Capitulo 1.5

537 36 2
                                    


  Algumas semanas se passaram. como de costume já não trocava mais nenhuma palavra se quer com a senhora Helena, minha mãe. Era de costume ela não me olhar muito e não trocar minimas palavras comigo. mas por alguma coisa que ainda não sabia o motivo, algo estava mais estranho do que o normal. Helena, não saia do quarto. o normal era não ficar em casa, difícil era ter a presença dela, mas desde que conversamos a vi saindo apenas duas vezes, e logo em seguida se trancou no quarto novamente.Mesmo com isso tudo continuava normal, meus irmãos não ligando pra nada, João focado em sua vida pessoal, e eu levando a minha vidinha horrível como sempre. então apesar de odiar a escola, preferia esta la onde conseguia ver o Felipe mesmo de longe, do que ficar em casa.Não sabia o que estava acontecendo, mas não ter a Helena dizendo que me odeia e me batendo a cada minuto, era algo que eu conseguiria conviver.

Ate que um certo dia, apos mais um dia ruim na escola, voltei pra casa, mas algo incomum estava acontecendo.

Em todos anos de vida, foram poucas vezes que pude presenciar meus irmãos chorando. era estranho, eles não tinham motivo pra isso, a mãe sempre os deu de tudo.Apesar da curiosidade, não quis perguntar nada, por medo que descontassem em mim o que se passava com eles. então apenas abaixei minha cabeça e continuei em direção ao meu quarto.

 O quarto ficava um pouco apos o da Helena, tive que passar ao lado, mas para não chamar a atenção, continuei andando as pressas quando de repente a porta se abre, e sai de la, o João, chorando como uma criança, isso era de fato assustador, parecia clima de velório. pela primeira vez, eu era a unica da casa que não estava chorando. 

Senti vontade de perguntar a ele o que estava acontecendo, mas não eramos tao íntimos, ele só falava o básico comigo. Mas João era o único que eu me importava naquele lugar. então apos uns segundos em silencio, ele me olhou e disse:

- Entra! Ela Quer Falar Com Você.

Era estranho escutar isso, Helena nunca foi do tipo de querer falar, apenas agredir e descontar toda raiva que sentia em mim. 

- Comigo? juro que não fiz nada. Nos falamos a tempos, sera que decidiu me castigar somente agora?
- Cale a boca! só entre e feche a porta.

Não tinha ideia do que me esperava, mas entrei. e encontrei Helena deitada em sua cama. era nítido que ela não estava bem, então aos poucos fui chegando perto

- Venha Fernanda! pegue minha mão, quero conversar com você. 

- O João disse que queria falar comigo! Olha  juro que não fiz nada. sei que não preciso fazer algo pra te irritar. só meu nascimento já é mais que o suficiente. mas estou tentando me manter longe da sua vista a todo custo. Eu juro. ''Falei enquanto segurava  sua mão .''

- Calma,  Calma. Só preciso conversar um pouco. 

- Comigo? conversar comigo? tem certeza?

- Sim! Bom .... Lembra que no dia em que conversamos de verdade pela primeira vez, te contei que estava morrendo?

- Ah sim...... como não me lembrar!. 

- Há dois meses atrás, contra a minha vontade precisei ir ao hospital. Já não me sentia bem a muito tempo. Soube pelo  medico que  só  me restavam dois meses de vida.

 Naquele momento, meu coração parou. não entendia nada, mas a sensação de dor veio com toda força.  

- Bom, apesar de não querer acreditar, os dias se passaram... 

Não consegui deixar que terminasse de falar, tudo parecia uma grande piada idiota. 


- Está brincando comigo ? Para com isso!. não tem graça. você esta bem, estava bem ate alguns dias atras, me maltratava como sempre, nada havia mudado. então para! já entendi. esta me castigando por tudo novamente, se era isso que queria você conseguiu, me castigou, esta doendo, o que mais quer de mim agora?!!! 

- Fernanda acalma-se. sinceramente não queria morrer, mas já estou cansada, preciso descansar... preciso ir. e pense por outro lado, vai ser bom pra você. uma pessoa a menos pra ter que odiar.

- Bom?! como algo assim pode ser bom Helena?. Eu nunca odiei você. nunca pedi pra odiar ninguém! foram vocês que não me deram outra escolha. Não posso perde você...

- Fernanda porque está me tratando assim ? Nunca me disse algo parecido.  

- A senhora nunca esteve entre a vida e a morte antes. Mãe, sempre quis ter a oportunidade de demonstra meu afeto. sempre quis me aproximar, mas nunca me deram essa chance, e hoje sei que teve seus motivos. 


- Eu sei. E foi por isso que te chamei aqui, preciso pedir o seu perdão. Me perdoe, preciso ter paz, e não terei se você não conseguir me perdoar. entendo que é difícil afinal,nunca te tratei bem desde que se formou em meu ventre. Quando descobrir que tinha pouco tempo. decidi que iria te atormentar ate o ultimo dia... mas ai, conversamos e algo me fez perceber que nessa historia, você sempre foi tao vitima quanto eu. nunca se quer pensei que você teria que conviver com o peso de ser fruto de um mal terrível.

- Não tem que me pedir perdão, confesso que não entendia o porque antes, mas hoje entendo sua revolta, entendo totalmente.

Helena olhava para cima e com os olhos inchados de tanto chorar, suplicava por perdão a Deus por tudo de ruim que já havia me feito. era algo surreal e surpreendente, algo que jamais passou pela minha cabeça que poderia um dia acontecer. Fiquei ao lado dela ate que adormecesse, ficava checando a respiração todo o tempo, com medo que ela se fosse.

- Tá Me incomodando!.

- Perdão, só conferindo se estava respirando. 

- Fernanda por que não me contou antes?

- Do que esta falando? contar o que? 

- Sobre o Jorge.....

- Como soube disso? 

- Digamos que o João teve uma grande influencia em ter me feito acordar. ele se importa com você, nunca se agradou da maneira que  era tratada... ele é uma boa pessoa.

- Sei que ele é, mas ainda assim não tinha o direito de contar a ninguém. contei pra ele a muito tempo, mas não pensei que tivesse prestado atenção.

- Porque não me contou?eu tinha o direito de saber.

- Você nunca me escutava, nem se quer me deixava falar. 

- Deveria ter tentado me dizer.

- Você não acreditaria.

- Esquece que já passei por isso? jamais permitiria mesmo não gostando de você. homem nenhum tem o direito de tocar em uma mulher sem sua permissão, principalmente em uma criança. 

- Desculpe, queria contar, principalmente depois de tudo que soube, mas já não fazia mais diferença, ele já esta morto mãe.... e gostando ou não, isso é algo que terei que levar pra toda vida.

A Garota Solitaria  ( EM REFORMA)Onde histórias criam vida. Descubra agora