Capítulo Dois - Parte Quatro

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CONTINUAÇÃO DE FLASHBACK

― Ops, casa errada. ― respondeu Bertha, fechando a porta ligeiramente. Queria se livrar daquela saia justa. Ao chegar no andar de baixo, pegou suas coisas, pronta para sair e se livrar daquele carma que o perseguia: Thomas. Porém, o loiro a interditou:

― Vai onde? ― disse, agarrando-lhe o braço, a puxando para um abraço onde ela mais parecia uma sardinha enlatada do que outra coisa.

― Me deixa ir. ― sussurrou, com um leve tom de rispidez. Ela estava lá. A namorada de Thomas. E ela ia dormir na cama onde os dois costumavam dormir. Devia estar louca. ― Se eu ficar vai ser pior pra você.

― Por quê? Vai fazer o que comigo? ― disse ele, malicioso, apertando-a um pouco mais, como se ainda fosse possível.

― Eu não. Ela. ― apontou para suas costas, onde a ruiva de lingerie vermelha estava, fitando-o do pé da escada.

― Thomas! ― berrou, da mesma maneira que anteriormente.

Ele se virou e, atordoado, disse-lhe:

― Oi, Lúcia.

― É sério? ― disse desvairada, fazendo com que tanto Bertha quanto Thomas colocassem a mão sob o ouvido. ― Você só tem “oi, Lúcia” pra me falar?

― O que você quer que eu fale? ― disse, tonto, mostrando estar alterado.

― Deixa pra lá. ― rolou os olhos. ― O que essa aí ― apontou para a morena, com repulsão. ― foi fazer no seu quarto? E por que ela está aqui, afinal?

― Já disse que entrei na casa errada. Eu, hein, neurótica. ― deu os ombros, tentando sair mais uma vez. Porém, se antes Thomas o impedia de sair, agora a ruiva saiu em sua busca, trancando a porta antes que ela pudesse sair. ― Você tá maluca? ― gritou, controlando-se para não levantar o braço àquela mulher.

― Você vai falar a verdade. Por bem ou por mal.

― Quer a verdade? Seu namorado estava podre de bêbado em um bar de stripper por eu não querer dançar pra ele. E aí, tentando fazer com que ele não se matasse na estrada eu o trouxe até aqui. E ele, querendo minha companhia, fez um trato: ele ficaria no sofá e eu não cama. Pronto, essa é a verdade.

― E você acha que eu vou acreditar nessa baboseira? ― disse ela, virando-se agora para Thomas, que assistia a tudo assustado. ― Mor, ― passou o dedo indicador pelo seu peitoril, um biquinho no rosto. ― me fala a verdade.

Distraído demais com a falta de roupa da mesma, seu pomo de Adão subia e descia. Não sabia o que falar. De um lado ele poderia omitir tudo, e inventar uma versão para a visita de Bertha. Por outro, podia despejar em Lúcia toda a verdade, e talvez lucrar com a morena futuramente. Mas Lúcia era algo tão garantido! E, nossa, ela estava tão gata, pensou. Decidiu falar meias verdades, por fim:

― A verdade é que eu estava realmente bêbado. Não em um bar de stripper, mas bêbado. E Bertha é minha vizinha, veio somente ajudar. ― falou, com uma cara de ingênuo que era difícil não comprar.

― Mistério resolvido? ― Bertha pediu, novamente a voz grossa, mostrando que não queria participar daquele mistério de reconciliação.

Lúcia correu até ela e lhe deu um abraço inesperado.

― Obrigada por cuidar do meu bebê. ― lhe falou.

― De nada. Ele não sabe se cuidar sozinho mesmo. ― Sorriu a Thomas, cínica, antes de sair da casa e fechar a porta atrás de si.

― Tonga. ― murmurou, sozinha. ― O que estava pensando, em primeiro lugar, ao entrar na casa desse homem?

Cruzou o portão e foi rente à sua casa; queria descansar um pouco depois dos momentos tempestuosos que teve. Os primeiros pingos de chuva começaram a cair, incessantes. Embora gélidos, a sua vontade de sair da chuva feneceu. Precisava de um banho frio para colocar sua cabeça no lugar. Por mais que sentisse repúdio de si mesma por isto, a verdade é que Thomas a desvairava. O jeito provocativo com que ele se portava, a fala mansa e rouca, os cabelos loiros ― extremamente rebeldes...

O que precisava, na verdade, não era um banho gelado, e sim, um de sal grosso. Pois aquele garoto era um demônio! Quanto mais tentava o manter afastado mais ele se aproximava, com seus jogos de conquista, visando possuí-la. Mas ela não cederia. Fora louca de concordar em posar em sua casa, mas após a cena que havia visto há pouco, trataria de se deixar indisponível pelo resto de seus dias.

Como se isso fosse possível, finalizou, ao sentir novamente a mão rígida em seu ombro, sem tempo de poder entrar em casa.

― Oi, Thomas. ― suspirou, desgastada por dentro após tantas variações no que era para ser apenas uma noite calma, com sonhos bons e cobertores lhe tapando até a cabeça.

― Olá, gata. ― sorriu. ― Só vim dizer que, se quiser, ainda está de pé nosso trato. Você na cama e eu no sofá.

― Você tem problemas, não tem? ― arqueou as sobrancelhas. ― Sua namorada está lá dentro, queridinho!

― Lúcia? Já está indo pra casa. Colocando uma roupa, antes de pegar seu rumo.

― Você a expulsou? ― gargalhou Bertha, não acreditando no que ouvira. ― Depois da lingerie vermelha, da barriga totalmente em forma e da voz manhosa?

Pretério ImperfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora