The redhead girl

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New York, 22/02

Querido Azuladinho,

Quando acordei, estava sendo carregada por Mika. Aí você me pergunta para onde? Eu não fazia a menor ideia. Escutei a voz de meu primo atrás de mim, e decidi fingir que estava dormindo porque bem não era uma má ideia, afinal tinha passado muito mal a noite e também porque desse jeito ouviria o que eles estavam falando.

Sabe quando você é pequeno e vai para o médico e ele lhe receita um remédio que você detesta e sua mãe faz de tudo para que você consiga tomar, chegando até a pôr uma colher de açúcar para ver se lhe adoça a boca o suficiente é o modo de sua mãe dizer que algo que é para fazer ser feito pode chegar a ser prazeroso.

Eu acho que era o que Mika e meu primo queriam que eu percebesse, que apesar de não suportar o jeito que minha tia me trata devo aguentar por ela, quando abri os olhos estava numa estrada diferente. Mika estava na frente ao lado de Marcos, que me viu e foi logo dizendo:

- A Bela adormecida acordou... - disse fazendo Mika sussurrar algo - Estamos indo para um lugar legal...

- Shiu, não conte a ela - Mika interrompeu.

- Me contar o que? - Eu perguntei.

- Nada não -Os dois disseram ao mesmo tempo.

- Só o que precisa saber é que não estamos te sequestrando. - Mika respondeu.

- Lógico que sei que vocês não estamos me sequestrando né palhaços...- respondi causando risos em ambos.

- E que lhe trouxemos café e roupas para se trocar. - Marcos acrescentou me entregando minha antiga lancheira da escola.

- Isso ainda existe? Ai meu deus - eu respondi segurando a lancheira, se tia ainda guardava aquilo eu acho que ainda tinha uma parte dela que gostava de mim.

- Depois que você saiu, mamãe disse que era importante que eu tivesse uma coisa sua, porque mesmo você saindo de casa eu teria uma parte de você comigo. - Marcos sorriu.

- Awwn Dimo também nunca esqueci de tu. - Eu respondi, apertando a mão dele mais próxima.

- Ei e eu aqui como fico? - Mika perguntou com ciúmes.

- Você é o melhor motorista, amigo, parceiro, colega de classe, namorado do mundo, e sabe que eu te amo!

- Você só fala isso para que eu ponha a música que tu queres ou que eu diga o local que eu sei. - Os três rimos. Toda a viagem foi bastante tranquila, após uma pequena confusão paramos em um local para que eu trocasse a roupa e não ficasse de pijama, mas ao continuar o trajeto Marcos botou o CD do Teatro Mágico que vivíamos ouvindo quando criança.

Acordei ouvindo meu primo e Mika conversando, me peguei pensando a quem estava tentando enganar? Devia agradecer a estar nessa viagem "super- hiper - inacreditável" (palavras de Mika). Pior que acho que ele tem razão, passei tanto tempo me menosprezando que resolvi nunca mais fazer isso, incluindo resolvi que iria me divertir com a viagem o máximo que eu podia.

- Eu me prometi que a faria se divertir, eu disse que era para ela vir para visitar a tia, mas estou vendo que ela não está muito feliz porque a sobrinha veio- Mika fez uma pausa, para ver a reação de meu primo.

- Devemos só ter pena de minha pobre mãe, ao longo do tempo ela se tornou uma mulher amarga, sem nenhum sentimento em seu coração.- vi meu primo olhar para a janela e bater três vezes na perna, um dos movimentos que ele faz quando está prestes a desmoronar, foi quando não me segurei e toquei seu ombro.

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