O Garoto da Parada de Ônibus

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Falta uma semana para o Halloween, e estou muito animado, pois este ano vai ser o primeiro que eu comemoro o Dia das Bruxas. Me chamo Gabriel, acabei de mudar com minha família para Campos Dourados, uma cidadezinha do interior, onde os habitantes são bem gentis, pelo menos é o que eu acho!

Minha nova casa não é muito grande comparada a minha antiga. Ela tem um pequeno jardim na frente, dois muros baixos cercando a casa, e no meio dos muros há um portão velho enferrujado. Temos alguns vizinhos de porta, os Valvez, um casal de idosos que nos ajudaram na mudança, e os Cabrais, uma família nem tão legal, que quase não saem de casa.

Nos mudamos para cá nas férias do meio do ano, para eu não perder nenhum dia de aula. Morávamos em Tecnopolis, um dos maiores centros de tecnologia do nosso país, mas meus pais acharam melhor nos mudar para um lugar mais calmo.

Bem, as férias acabaram e hoje estou indo para o primeiro dia de aula na escola nova.
Ao sair pelo portão da frente, a visto um garoto sentado no banco da parada de ônibus, não estava usando uniforme, mas talvez estivesse indo para o colégio também. Atravesso a rua e vou até o garoto.

-Oi!- Eu disse estendendo a mão para cumprimentá-lo. Acho que ele não escutou, pois estava ouvindo música com fones de ouvido. Descido dar um tampinha no ombro do garoto, que logo desvia o olhar vagarosamente para mim. Dou um sorrisinho amigável. Antes que eu posso dizer algo, o garoto retorna a atenção para o celular sem dar importância alguma para mim.

Depois dessas boas vindas calorosas, decido colocar meus livros sobre o banco e sentar, não falei mais nada até o ônibus estacionar a nossa frente. Entramos no veículo escolar, sento em uma das cadeiras da frente e o garoto sentou logo atrás de mim.

Na penúltima parada, subiram um grupo de quatro adolescentes no ônibus, que sentaram ao redor do menino. Logo pensei que fossem os seus amigos, mas estava completamente enganado, pois os quatro "aborrescentes" passaram a viajem toda atormentando o garoto, que nada fazia pra mudar a situação. Pensando bem, não haveria muita coisa a se fazer contra aqueles quatro brutamontes.

Chegamos enfim na Escola Municipal de Campos Dourados, ao entrar pelo portão principal, logo a visto os enfeites de Halloween espalhados pela escola inteira, desde os portões principais até a sala do diretor, que logo conheci pois logo fui tratar de me escrever na escola. Fiquei na sala 8.

Entrei na sala, e coloquei os meus livros sobre uma das carteiras da frente, pois como aluno novato, ainda não tinha me "enturmado".

O professor entra na sala e começa a aula de história, que está sendo bem interessante, pois ele está falando sobre as origens do Dia das Bruxas.

Dei uma olhadinha tímida para o final da sala, e advinha quem eu encontro sentado no "fundão"? Se você pensou no garoto da parada de ônibus, acertou! Ele estava com seus "amiguinhos" ao seu redor. De vez em quando eu olhava para trás e avistava o tormento do pobre garoto.

A hora do recreio chegou, e pensei que as coisas fossem melhorar pro lado do menino. Que nada! Foi aí que as coisas pioraram. O garoto mais velho do bando, fez com que o menino derrubasse toda a merenda encima de si próprio. Claro que, todos que estavam no refeitório começaram a rir, até mesmo as merendeiras não conteram as risadas. Dava para ver, o sentimento de ódio na feição do garoto, que saiu correndo e chorando para o banheiro.

Quando terminei de lanchar, fui até o banheiro, pois estava muito apertado. Enquanto levava minhas mãos, ouço um choro baixinho vindo de um dos compartimentos do banheiro.

-Tem alguém ai?- perguntei empurrando um pouco a porta, mas já sabia quem estava lá.

-SAI DAQUI!-disse a voz chorosa fechando a porta com força, e por muito pouco não voltei pra casa com um dedo a menos na mão.

Saio do banheiro, e vou até o bebedouro. Ouço a sirene tocar e volto para a sala. Sento na minha carteira e olho para a cadeira do garoto, que estava vazia, apenas com os livros jogados nela. Será que o garoto ainda está no banheiro? As aulas acabam, e vou para o ônibus. Não a visto mais o menino desde o ocorrido no refeitório. Os quatro garotos entram no ônibus comentando algo como: "Agora ele vai aprender!"

O ônibus prossegui e vai deixando os alunos nas suas casas. Chego em casa, minha mãe está colocando o almoço na mesa. A tarde sem ter nada para fazer, vou até a casa dos Cabrais, pois acho que eles são os pais do garoto. Toco a campainha, e um homem vestido com uma blusa xadrez azul abre a porta.

-O seu filho está?-pergunto dessa forma pois ainda não sabia o nome do garoto.

-Não, o Felipe não estar! O que você queria com ele?-o homem perguntou com uma voz arrogante e levemente furiosa.

-Nada demais! Só queria conversar com ele, estudamos juntos!-digo dando um sorrisinho, meio que do lado da boca.

-Era só isso? Se for, pode ir embora, como eu já disse ele não está em casa, e outra, tenho muita coisa par fazer, não tenho tempo pra ficar batendo papo!-disse o homem fechando a porta na minha cara, antes mesmo que eu pudesse dizer algo. Bom, pelo menos agora eu sei o nome do menino, Felipe!

Volto para casa. A noite chega, e levo o meu telescópio para a frente da casa, onde posso avistar as estrelas. Olho para a rua, e a visto uma pessoa chegando perto da casa dos Cabrais.

-FELIPE?-eu disse dando um grito para o indivíduo que caminhava sozinho na rua. O garoto olha para mim e sai correndo, e logo entra na casa.

Volto a olhar as estrelas, mas logo após a entrada de Felipe na casa, escuto gritos e barulhos vindo do interior da residência. O pai de Felipe estava muito furioso com ele, pois dava para ouvir ele falando muito alto com o menino. O homem dizia algo sobre "ele ter chegado em casa aquela hora!"

Agora tudo faz sentido, então o que os garotos estavam falando no ônibus se referia ao Felipe, eles o tinham trancado no banheiro da escola. Por isso ele tinha chegado tão tarde em casa. Ele veio a pé da escola para casa!

Mas eu acho que o pai do garoto não entendeu, e acabou batendo nele, a briga se persistiu por alguns minutos, e depois parou de repente, não se ouvia mais nada, somente o barulho do vento sacudindo as árvores. Depois de um instante as luzes da casa de Felipe se apagaram.

Logo após o jantar fui dormir. Fiquei pensando no pobre garoto, que não levava um vida nada fácil na escola e ainda sofria nas mãos de um pai tão cruel e perverso como o dele.

Como seriam as coisas amanhã?

Vou tentar conversar com ele novamente!

X X X X X




Oi Gente!

Esta é a minha primeira história do gênero.
Vou tentar postar um capítulo por semana!
Espero que gostem!

E se vocês gostarem, por favor digam nos comentários o que vocês acharam, votem, adicionem na biblioteca, pois isso ajuda demais para nós escritores a continuar a escrever.

Tenham Todos Uma Boa Leitura!


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