Serviços Comunitários "DROGA"

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Entro em casa de cabeça baixa e respiro fundo pra não gaguejar quando for mentir.
Levanto a cabeça e antes de terminar de falar sou interrompida.

Pai eu.... - Digo e olho pro meu pai sentado ao lado do policial que supostamente é o mesmo que estava apreendendo o carro do meu pai.

Droga - sussurro, e jogo o cabelo pra trás.
Eu posso explicar pai.. - Me aproximo deles.
Lauren... - a voz do meu pai soa com uma pequena decepção no ar.

O policial se levanta, bate nas algemas e balança a cabeça negando algo que se refere a mim.

Você devia ser presa, devia mesmo. Juro por Deus que não sei o que faço com você Michelle.. - Ele fala e se levanta do sofá.

Meu pai nunca me chamou de Michelle, é meu segundo nome, e somente minha mãe me chamava assim. Quando realmente era preciso.
Sinto que o que fiz prejudicou bem mais a ele do que a mim.

Tento falar, mas o policial se antecipa e vem em minha direção com uns papéis pra mim assinar.

Você não vai ser presa Jauregui, não dessa vez. A vítima descreveu você e mais dois suspeitos. Mas você nao vai se sujar dessa vez por consideração do delegado pelo seu pai. 6 meses de serviços comunitários, você pode escolher onde prefere pagar. Na escola ou no hospital para crianças. Assina aqui Jauregui. - Ele fala enquanto vou assinando uns papéis e tendo a sensação que meu passaporte pro inferno vem com férias de 6 meses.

Meu pai se despede do policial e tento fugir pro meu quarto e novamente sou interrompida.

Volta aqui Michelle - diz meu pai

Droga, para de me chamar assim. Quer me bater? Vai me agredir com palavras? Quer fuder com o resto da minha vida? Faz. Mas para de me chamar de Michelle. Digo isso em pensamento e volto, colocando as mãos no bolso.

Sem carro, sem guitarra, as 19:00 em casa, sem cigarros, e sem dinheiro por 3 semanas Michelle.

É O QUE? NÃO. SEM CIGARRO? O CARRO? AS 19:00? PORRA - berro e vejo meu pai da de ombros e bater a porta do porão me deixando falando sozinha.

Chuto a parede e esmurro a porta do porão gritando o quanto eu odeio essa casa e tudo nela.

19:50, eu não desço pra jantar. Estou sentada do lado da cama com um caderno de desenho encima das pernas. Folheio páginas por páginas e solto sorrisos rápidos. São desenhos que eu criava quando tinha 5 anos. Eu desenhava pra minha mãe, mas ela nunca pode ver nenhum deles. Pego um lápis e começo desenhar coisas aleatórias até adormecer.

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Voltamos pra casa depois de comer e comprar algumas coisas que faltava em casa. Decido arrumar meu quarto e tiro algumas coisas da caixa. Arrumo tudo e abro a janela, vejo que tem algumas flores e plantas bem grandes crescendo na parede. Algumas estão marcadas e quebradas, acho que alguém andou subindo por aqui. Decido fechar a janela e não colocar as cortinas. Pego o celular e mando mensagens pra alguns amigos. O tempo passa, janto com minha família e vou pra cama cedo, pois amanhã tenho meu primeiro dia de aula.

Estava EscritoOnde histórias criam vida. Descubra agora