O coração de Shun pareceu parar no peito ao ouvir aquelas palavras.
Não... Masahiko não podia estar falando sério! Podia?
- Não diga asneiras!
- Asneira?
Masahiko abriu o bracelete de couro que tinha em um dos braços e mostrou a cicatriz branca em seu pulso, contrastando com a pele queimada de sol.
- A primeira coisa que fiz ao ouvir a respeito de sua morte foi tentar usar minha katana para ir a seu encontro. Meu pai, ao entender o que fazia, tentou desarmar-me, quase levando minha mão - sua voz parecia carregada de emoções. - Faz ideia de como doeu aceitar que deveria servir ao homem que havia me tirado meu bem mais precioso?
- Então, por que o serve? - perguntou mais rispidamente do que desejava. - Por que não dá as costas a tudo e luta pela libertação dessas terras?
- Cada um luta da forma que melhor sabe - Masahiko respondeu, recuperando o tom calmo. - Kaito foi quem me socorreu, levando-me para sua própria casa e não me abandonando nem por um segundo. Quando lhe contei o que acontecera, ele me disse algo que jamais irei esquecer: "a melhor forma de se mudar uma estrutura nunca é por fora, mas por dentro".
- Não seja ridículo!
- Ridículo? Não faz ideia de tudo que tenho passado para manter meus homens em segurança! Mas o povo me conhece, o povo me vê. E eles confiam que eu os levarei à paz e à segurança novamente.
Shun soltou uma risada escarnecedora.
- É essa a desculpa de todo covarde.
- Covarde?!
A tropa parou repentinamente, e Shun estranhou o quão distante todos soldados pareciam estar. Talvez tivessem percebido algo de diferente e estivessem tentando garantir-lhes um mínimo de privacidade.
- Senhor, o próximo trecho é um penhasco íngreme - disse Uemura, cavalgando em sua direção. - Acredito que possamos passar a noite aqui em segurança e seguir caminho aos primeiros raios de sol.
Assentindo, Masahiko gesticulou para que os demais desmontassem.
- Sei que não pode me responder agora, não com todo o ódio que está em seu coração, porém, ao menos gostaria que soubesse como me sinto - ele disse, antes de desmontar em um movimento gracioso.
Mais tarde, os homens se ajeitaram para dormir, mantendo a proximidade para combater o frio da noite, já que a ideia de uma fogueira era impensável em tempos de guerra. No meio da madrugada, Shun sentiu o braço de Masahiko passar a seu redor, puxando-o para si. A sensação o acordou de imediato, sobressaltando-o.
- Shhhhhhhh... - fez Masahiko em seu ouvido, acariciando a pele sensível com os lábios grossos e inacreditavelmente macios. - Meus homens estão dormindo.
- E o que o faz crer que não vou dar um alarme? - a voz muito mais rouca do que Shun desejaria.
Ele sentiu o outro sorrir contra a pele de seu pescoço.
- Porque eu sei que você não me odeia tanto como diz...
Não teve tempo de desmentir aquela afirmação, pois em questão de segundos, estava nos braços do mais alto, sendo beijado com uma paixão quase violenta. Viu-se a corresponder com a mesma intensidade, puxando o corpo magro e alto contra o seu, todos os sentidos até então adormecidos, despertando como uma besta enfurecida.
Mandando todo o autocontrole para o inferno, o guerreiro passou a lutar, mesmo de mãos atadas, contra a roupa do outro, desejando apenas saciar todo seu desejo reprimido pelo homem a sua frente.
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YAKUSOKU - A promessa
RomansaNa era Edo, Shun Fujisaki assiste sua família ser morta por uma suposta traição ao Daimyo Aomori. Enlouquecido pela dor, ele leva anos para elaborar sua vingança, planejando matar o herdeiro do clã - e seu primeiro amor - Masahiko. O amor verdadeir...