1. A viagem

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Estou muito feliz, finalmente vou morar em uma cidade Grande. Eu gosto da minha cidade atual, dos meu amigos atuais, mas não me identifico aqui. Apesar da Cidade ser pequena, e certamente primitiva em varios aspectos, eu era bem evoluído pro estilo de vida que tinha a cidade. Quando falo "Evoluído" , quero dizer no estilo de vestir, pensar e agir. Já me destacava no meio da população. Um moleque de 16 anos, 1.78 , cabelos escuros e liso, com uma franja meio Emo (apesar de não ser emo), magro, Branco, e um estilo de se vestir meio diferenciado.
Apesar de ter alguns amigos, fazia questão de ser anti-social.
- Arrume logo suas coisas Freddy! - Falou minha mãe( avó na verdade, mas chamava ela assim) , com raiva - vamos viajar amanhã, e você não pegou as suas coisas.
Resumindo eu estava ansioso e feliz pela mudança, mas não tirava o fato de ser meio preguiçoso ( ta, muito preguiçoso) , do tipo que deixa tudo pro última hora possível.
- Mãe e só amanhã, ainda tenho umas 15hrs pra arrumar a porra das minhas roupas.
- Só as roupas não. Você acha que eu vou guarda suas coisas nerds?- Ela deu as costas e falou - O problema e seu se quiser deixa essas porcarias aqui. - e foi pra cozinha fazer coisas de mães.
Eu morei toda minha vida com meus avós, e minha irmã( um ano mais nova que eu). meus pais era divorciados, e até então eu nunca tinha visto minha mãe biológica(nem por foto). Eles moravam em São Paulo (que era pra onde eu estava me mudando). Tirando o fato de não ter visto minha mãe biológica, ela ligava em datas relacionadas a mim (aniversário, dia das crianças, Natal). Conhecia meu pai, era até íntimo(sem levar em conta ter passado toda a vida longe dele) .
Meus avós era velhinhos tradicionais. Como não conhecia minha mãe biológica, sempre chamei minha avó de mãe (não confundam). Por essa razão deles serem velhinhos, era o motivo da mudança de cidade. Minha avó estava com problemas de saúde e 90% dos seus filhos (que são 9 filhos), estava morando em São Paulo.
-MÃE CADÊ MINHAS CARTAS DE DUELO? -Gritei tão alto, que nem sabia que tinha toda essa potência nas cordas vocais. Minha mãe pelo outro lado falou calmamente.
- elas são suas , quem tem que saber e você - foi uma patada como aquelas que você da no seus amigos.
- SE EU NÃO ENCONTRAR, VOU TER UM INFARTO - falei fazendo drama. O chato e que minha mãe já me conhecia bem, e não ligava para meus dramas.
- Só não tenha um infarto no tapete, não quero sujar ele antes de me mudar. - 2 x o pra minha mãe.
No dia da mudança eu acordei cedo, tipo 6:40. Queria dormi mais, mas o barulho não deixava. Só estava eu deitado, todos já tinham acordado e estavam se preparando. Acho que tanta correria que não tinham notado que eu ainda estava deitado, até eu pedir pra fazer menos barulho e minha irmã notar. Faltava umas 5 hrs pra o ônibus chegar. Como eu e ela nos amava-mos muito, ela não perdeu a chance de me acorda.
- Levanta daí magrelo - disse ela puxando meu cobertor com tanta força, que quase fui junto.
- Vai passar maquiagem ou algo do tipo, pra disfarçar essa sua cara de zumbi e me deixa em paz - E coloquei o travesseiro na cara, e virando de bunda pra cima.
- Foda-se! - foi quando apareceu minha mãe.
- Levanta logo esse corpo Freddy! - E saiu logo em seguida, por que estava muito ocupada.
- Levanta logo esquisito! - Disse minha irmã seguindo minha mãe.
Eu Finalmente obedeci, e fui para o banheiro fazer coisas que se faz em um banheiro. Faltava 3 hrs pra partir, e como eu tinha falado, deu tempo pra arrumar tudo. Tinha achado minhas cartinhas, estavam embaixo do meu Cochão da cama, um lugar meio idiota pra se guarda algo, eu sei, mas o fato foi que minha irmã( reencarnação do satã, ou coisa parecida), tinha escondido la. Terminei de arrumar faltando uns 45min, então fiquei jogando no meu celular (que foi um erra que só percebi depois, já que ele tinha pouca bateria, e eu não coloquei pra carregar).
Quando o carro chegou pra levar nossas coisas, foi que cai na real, estava deixando a cidade que morrei toda infância e adolescência, e tava deixando pra trás.
Era um dia de aula, e os poucos amigos que eu tinha estavam na escola. Mesmo assim um dos meus amigos mais antigo, Peter( aquele amigo que você conhece desde sempre) , veio se despedir.
- Você volta quando mano? - Perguntou ele com uma voz meio trêmula.
- Pior que eu não sei Peter. Acho que vou passa um longo tempo longe daqui - falei sorrindo, pra disfarçar a tristeza de estar deixando meu amigo mais antigo.
- Não demora cara. Você e eu sabemos que ninguém manja mais das Zueiras que você. Não quero ser idiota sozinho aqui. - E quando olhei pra ele, juro que vi uma lágrima cair.
- Velho você ta chorando?! Que GAY! - Mas eu tambem tava. E não era aquele chorinho que você ver em filmes, eu estava chorando tanto que saia catarro do nariz.
- Aí meu Deus, como são gays - disse minha irmã passando por nós e subindo no ônibus
- CALA BOCA E DEIXE NOS EM NOSSO MOMENTO GAY. -Só lembrando que nos não éramos gays, mas todos precisamos de momentos gays as vezes.
- Tanto faz... - Disse ela já no ônibus.
Já era hora de partir, e minha mãe me chamava.
- Vamos Freddy, ta na hora de ir - todos ja tinham subido pra viajar, só faltava eu.
- CALMA mãe, só preciso fazer mais uma coisa.
- Você vai no banheiro de novo neh? - Ela já ficou nervosa - essa sua bexiga ta com vazamento ou algo do tipo, só pode ser.
- Não, não vou no banheiro - corri pra pegar minha bolsa, que ainda não tinha colocado no ônibus.
- Cadê, Cadê, Cadê... Droga, cadê. ACHEI !!! - Peguei minhas cartinhas de duelo super valiosas. - Aqui pra você Piter - e estendi a mão pra ele.
- NÃO, SERIO? - Ele quase entrou em choque ( pra falar a verdade nos éramos bem nerds quando o assunto era Games, animes, séries e tals) - cara eu não posso aceita seu baralho.
- Não estou dando pra você, só estou deixando ele em seus cuidados, e ter uma garantia que eu vou volta - falei tudo com um tom como se fosse um super-herói - se você estragar elas eu arranco suas entranhas e vendo no mercado negro - e entreguei a ele o baralho.
- Cara quem em pleno século XXI fala "Entranhas" ?
- Também não sei, mas é uma palavra bonita - e começamos a rir - vou sentir saudades Fedorento - continue após entregar o baralho - você é meu amigo mais antigo.
- Para cara, já tivemos nosso momento gay de hoje - nessa conversa devemos ter falado umas 590 vezes a palavra gay.
- ok, até depois - e virei de costas pra ele, levantei o braço e fiz sinal de positivo - lembre-se com oque vou fazer com suas entranhas ( palavra bonita) , se danificar meus bebês
- Vai embora logo cara!
E foi o que eu fiz. Subi no ônibus, mas não fiz aquilo de colocar a cabeça pra fora e ficar dando Tchau enquanto o ônibus se afastava, apenas me sentei e peguei meu cell , fiquei queto, e senti que essa não seria só mais uma viagem, seria A viagem.

Amo Noites! - #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora