O celular toca. Uma lança parecia ter sido lançada sobre seu peito com o susto que levou. Demorou para Jessica sair do transe e se recuperar do baque.

     - Alô? - apavorada perguntou - Alô? Quem tá falando?

     - Alô, Jessica? - perguntou um garoto que parecia ter a mesma idade dela.

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