Capítulo 8

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Gente, só para deixar claro, o hiatus não acabou, mas eu tive um tempo livre e sentia falta de escrever e compartilhar com vocês, e me disseram que eu deveria postar esse capítulo(que está curto e sem muito conteúdo, mas todo livros tem um desse não é?) estou até com medo de não saber mais escrever de tanto tempo que faz. Se eu estiver pior, me digam, por favor. É isso, boa leitura.

Enviado a alto mar para ser lançado ao fogo

Lutaram por um propósito com orgulho e desejo

O sangue dos bravos que dariam para inspirar

Cobras fumantes, sua memória vive!

Smoking Snakes-Sabaton

  Meus passos ecoam pelo corredor vazio, fazendo uma música agonizante nos meus ouvidos, eu tinha acordado com Alex me observando da poltrona, assim que abri os olhos por completo ele mandou que eu tomasse um banho e me arrumasse, pois iríamos imediatamente ao castelo da rainha.

  E eu, processando parcialmente suas palavras, fui para o banheiro com calma e tranqüilidade, ajeitando o ninho que estava na minha cabeça, depois de fazer o que ele pediu, o segui de maneira sonolenta por uma série de corredores, os quais não dei muita atenção. Eu só acordei de verdade quando ele disse que atravessaríamos só mais um corredor e chegaríamos ao castelo.

  E agora estava aqui, sem saber muito bem o que pensar sobre tudo isso, olhando as paredes cinzas sem nenhum adereço, com lâmpadas em espaços periódicos que transmitiam uma luz amarelada e morta, eu estava confusa, eu tinha descoberto que parte do que vivi até agora foi uma espécie de teste em forma de ilusão, que o cara ao meu lado não era exatamente o que tinha mostrada, uma coisa que me dava nos nervos mas também me aliviava, era saber que a sua mania irritante de usar aqueles malditos óculos era verdade. Ao menos isso.

  Ele estava usando eles agora mesmo e sorte a dele não ter um machado aqui, se tivesse eu já teria jogado na cara dele para quebrar aquela maldição e de bônus a cara dele também, parece uma ótima vingança para mim. E quanto á rainha, castelo, soldados e tudo mais, eu não sabia o que esperar.

  Também não sabia o que esperar da busca, do verdadeiro Alex que só agora eu iria conhecer, odiava o fato de o cara que ele me mostrou ter mexido comigo mesmo eu não querendo, eu não nego o que vejo, eu vi que ele mexia comigo e pronto, não sou uma menina ridícula que fica mentindo para si mesma. Mas aquele cara não existe, eu gostei da ilusão que ele mostrou, ou uma parte dele, não sei, isso é confuso demais e irritante, odeio não ter ideia do que tem á frente.

  Estou nervosa, ansiosa, com medo, apreensiva e isso está me matando, sou acostumada a não sentir muita coisa. Viro minha cabeça de um lado para o outro em uma mania nervosa, quando Alex mexe um pouco a cabeça fazendo a luz da lâmpada bater na lente dos seus óculos, refletindo em meus olhos, por isso, os fecho por um momento e percebo que me sinto melhor assim, a avalanche de borboletas no estômago relaxa um pouco.

  Meu coração aquieta um pouco as pulsantes batidas e eu me sinto bem, ainda consigo ouvir os meus passos no corredor, mas agora o som parece distante. Sem que eu perceba, começo a cantarolar com a boca uma canção que eu não lembro o nome, só estava na minha cabeça, fazendo meu corpo balançar suavemente enquanto ando, no ritmo. Então, pouco me importando se estou cantando mal ou não, começo a cantar de verdade, batendo na perna para acompanhar.

  A musica vai se enrolando em mim, envolvendo minha mente em sua trama, fazendo eu me perder na historia, esquecendo o mundo e quem eu sou. O poder de uma boa música impressiona. Estou pouco me importando com o que tem ao redor, até que ouço um assovio de Alex, acompanhando a canção, fazendo meu queixo ir ao chão, ora ele canta e ora ele assobia, mesmo não ouvindo muito bem, ele tem uma bela voz.

  Abro os olhos, e o vejo olhando firmemente para frente, mas sua cabeça vai de um lado para o outro em movimentos suaves, sorrio e volto a fechar os olhos. Envolvo-me no momento, cantando várias musicas que conheço e Alex me acompanha em todas, "alguém aqui tem bom gosto musical".

  Continuamos o momento musical, até que tenho a mesma sensação de acordar de um sonho bom quando bato em alguma coisa, ao abrir os olhos confirmo minhas suspeitas de que bati em uma porta. Quando vou saindo de perto dela, caminhando para trás, acabo me atrapalhando como cadarço do meu tênis, o qual raramente fica amarrado e vou caindo até que sinto braços quentes me segurando, e ao olhar para cima, vejo um Alex ás gargalhadas, e é tão verdadeiro quanto raro o som que escuto, depois de uns segundos de latência, observo que estamos em uma pose teatral devido ao fato que sou uma desastrada.

  Começo a rir com vontade, contagiada pelo Alex, minha barriga começa a doer e de meus olhos já saem lágrimas, percebo que esse é o que eu chamo de momento imortal, ou seja, o qual será imortal na minha memória só pelo fato de eu estar rindo de modo tão genuíno e até a barriga doer com um semi-estranho em um reino ilusório depois de ter cantando com ele, aquele tipo de momento que você alcança a felicidade por uns minutos somente por existir. A vida tem um bom humor, ás vezes.

  O barulho da nossa risada foi aos poucos diminuindo enquanto Alex me levantava, me deixando frente a frente com ele, minhas mãos nos seus ombros e as suas mãos em minha cintura e meus olhos em seus óculos. Mesmo não o podendo encarar como queria, só em observar os traços do seu rosto másculo já me deixava sem ar, senti como se um pano muito pesado envolvesse meu coração e o levasse de um lado para outro em um ritmo viciante e que ia aumentando a medida que, com um sorriso maroto, ele se aproximava de mim, meus pelos da nuca se arrepiaram, eu inspirava o ar com mais forte do que o necessário.

  Suas mãos foram da minha cintura para os meus braços, subindo para o meu pescoço e o massageando suavemente com seus dedos quentes e macios, estimulando a carne, me fazendo fechar os olhos com a sensação, ele dedilhava meu pescoço com maestria, descia para os ombros e costas, os apertando, meus músculos nunca estiveram tão relaxados, seu toque era coisa de louco.

  Até que uma hora ele parou e eu abri os olhos, decepcionada, e me deparei com ele com o seu rosto a centímetros do meu, meus olhos desceram a sua boca, seus dedos faziam uma carícia em pescoço e em meus braços enquanto desciam devagar para a cintura, ele colocou somente um braço ao redor de mim, me passando uma sensação de segurança e conforto, e me puxou, bruscamente e com força, para mais perto, colando seu corpo ao meu. E eu senti meu coração parar e o meu corpo queimar feito lava.

  Até que ouvi um barulho de porta sendo aberta, acabando com encantamento que estava envolta de mim, e fazendo com que eu olhasse confusa para o lado, onde vi o outro braço do Alex, que aparentemente tinha acabado de girar um chave, abrindo a porta que antes tinha me feito tropeçar, deixando ela levemente aberta, não dando para ver o que tinha atrás.

  Olhei para ele com os olhos estreitos, o desgraçado tinha me seduzido para se divertir com a minha cara!Ah, mas vai ter troco ou eu não me chamo Sarah!Me aguarde,imbecil!Enquanto o matava mentalmente, ele exibia um sorriso vencedor, como se tivesse ganhado um grande jogo, me livrei dos seus braços, querendo me bater por querer voltar para eles. Me afastei, dando grandes passos para atrás, ele me olhava com divertimento óbvio.

  Então, ele se vira para abrir a porta e dizer com uma voz feliz:

-Bem-vinda.

  Quando tiro meus olhos que estavam o fuzilando e olho para o que tem atrás da porta, perco o ar novamente, eu realmente preciso dar umas férias aos meus pulmões.

A pedra perdida(HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora