A fuga

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Com o som estridente do alarme rompendo a tranquilidade da manhã, Katy lutava contra a tentação de permanecer sob as cobertas. Cada segundo ali parecia um abraço confortante que relutava em deixar, até que sua filha, Elly, pulou animadamente sobre a cama, cobrindo-a de cócegas. "Mamãe, estou com fome! Pode fazer chocolate quente e pão quentinho para mim?"

Edward, era o nome do irmão de Katy, policial de férias, e nas suas férias decidiu que com o não poderia ir para o sitio de seu primo iria começar as manhãs assistindo um programa de agricultura na televisão, e lá estava ele. No entanto, um noticiário interrompeu a transmissão com urgência, exibindo imagens assustadoras de hospitais lotados e pessoas doentes atacando brutalmente umas às outras. O pedido incessante para que as pessoas permanecessem em casa e fechassem portas e janelas ecoava através da tela.

Edward, com os olhos vidrados na tela mau conseguia ouvir seu celular tocando.

_"Edward! Edward o telefone!" Exclamou Katy.

Como se voltasse de um tipo de paralisia Edward atendeu rapidamente, Rodrigues seu parceiro de trabalho, Rodrigues havia falado poucas palavras antes da ligação cair mas o suficiente para Edward entender e agir rapidamente, sem compartilhar informações com os demais, rapidamente chamou seu fiel amigo para dentro da casa, max um pastor alemão de 5 anos, reforçou a segurança da casa com madeira e pregos, sendo irritantemente questionado pela Katy, se aquilo era mesmo necessário. O clima de tensão só aumentava, e logo as sirenes das viaturas policiais e os tiros ao longe romperam o silêncio da manhã.

Enquanto Edward ainda fortalecia as defesas da casa, Katy tentava tranquilizar Elly, minimizando os eventos alarmantes. Contudo, o caos parecia invadir os alicerces da vila, de repente Marta, a vizinha, começou a gritar desesperadamente. Pela janela, a família testemunhou o filho de marta , Henry, em um estado selvagem, a atacando e gritando como um louco raivoso.

A comunidade outrora pacífica agora era um campo de batalha, e se ainda havia alguma esperança de calmaria foi destruída quando os Dohson, moradores da rua, provocaram um caos ainda maior, confrontando brutalmente os policiais. O clima tranquilo do bairro se desfez em questão de minutos.

Enquanto isso, o celular de Katy tocou. Era Edilson, namorado de Katy preso na cidade de São Paulo, enfrentando uma situação similarmente apocalíptica. Num silêncio repentino, passos cautelosos circularam ao redor da casa, e Elly identificou a figura de sua Tia Laura do lado de fora, mas algo estava terrivelmente errado. Olhos vermelhos fitavam a pequena Elly através da janela, desencadeando um ataque desesperado e brutal contra a casa.

Com Max, o cão de Edward, protegendo-os ao máximo, a família notando que as portas não aguentariam, pois ao ouvir os gritos os outros moradores enlouquecidos vieram em direção a casa, Katy e Ivy procuraram incansavelmente facas, madeiras ou outros objetos que pudessem usar para se defender, ao colocar Elly em cima de um armário, lugar supostamente mais seguro no momento Katy avistou uma passagem de ar pelo telhado e logo chamou Edward para abrir a passagem enquanto Edward abria a passagem Max olhava as barreiras das portas caindo com apreensão como se ele soubesse que precisaria agir logo, ao abrir a passagem Edward ajudou Ivy passar primeiro para segurar a Elly, em seguida Katy passou e Edward chamou o Max para ir também. No entanto ao chamar o Max a última barreira caiu e os moradores enlouquecidos começaram a entrar, Edward fugiu enquanto Max os afastava bravamente, Edward, Katy, Elly e Ivy, sua mãe, atravessaram o telhado e ouviam os latidos de Max os dando uma chance para fugir, quando conseguiram descer do telhado havia um muro nos fundos o qual eles pularam e conseguiram sair da casa, apreensivo Edward olhava o muro com alguma esperança mas não se ouvia nem os latidos de seu fiel amigo, quando Edward abaixou a cabeça e disse para sua família que seguiriam sem o max, Elly deu um grito apontando o muro, era max, pulando destemidamente em direção ao terreno baldio todo animado por conseguir ver sua familia bem, deu para se notar uma leve lagrima nos olhos de Edward que o abraçou e sussurrou " Bom garoto".

Katy mantinha-se tensa, preocupada com a situação de Edilson, mas tentava manter o foco, sabendo que todos ali compartilhavam a mesma apreensão. Enquanto isso, o telefone de Edward tocou novamente, era Rodrigues, informando que havia escapado e seguia com dois carros em direção ao bosque. Ele sugeriu que esse local isolado estaria livre de pessoas e carros, oferecendo um refúgio temporário.

A família caminhou por um terreno desolado e logo encontraram uma fábrica aparentemente abandonada pelos funcionários, uma fábrica de papel responsável pela área do bosque. Receosos, adentraram o local, estranhando as luzes acesas e o silêncio que permeava o ambiente. Não avistaram ninguém. Katy propôs uma visita ao refeitório em busca de comida. Com essa ideia, Edward e Katy entraram, enquanto Ivy permanecia próxima ao rio com Elly.

Enquanto Ivy observava o rio, avistou um senhor solitário sentado às margens. Ela se aproximou dele, preocupada, e perguntou se estava tudo bem. O senhor respondeu com um misto de resignação e tristeza:

"Quando o noticiário começou na TV, todos correram de volta para suas casas, todos tinham alguém esperando. Ana faleceu mês passado, não tenho mais ninguém. Pensei que, se fosse tão ruim, talvez o motivo pelo qual todos fugiam poderia me levar a Ana. Decidi sentar e esperar que a morte, da qual todos fugiam, viesse me buscar. Mas parece que ela está bem longe de mim, não é mesmo? Nem um velho como eu tem sorte."

Comovida com a história do senhor, Ivy relatou ao restante da família sobre o homem à margem do rio. Edward decidiu abordá-lo:

"Se desejar nos acompanhar, pode vir conosco."

O senhor agradeceu, mas optou por ficar: "Ficarei mais um pouco. Quem sabe ainda hoje consigo ver Ana."

Juntos, a família atravessou o rio e adentrou o bosque. Ao alcançar a estrada, encontraram Rodrigues, já aguardando com seus pais e duas crianças que havia conseguido salvar durante a fuga.

Finalmente, todos se acomodaram nos carros e seguiram adiante, embarcando em uma jornada incerta, sem um destino definido, apenas com o desejo de sobreviver ao caos que se espalhava pelo mundo.

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