Ana narrando:
Um mês se passou, mas a minha mãe estava na mesma, não mexia des daquela vez. O carnaval passou, mas eu estava sem um pingo de animação.
Estou em casa, acabei de sair do banho, irei ver a minha mãe. Estou dentro de uma calça jeans rasgada, uma blusa solta e uma sapatilha. Cabelo preso rabo de cavalo.
Chamei um táxi, desci com meu celular na mão, dei um beijo na cabeça da Sophia.
-Dorme cedo em, volto amanhã para te ver. -disse saindo.
Sophia: Tá, bjs.. -disse dando tchau com a mão.
Entrei no táxi coloquei o cinto. Chegamos, paguei e sai do táxi indo diretamente ao quarto da minha mãe.
Entrei e Micael estava sentado mexendo no celular..
-Amor.. -disse dando um beijo nele.
Micael: Saudades.. -me sentei ao lado dele. -vou indo, mais tarde estou aqui de novo. Tá?
-Aham, ok, beijos te amo. -ele me beijou e falou "te amo mais" entre beijos. Logo ele se foi.
Me deitei no sofá logo peguei no sono.
..
Acordei com alguns barulhos na sala. Micael estava segurando a minha mão, o médico examinando a minha mãe.-OQUE ACONTECEU? -disse me levantando e indo até a minha mãe.
Ela estava roxa, toda inchada, os olhos vermelhos, os pés enormes e inchados, os braços também.
-Alguém me explica, por favor?-disse chorando e olhando para a minha mãe. O médico estava pressionando o coração dela, para ver se ela respirava.
Micael: Ela não está conseguindo mais respirar.. Ela não está respirando amor. -disse um pouco baixo.
Doutor: Tira ela daqui, tira ela da sala. Por favor.-disse olhando para Micael que o mesmo assentiu.
-DAQUI EU NÃO SAIO. SEM MINHA MÃE NÃO!
Micael: Vem amor... Vem!
-NÃO! -ele viu que eu não iria e me pegou no colo me soltando fora da sala.-PORQUE? EU FALEI QUE NÃO QUERIA IR.-disse chorando.
Micael: Ele falou para te tirar de lá.. Não complica. -disse se sentando em um dos bancos do corredor. Me sentei também.
..
Havia se passado algumas horas e nada!-Ele está demorando muito, não acha?-Disse a Micael que estava olhando para o nada.
Micael: Aham.. -Respirei fundo.
Logo depois o doutor saiu da sala. Me levantei com os olhaos cheios de lágrimas.
-Doutor.. -Disse com a cabeça baixa.
Doutor: Ela está respirando por aparelhos. Gente, não vai dar mais, iremos desligar... Ela não irá aguentar até amanhã. O coração dela nem batendo está aguentando mais.. Ela não vai resistir! Me perdoem.
-ELA VAI RESISTIR, ANTES VOCÊ FALOU A MESMA COISA E ELA MEXEU, ELA VAI RESISTIR ELA É FORTE É A MULHER MAIS GUERREIRA QUE.... -respirei fundo.-que eu já vi. -disse olhando no fundo daqueles olhos pretos que estavam arregalados.
Doutor: Quando você ver ela, você irá me entender.. Entre. -entramos na sala.
Minha mãe.. Não dava nem para a reconhecer... Eu estava chorando muito, lágrimas não paravam de cair..
-Mãe.. Para com isso, por favor! -disse aos choros.-Mãe me responde, por favor. -Peguei o braço dela e apertei.-Por favor, quero falar com ela a sós.. -eles saíram.
Ela estava fria, as maos dela estavam grossas.
-Mãe? Porque você está fazendo isso? Porque não me responde? Ah mãezinha, por favor?!-A sala estava silenciosa.. Nenhum barulho a não ser "PI, PI, PI,PI" dos aparelhos- Eu sei que você está me ouvindo... Eu sei que você está aqui ainda.. Só que eu quero ter a certeza, mexe e ele não vai desligar os aparelhos. Por favor, eu prometo meu último pedido, faz um esforço ai mãe, por mim, pela Sophia..-Não respondeu nada. Enxuguei minhas lágrimas..-estão falando por ai que você não tem mais chances.. O doutor fala que não. Mas não vou deixar ele desligar se você me provar isso. Mãe, me dê um aviso, um aviso. Por favor.. -com a mão na dela ainda, esperando ela apertar ou coisa do tipo. -Mãe!! Por favor... -e nada. -Eu te amo mãe e estarei com você até o seu último suspiro, eu juro. E mãe, esteja aonde estiver, você estará sempre comigo, no meu coração!
Chamei o doutor que iria desligar os aparelhos. Ele se adentrou com o Micael.
Micael veio até a mim e me abraçou.
Ana: Estou com um pouco de medo.-disse sussurrando.
-Calma. -disse me abraçando bem forte. -estou aqui. Vou sempre está aqui.
Ana: Isso é bom.
Estava naquela sala silenciosa, só o barulho das máquinas, PI,PI,PI,PI,... Faziam elas..
Doutor: Agora, é a hora.
Fechei os olhos, senti Micael apertar a minha mão, eu não tive forças de apertar a dele.. O barulho PI,PI,PI,PI tomavam conta da sala até que o último "PI" foi ouvido, uma lágrima caiu do meu rosto.. Não consegui controlar as outras.
-Disse que estaria com a senhora até o fim.. Até o fim estou.. Eu amo a senhora. Te amo Vanessa Schardez Lima! -disse saindo.
E resolvemos algumas papeladas na portaria, assinei e sai, indo para a casa, eu e o Micael, no carro, em silêncio.. Nunca imaginei perder minha mãe, nunca. Mas também, nunca imaginei, namorar um traficante, dono de um morro. Ele seguiu em direção ao morro que lá dormimos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ela e o traficante
RandomAna Luiza, 17 anos. mora em um dos apartamentos mais chiques do Rio. Mimada pela sua mãe e seu pai, adora um perigo. compromissada. Micael, sonhador desde pequeno, perdeu seus pais muito novo e desde pequeno cuida do seu irmão Patrick. Foi acolhido...