Um Novo Amigo!

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Acordei com o barulho do despertador ao lado da minha cama. Tomei um banho quente, merendei um sanduíche de queijo quente e fui para a parada de ônibus.

Acho que acordei um pouco mais cedo que ontem, pois o Felipe não estava sentado na parada de ônibus.

O ônibus já estava saindo, quando eu vejo o Felipe vindo em direção ao transporte. O motorista para e abre a porta da frente. Estou sentado em um dos lugares da frente, mais especificamente na cadeira alta, gosto muito dela, pois consigo ver tudo o que está acontecendo no trânsito e fico ao lado da janela. O garoto entra e senta ao meu lado. Talvez ele queira se desculpar por ter me deixado no vácuo ontem. Mas ele não falou nada, nem ao menos olhou para mim. Percebo que no seu braço esquerdo há alguns cortes, uns cicatrizados e outros ainda bem recentes.

Os garotos que zoaram ele ontem, entram no ônibus. Um dos marginais, esbarra de propósito no braço do Felipe, fazendo com que ele derrubasse os livros no chão do ônibus. O Felipe abaixa-se e pega os livros, e novamente o marginal derruba os livros da mão do garoto. Não consegui me controlar vendo aquela situação, parto pra cima daquele idiota.Caímos no chão. Todos começaram a gritar "Briga! Briga! Briga!" Quando percebo já estou no meio de uma grande confusão.

Sinto o ônibus diminuindo a velocidade e parando no acostamento da estrada.

-TA BOM! VAMOS PARAR COM ESSA BRIGA!OU VÃO OS DOIS PARA FORA DO ÔNIBUS!-disse o motorista nos separando.

Paramos de brigar e nos levantamos do chão. Olho para o garoto que estava sangrando no lado da boca.

Um dos garotos do "bando", olha para mim e diz:

-Olha só Ricardo, é o garoto novo da sala!-o menino disse apontado para mim.

-Olha, tu fica esperto viu zé mané, eu vou te pegar, você e esse estranho aí!-disse o Ricardo apontando para mim e para o Felipe.

Depois disse o motorista mandou que fossemos sentar nas cadeiras.

Voltei para o meu lugar. Ví que Felipe ainda estava lá, e parecia um pouco assustado.

-Estão aqui os seus livros!-disse o Felipe com uma voz baixa me entregando os livros que eu tinha deixado cair na hora da briga.

-Ah! Então você fala?!-eu disse pegando os livros e dando um sorisso para ele.-Obrigado!

Após o acontecido, todos já estavam sentados em seus lugares e o ônibus procegue até a escola, sem mais imprevistos.

Chegamos no colégio, e vou para a enfermaria, o desgraçado deu um soco encima da minha sobrancelha e acabou cortando.

Enquanto a enfermeira está fazendo o curativo na minha sobrancelha, vejo que o Felipe está na porta, olhando para mim. Quando olho para ele, o garoto se esconde. Saio da enfermaria e sinto alguém colocando a mão no meu ombro esquerdo. Sinto um arrepiu estranho na nuca.

-Oi-Era o Felipe. Vi que seu rosto estava um pouco avermelhado, talvez estivesse com vergonha.

-Oi-digo olhando para ele dando um sorrisinho.

-Obrigado por você ter me defendido no ônibus-ele disse estendendo a mão para me agradecer.

-Que é isso cara! Não foi nada!-digo apertando a sua mão que estava gelada.

Não sei o que aconteceu comigo, mas minha mão também ficou gelada e meu coração começou a bater mais forte, minha cabeça deu um giro e comecei a gaguejar.

Ouvimos a sirene tocar para o começo das aulas.

-Va-vamos...-dou uma tosida, para a voz sair-Vamos para a sala!

Íamos a caminho da classe, mas antes paramos no bebedouro,pois minha garganta estava um pouco seca, e acho que a dele também,pois ele bebeu bastante água.

Até brinquei com ele, dizendo que ele iria secar o bebedouro.

Rimos juntos da minha piada.

Entramos na classe e percebo que o Felipe está indo para o final da sala.

-Ei Felipe, se quiser pode sentar aqui perto de mim-digo mostrando uma cadeira vazia ao lado da minha.

-Não precisa! Também não quero arrumar mais confusão para o seu lado!-ele disse-E também os garoto podem começar a zoar com você tambem, e eu não quero que isso aconteça.

-Não se preocupe com isso!-disse puxando ele pelo braço direito-Duvido que um deles venha mexer comigo depois que eu dei uma surra no Ricardo. E além do mais gosto da sua presença-disse colocando os livros dele sob a carteira ao meu lado.

Ele então decide sentar perto de mim.

A aula começa e está indo tudo bem. O felipe senta ao meu lado e percebo que ele é muito bom em Física, única matéria em que eu sou péssimo. Aprendi mais coisas com o felipe nesta aula do que em um mês de aula com um professor.

Talvez seja o jeito que ele explica a matéria, isso me deixa tranquilo e eu consigo entender tudo o que ele diz.

Fomos para o recreio, sentamos na mesa do grupo de xadrez. Foi bem calmo, nada de Ricardo e seu bando por perto. Ainda sobrou um tempinho pra jogarmos um partido de xadrez.

Depois do recreio a aula acabou, pois hoje terá o ensaio da bando de música da escola, para algumas apresentações do Dia das Bruxas, e assim saimos mais cedo. Subimos no ônibus e fomos para casa.

Descemos do transporte e lhe pergunto se não quer ir lá em casa, mas ele disse que não poderia, pois teria que ajudar a sua mãe nas tarefas domésticas.

Então cada um foi para sua casa. Antes que eu entrasse no portão da minha casa, ouço o Felipe gritando:

-EI! COMO É O SEU NOME?

-É GABRIEL!-disse dando um grito maior ainda.

Agora sim, cada um entrou na sua própria casa. Entro devagar, para minha mãe não perceber que eu estava com um curativo na sobrancelha. Sorte minha, a mãe está escrevendo um livro, pois ela não percebeu quando entrei em casa.

A tarde passou voando e logo era noite. Após o jantar, escovei os meus dentes e fui me deitar.

Algo não me deixa parar de pensar no Felipe. Não consigo entender o que está acontecendo comigo hoje. Nunca tinha ficado  pensando tanto em uma pessoa, como eu estou pensando no Felipe.

Não consigo tirá-lo da minha cabeça!

Será que estou apaixonado por ele?

Não, não pode ser! Eu não sou gay! Ou será que sou?

Eu sei que nunca namorei ninguém antes, afinal ainda sou bv. Entendo que é um pouco estranho um garoto de 15 anos nunca ter beijado antes. Mas eu nunca senti atração por nenhuma garota e nem garoto também.

Todos os meus amigos, eram somente os meus amigos. Nada além disso!

Não, não, não! Isso deve ser coisa da minha cabeça! Vou dormir! E amanhã veremos o que vai acontecer!



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