A verdade

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A mãe e a avó saíram e Lola abraçou as pernas, continuava chorando, com a cabeça entre os joelhos.
Sua avó voltou mais tarde, com a água, mas ela não queria companhia e pediu a Lúcia que saísse. Não tocou o copo, ainda não entendia direito o que ocorrerá, havia pegado no sono, e então tudo em sua mente ficou nebuloso, o lugar era sombrio, estava em uma floresta à lua brilhava no topo das árvores mais altas, a frente estava uma cabana. E Lola pode enxergar de longe sua mãe em um caixão de vidro e do outro lado Peter todo ensanguentado e ferido com um punhal cravado em seu peito. Depois disso acordou aos prantos chamando pelo parceiro.
Peter chegou e abriu à porta do quarto às pressas, ela levantou a cabeça em um sobressalto e olho para Peter na porta, ao fazer isso, a lâmpada do abajur localizado sobre um criado mudo junto à porta, se quebrou. Peter achou esquisito e quis saber por que aquilo aconteceu, mas sua amiga precisava dele e nada , além disso, importava.
- Lola! O que aconteceu? - Ele estava preocupado e sua voz soava tensa. Peter se dirigiu até a cama de Lola. Ela se ajoelhou sobre o colchão e o abraçou forte ainda chorando, ele lhe acariciou os cabelos tentando acalma-la. - Shh! Calma, vai ficar tudo bem. Eu estou aqui agora.
Lola tentou falar, mas só conseguia soluçar, apertou mais o rosto contra o ombro de Peter, ele era quente e fazia bem a ela estar assim com Peter não importasse o momento. Ela se afastou um pouco do abraço para olhar pra ele. Não sabia como explicar o que tinha acontecido, ela o fizera ir até ali por um sonho, quando ele possivelmente deveria estar fazendo algo importante. Lola nao pode deixar de pensar em como sempre acabava atrapalhando Peter e o envolvendo em problemas, mas precisava dele de um modo que seria insuportável viver sem sem a companhia, carinho e atenção que Peter lhe dava. Eram mais que uma amizade.
- Ah! Peter foi horrível! Tinha... - Ela soluços - estava escuro e você, estava lá. Todo machucado, você tinha morrido. Naobpude fazer nada. É ai...
- Shh! Soh! Calma! Nao pensa nisso agora.
Ainda estavam abraçados é Peter a havia puxado para perto novamente, não queria se separar de Lola nem por um centímetro, não com ela nesse estado. Já estava acostumado com as visões de Lola era constantes e recorrentes mesmo antes de começarem eles sabiam que aconteceria, estavam escritos nos diários e a cada visão era uma recaída; mas nunca havia ocorrido com a tia Lilian e a dona Lúcia em casa. Era sempre quando ela estava sozinha ou com Peter. Ao que parecia às visões estavam ficando mais constantes e Lola nao conseguiria evitá-las por muito mais tempo.
- Você não precisa me explicar nada, eu estou aqui com você, nada vai acontecer comigo.
Eles se soltaram e ela se deitou em seu colo, Peter a envolveu com seus braços, queria protegê-la de todo mal que a esperava. Ele mexia no cabelo dela sempre se demorando mais nas pontas onde eram tingidas de azul enquanto tentava mantê-la calma:
- Minha pequena, não chora, já passou, foi só um sonho ruim! É agora eu vou ficar aqui com você.
- Mas, Peter! Você nao entende, não foi um sonho! Foi muito real, e você estava lá.
- Só que agora eu estou aqui, do seu lado. Pra qualquer coisa, você sabe disso... - Ele suspirou - olha, não pensa nisso ok?
Peter estava cansado não conseguia dormi há dias por estar tão preocupado com quanto tempo tinham até a Lua de Sangue, e toda vez que fechava os olhos via Lola sendo morta, toda vez, cada morte de um jeito. Não poderia perdê-la depois de tanto tempo, ainda não estava pronto pra isso.
Lola foi se acalmando aos poucos é acabou adormendo, Peter colocou um travesseiro em baixo de sua cabeça, pegou a coberta à cobriu, sabia como ela odiava, mas era só preocupação.
Então meio que por impulso colocou a mão sobre a testa de Lola e fez um gesto que não conseguiu entender, era como um pentagrama invertido. Peter balançou a cabeça se livrando de um pensamento estúpido e seguiu em direção a porta do quarto, antes de abri-la se virou para a lâmpada quebrada sobre a escrivaninha. Ainda curioso sobre o que poderia ter acontecido, recolheu com cuidado os cacos e os jogou no lixo ao lado. Girou a maçaneta e saiu sem bater a porta para não acordar Lola.
Passou pelo corredor e foi em direção ao sótão da casa, puxou a corda que servia para descer as escadas e subiu. Dirigir-se até o canto onde Lola escondia os baús com os diários de suas ancestrais e o seu próprio, o qual ainda estava escrevendo. Peter ignorou a parede de armas, havia todo tipo de armas, desde armas de fogo a espadas que poderia servir para cortar um braço, ou qualquer outra coisa. Já tinha vindo tantas vezes ao sótão para treinar com Lola que já se acustumara com a escuridão iluminada apenas por uma pequena janela ao fundo. Encontrou o baú coberto por um longo lençol velho e encardido, descrancou e o abriu. Peter achava fascinante como todas essas garotas gostavam de escrever, foi mais fundo retirando diário por diário até encontrar um pequeno bloco de pergaminhos ásperos de tão antigos, era amarelado em um tom pastel. Fechou o baú e se sentou em cima dele.
O diário de Sarah Belcurt
6 de Janeiro de 1889
Não sei o que possa a estar acontecendo em minha família, todos estão em pânico com o surto da febre espanhola.
Mas sei que a algo mais, algo que minha mãe esconde não poderia perguntar, ela se zangaria, e temo que este não seja o melhor momento. Meu amigo Joseph vem agindo estranho. Sempre com a proteção contra demônios ao seu lado, como se algo pudesse nos atacar, está sempre comigo não importa o que aconteça ele diz que seu dever e me proteger e que morreria fazendo isto...
Definitivamente essas garotas eram malucas, pensou Peter, o garoto guardou o diário em sua mochila, precisava descobrir o que significa o símbolo que fizera em Lola. Desceu as escadas do sótão fechando a porta e fazendo com que a escada subisse.
Seguiu em direção à cozinha no andar de baixo, onde encontrou Lilian parecendo aflita, e dona Lúcia em frente ao fogão cozinhando algo que cheirava aoncozido de carne da vovó.
- Tia? - Peter parou em frente à Lilian - a Lola acabou dormindo, eu preciso realmente ir para casa, se não a senhora sabe que eu ficaria.
- Ela te contou o que aconteceu - Lilian parecia ter milhões de perguntas, mas foi breve.
Peter achou melhor não contar o que havia acontecido a Lilian ou a Lúcia sobre o que Lola falará, elas não sabiam das visões e queriam proteger Lola, Peter aproveitaria para continuar com ambas querendo Lola em casa.
- Não senhora.
- Você quer um carona até em casa? Você faz tanto por minha filha. - Lilian ofereceu gentilmente, mas tudo que Peter gostaria de evitar no momento eram perguntas.
- Não obrigado, vou ter que passar na casa do Spencer antes. Ele precisa de ajuda com a Sarah... De novo. - Peter não mentiu, era uma meia verdade, Spencer realmente precisava de ajuda com a Sarah, mas não agora.
Lilian afirmou com a cabeça e Peter se dirigiu à saída, mas deu meia volta:
- Ah! É tia, qualquer coisa pode me chamar que eu venho correndo não importa a hora, se a Lola precisar, eu quero ser o primeiro a saber.
- Obrigado querido.
Peter foi embora, e Lilian e Lúcia prosseguiram com a conversa:
- Você acha que... Esse garoto, o Peter, você acha que ele pode...
- Não mãe - Lilian interrompeu - Ele não é!
Lilian nao poderia sequer pensar nisso, logo Peter que sempre fora tão bom para Lola, não poderia ter um final assim.
- Mas minha filha! Toda caçadora deve ter um protetor. É esse garoto se encaixa em todos os quesitos.
- Mãe! Preste atenção, pois eu nao irei repetir. Lola nao é uma caçadora.
- Lilian você não pode simplesmente trancafiar o passado. - Lúcia estava preocupada com o que a filha poderia fazer para impedir Lola.
- Muito pelo contrário, eu já até fiz isso! Todas as fotografias, desenhos e diários estão trancados á chave em um baú escondido onde Lola nao tem acesso, e o único diário do qual Lola possuí acesso não contém nenhuma informação importante.
Mal sabia ela, mas Lola nao somente, teve acesso, mas leu alguns dos diários, viu as fotografias e também os desenhos.
...
Quando Peter chegou a sua casa ainda pensava em Lola, e no gesto que fizera antes de sair de seu quarto. Ele foi direto para o computador, onde passou o resto da tarde, até que conseguiu encontrar algo que lhe interessou. Continha uma imagem com o mesmo gesto que fez na casa de Lola. O texto dizia que o símbolo de acordo com as lendas era comum entre as caçadoras e seus protetores, e de costume os protetores serem do sexo oposto, geralmente tinha um grande vínculo com as caçadoras. Mas no final sempre acabavam mortos, pois se sacrificavam para salvar a caçadora.
Peter passou a noite toda pensando no que lerá em seu computador, mas decidiu não contar nada disso a Lola pelo menos ano por agora. Lola já tinha muito com o que se preocupar no momento e não queria alarma-la quanto à possibilidade de ser seu protetor e que no final da Lua de Sangue ele estaria morto. Mas não se importava em morrer por ela, afinal se fosse morrer pelo menos seria para salvar alguém que amasse.
Lola ainda tentava se recuperar, mas quando ouviu sua mãe e a avó saindo logo ao amanhecer, não perdeu tempo e correu para o sótão. Para ver se encontrava algo que explicasse seus sonhos. Ela continuou procurando até trombar com o baú, tirou o antigo lençol de cima dele e o abriu, percebeu que o baú estava desorganizado, alguém havia mexido nele e não havia sido ela, seu primeiro pensamento foi em sua mãe. Mas logo o descartou, não era possível, ela raramente subia até o sótão e se houvesse descoberto que Lola encontrará o baú ela já o teria escondido. Lola nao percebeu o tempo passar, quando olhou no relógio na parede já marcava 03h15min e até agora nada da sua mãe voltar.
Lola parou pensando ter ouvido algo e logo depois percebeu que havia alguem batendo insistentemente na porta, então saiu do sótão apressadamente, seguindo em direção às escadas, enquanto as batidas frequentes continuavam.
- Já vai! - Gritou com raiva de que quer que fosse.
Destrancou a porta e girou a maçaneta dando de cara com sua melhor amiga Sarah,com com seu amigo idiota Spencer e claro o sempre companheiro Peter.
- O que vocês estão fazendo aqui? - Perguntou Lola de modo grosso - Não que eu não goste, mas é incomum estarem todos aqui juntos.
Lola reparou que seus amigos não estavam com caras muitos animadas, pareceriam preocupados e tristes como se houvesse acontecido algo muito ruim.
- Nós não temos boas notícias - Sarah murmurou tentando não soar nervosa.
- Espera o que?
Lola começava a achar estranho o que acontecia.
- Ela disse que não temos boas notícias! Fico surda? - Gritou Spencer sem se importar com as pessoas que passavam na rua.
- Spencer seu imbecil você não entendeu o que os policiais falaram - Peter resmungou irritado.
Ao ouvir policiais Lola se desesperou, será que poderia ter acontecido algo com sua mãe ou sua avó? Não podia ser.
- O que a Polícia tem haver com isso? Peter? - A garota começou a se assustar.
- Amiga e melhor entrarmos.
Lola deu espaço para os amigos passarem, todos foram para sala enquanto Sarah e Peter contavam para Lola que sua mãe havia sido sesquetrada em plena luz dia, sem ninguém ver nada, como se ela tivesse desaparecido no ar, Spencer havia ido a cozinha procurar por comida.
- Espera ai, como minha mãe foi sequestrada, quem faria isso com ela? - Perguntou Lola se levantando do sofá.
- Acho que tem algo haver sobre sua família e aquilo que você me contou Lola - Disse Peter sem tentar ser discreto.
- Calma, do que ele está falando?- Sarah se levantou também.
- É agora eu também quero saber, do que mesmo estamos falando? - Spencer se encostou no batente da porta da cozinha comendo uma asinha de frango congelado.
- Não é da cojta de vocês, isso é coisa minha e do Peter. - Lola corou ao perceber o que tinha falado.
Peter e Lola trocaram olhares tentando decidirem se contrariam tudo aquilo para Sarah e Spencer.
Aquilo sempre irritava Sarah, os dois pontinhos sempre com a troca de olhares, era como se não precisassem de palavras para conversar.
- Bom, eu acho que deveríamos contar a eles Lola. - Peter olhou cautelosamente para lola que se mantinha inexpressiva.
- Você prometeu que seria o nosso segredo.
- Mas Lola, e errado escondermos isso deles, talvez possam nos ajudar.
Lola franziu a testa e se sentou novamente no sofá, encarou Peter como se dissesse mais tarde a gente conversa. Então Lola se levantou indo em direção às escadas, Peter fez menção de segui-lá, mas ela se virou para ele com raiva.
- Se você me seguir, eu juro que te Mato.
Ela se virou para as escadas novamente e as subiu correndo. Peter pode ouvir a porta do quarto de Lola batendo.
- Então quando você vai começar a nos contar o que esta acontecendo com ela?
Peter não respondeu, estava pensando se nao deveria ir atrás de Lola e se desculpar. Ou se deveria contar para os amigos, mas afinal ele havia prometido não comentar com ninguém.
Peter se sentou novamente sustentando os olhares Chris os de Spencer e Sarah. Então começou a narrar sobre a lenda da Lua de Sangue e de como a família de Lola era descendente de Muriel, a bruxa que havia se rebelado contra os seus. Sarah e Spencer estavam descrentes até Peter mostrar aos amigos o diário de Sophie Rodriguez que estava em sua mochila, muitas perguntas surgiam, mas Peter não respondeu nenhuma delas, se levantou e subiu para o quarto de Lola sem dizer nada. Parou em frente à porta do quarto, era preta com as inicias do nome dela. L.R. Peter não sabia o que fazer ou dizer neste momento, Lola deveria estar querendo mata-lo, com razão, esperou mais alguns segundos e bateu na porta.
- Posso entrar?
- Não. Sai daqui, e com daqui quero dizer do planeta.
Peter entrou mesmo assim:
- O que está fazendo? - Perguntou Peter.
- Vou atrás da minha mãe - Respondeu Lola enquanto continuava colocando diários e suprimentos em uma mochila de acampamento.
- Lola, - Ele respirou fundo - eu... Acho que você deveria deixar isso para a Polícia.
- O que? - Disse Lola com a voz perplexa e aguda.
- Lola escuta... - Peter tentou se explicar.
- Peter o que aconteceu não é assunto da Polícia é você sabe disso! - Ela o interrompeu.
Peter percebeu pelo rumo que a conversa estava tomando que ele não poderia impedi-la de ir atrás da mãe, mas precisava pensar no que fazer para protegê-la. Não poderia deixar sua melhor amiga entrar em uma floresta sozinha.
- Mas você nem sabe o que aconteceu e mesmo que soubesse. Como uma garota de 15 anos daí sozinha pela Mata procurando algo que nem sabe se existe de verdade?
Peter sabia que se arrependeria mais tarde por dizer, dissera a Lola que acreditava nela e agora não deveria simplesmente dizer ao contrário.
- Eu sei o que estou fazendo. - Ele estava certo, e Lola sabia disso. Mesmo com os diários, ela não tinha como se aventurar assim pela mata. - é eu tenho 16.
- Tudo bem! - Disse Peter com um suspiro. - ok, você venceu, e... Eu não vou tentar te impedir, tanto por que se a situação fosse comigo eu faria o mesmo. - Sentado na cama de Lola Peter tinha um ar sério e preocupado.
- Ótimo! - Lola estava quase satisfeita.
- Mas, eu vou com você.
- Você o que? - Gritou Lola nervosa.
Peter que continuava sentado na cama de Lola a olhou como se perguntasse, você está surda?
- Vou com você. - Ele sorriu.
- Peter! - Ela o fuzilou com o olhar.
- Lola...
Percebendo que Lola começaria uma discussao, enquanto ela começava a perder a paciência e a calma, ele apenas se levantou e andou ate ela que estava parada ao lado do closet. Lola tinha um tom de viz alterado e brigava com Peter gesticulando.
- Lola! - Ele gritou e agarrou suas mãos. Eles estavam muito próximos e Peter a olhova nos olhos - escuta aqui garota - Sua voz agora saía apenas aos sussurros. - eu vou com você é vou te proteger, não importa o que você diga ou pense. Nao vou deixar você entrar naquela maldita floresta sozinha.
Eles estavam mais próximos ainda, próximos o suficiente para um beijo, mas...

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⏰ Última atualização: Nov 09, 2015 ⏰

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