Quem é você?

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Chegamos então na nova casa, o bairro é bem agitado, vejo algumas crianças brincar na rua e a escola que vou estudar não é tão longe de casa.
Desço do carro primeiro que minha mãe e corro apostando com Sofia quem chegar primeiro pode escolher o quarto. Minha mãe fica no carro descarregando algumas caixas, as coisas já foram deixadas aqui mais cedo. Assim, só trouxemos coisas pequenas no carro.

Esse é o meu - Digo rindo ao olhar a cara de tristeza da Sofia.

Droga - reclama ela.

Ahh vai, não fique assim. O seu fica de frente pro quarto da mamãe, de madrugada você pode levantar da sua cama e ir dormir na dela. - Digo fazendo um carinho na bochecha de Sofia.

Desço pra ajudar mamãe terminar de guardar as coisas. E então lembramos que precisamos comer. Minha mãe coloca a última caixa dentro da casa e me chama junto com Sofia pra irmos comprar algo.

Sofia vai no banco de trás. Eu vou no banco do passageiro e mamãe dirigindo. Cantamos uma música da Demi Lovato que toca com frequência na rádio, Old Ways. É então que minha mãe freia o carro, e Sofia solta um grito. Vejo uma menina correr na frente do carro, ela está com uma arma na mão. Minha mãe decide da ré e eu peço que Sofia se abaixe. Minha mãe da a ré e então grito pra ela parar.

PARA - Digo arregalando os olhos.

O que houve? Camila? - Diz minha mãe sem entender.

Saiu do carro sem dizer nada e corro em direção a uma menina que acaba de cair de cima do muro do supermercado.

MÃE, CORRE AQUI, ELA TÁ DESACORDADA - Digo virando o corpo da tal menina.

Minha mãe pedi pra Sofia ficar no carro e corre em minha direção.
Enquanto minha mãe não chega, viro o rosto da menina e a olho sentindo algo subir por dentro de mim. Vejo que ela está ferida na cabeça. Seguro na mão dela e pressiono o dedo no pulso dela, sinto então as veias pulsar e algo dentro de mim se alivia. Ela não está morta digo a mim mesma.
Minha mãe chega e pedi pra mim se afastar um pouco e abrir a porta de tras do carro. Corro e faço o que ela diz. Vejo minha mãe carregar a menina e trazer pro carro.

Vai pro banco da frente Sofia, e se abaixa - Digo segurando a porta enquanto mamãe coloca a menina.

Entro em seguida segurando sua cabeça e sentindo sua pulsação.
Minha mãe entra no carro e diz que vai levar-la para o hospital mais próximo.
Rasgo uma parte da minha blusa que já está suja de sangue e estanco o pequeno corte que está visível na cabeça dela. Olho pela janela pra conferir se tem alguém pra pedir informação. É então que sinto alguém pegar na minha mão e apertar.

Quem é você? - Diz me olhando assustada.

Calma, eu vou te ajudar. Você tá ferida - Digo sentindo o calor da mão dela sobre a minha.

Fico olhando para os olhos dela, eles então me puxam pra si e eu fico completamente sem saber o que fazer.

Eu não quero ajuda - Diz se levantando e soltando minha mão.

O que? - Digo sem entender.

Para o carro, para essa droga de carro eu não quero ajuda - Diz ela olhando pra mim e para minha mãe que para o carro devagar.

Então vejo ela sair do carro e correr de volta ao local que estava. Fico sem saber o que falar. Olho para minha mão e vejo o recorte da minha blusa sujo de sangue. Os olhos daquela menina agora estão gravados na minha memória e eu não vou conseguir esquece-los

Estava EscritoOnde histórias criam vida. Descubra agora